Patrimônio Cultural e Museu na Comunidade Indígena Nazaré de Lagoa de São Francisco - PI
Por: Pedro Queiroz • 24/4/2019 • Monografia • 1.836 Palavras (8 Páginas) • 325 Visualizações
4 MUSEU INDÍGENA ANÍZIA MARIA, DOS POVOS TABAJARA E TAPUIOITAMARATY DA COMUNIDADE NAZARÉ
Fotografia 14- frente do museu Indígena Anízia Maria.
Fonte: Queiroz, 2018.
O Museu Indígena criado dentro da comunidade pelos indígenas trouxe
as demandas da comunidade pela sua cultura, através das histórias contadas
através dos artefatos, que vem a ser símbolos da comunidade, trazendo as
narrativas de um povo junto de um determinando objeto, que vem contar a
trajetória do povo que viveu na região.
O surgimento de museus indígenas, bem como dos museus
comunitários, ecomuseus, museus de território, dentre outros, é
apontado como aspecto das renovações das instituições
museológicas contemporâneas(...) na contramão de uma concepção
tradicional de museu, movimentos sociais organizados já
despertaram para a potencialidade que os espaços de memória têm
na construção de uma escrita da história que evidencie sua ação
enquanto sujeitos sociais (...).(Gomes, 2009b, p.402,apud
Gomes,2012, p.77).
O quadro 2 ele traz alguns exemplos de museus Indígenas pesquisados
sua localização e o ano de fundação.
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Quadro 2 – Alguns exemplos de Museus Indígenas
Nome do museu | Ano de | Município/Estado |
Museu Magüta | 1980 | Benjamim |
Museu Indígena Kanindé | 1995 | Aratuba/Ceará |
Museu Indígena Aldeia Pataxó | 2000 | Santa Cruz Cabrália/Bahia |
Memorial Cacique Perna-de-Pau | 2005 | Caucaia, Ceará |
Kuahí – Museu dos Povos Indígenas do | 2007 | Amapá |
Museu dos Povos Indígenas da Ilha do | 2010 | Formoso do |
Oca da Memória | Ceará | |
Museu Indígena Jenipapo-Kanindé | Aquiraz/Ceará | |
Museu Comunitário | Matogrosso | |
Centro de Cultura Bororo do Meruri | 2001 | General Carneiro |
Museu Rosa Bororo | 1988 | Rondonópolis |
Casa da memória do Tronco Velho | 23 de julho de | Tacaratu/Pernambuco |
Museu Indígena Kapinawá | Buíque/Pernambuco | |
Museu Indígena Pitaguary | Pacatuba (CE) | |
Museu indígena kaingang Wowkriwig | São paulo | |
Museu Histórico e Pedagógico Índia | 1966 | Tupa/são paulo |
Fonte: QUEIROZ, 2018
OBS COLOCAR O MUSEU DO INDIO
O primeiro Museu indígena do Brasil, fica localizado em Benjamim
Constant, Amazonas, ele tem uma afirmação indenitária dos Ticunas.
O Museu Magüta, que promove e preserva a cultura dos povos
Ticuna, foi pioneiro neste processo. Desde então, um número
considerável de museus e de pontos de cultura indígenas vem sendo
criado por todo o país. Ao mesmo tempo, diversos museus
etnográficos do Brasil – o Museu Paraense Emílio Goeldi, o Museu do
Estado de Pernambuco, o Museu Antropológico da Universidade
Federal de Goiás, o Museu Nacional do Rio de Janeiro, o Museu do
Índio da Fundação Nacional do Índio, o Museu de Arqueologia e
Etnologia da Universidade de São Paulo, o Museu de Etnologia e
Arqueologia da Universidade Federal do Paraná, o Museu de
Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal de Santa Catarina,
entre outros têm se envolvido de forma cada vez mais frequente em
trabalhos de museologia colaborativa com povos indígenas. (
FRANÇOZO; VAN, ,2017, p.709)
Segundo Gomes (2012), os museus indígenas são museus comunitários
nos quais e os próprios indígenas gerem o museu, trazendo a história de seu
povo. A descoberta dos museus pelos indígenas veio a partir de quando as
comunidades Indígenas começaram a ser organizar e lutar pelos seus direitos,
os museus indígenas passaram a ser formas de demarcação de território,
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simbolizado a cultura e fortalecendo a memória da
comuniDADEDADEDADEDADEDADEDADE
As disputas entre versões distintas para a organização social da
memória e dos objetos se materializam nos museus indígenas,
espaços de tradução que constroem representações sobre si em
momentos de intenso embate e mobilização política, exibindo e
significando conteúdos materiais e simbólicos a partir de novas
ordens discursivas, contando em primeira pessoa uma outra versão
para o que já aconteceu. As representações sobre si construídas
pelos museus indígenas são parte de processos étnicos e se
relacionam com as dinâmicas das identificações e as lutas de
classificação social.(Gomes, 2012, p.97,)
Em 2004, surgiu a rede indígena de memória, tendo como objetivo
reunir as comunidades Indígenas para se fazer uma discussão sobre a
museologia dentro das comunidades, a importância dos museus Indígenas em
cada povo e em cada Região. Desde então, vem trabalhando através de fóruns
nacionais e regionais em cada comunidade com o intuito de despertar a
preservação da sua cultura e a continuidade de seus costumes.
A rede já realizou 3 fóruns de museus Indígenas, o primeiro foi no
museu dos kanidé, aldeia Sitio Fernandes, Aratuba-CE, em Maio de 2015;
segundo encontro foi em Museu Kapinawá, Aldeia mina Grande, Buique-PE,
em agosto de 2016; o terceiro foi em Lagoa de São Francisco-PI na
comunidade Nazaré na região Norte do Piaui realizado em Outubro de 2017.
4.1 Organização do Museu Anísia Maria
A organização das salas do Museu foi decidida pelos estudantes Pedro
e Charles em conjunto com a comunidade em Julho de 2017, foi realizada
quatro áreas: a primeira é a sala indígena onde se encontram os objetos
relacionados à cultura indígena; na segunda e na terceira sala os objetos que
fazem parte do patrimônio cultural e histórico da comunidade. A quarta é a sala
de arqueologia e nela foram expostos os materiais arqueológicos encontrados
na comunidade como: panelas e potes de barro (vasilhames cerâmicos), o
molusco gastrópode Cassis tuberosa utilizada como buzina num açougue da
região, uma machadinha de pedra e outros objetos que estão relacionados a
história da comunidade.
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A comunidade abre o Museu ao público geral para fazer uma pequena
conversa com os visitantes sobre cada objeto e as visitas são registradas no
livro de frequência para controlar o número de pessoas que vem ao museu
mensalmente.
Como o Museu Indígena Anízia Maria criado pelos indígenas, não está
totalmente enquadrado as normas técnicas da museologia de preservação,
armazenamento, etc. Ele não possui ainda uma reserva técnica, pois não tem
um local adequado. A salvaguarda dos materiais é feita através do cuidado que
a própria comunidade tem com as visitas, as quais às vezes são realizadas
como forma de divulgar o patrimônio da comunidade, além da sua cultura.
O acevo do museu esta dividido hoje em 2 salas como poderemos ver
nas (fotografias 15 e 16)
Fotografia 15- pote de Barro.
Fonte: QUEIROZ, 2018
Fotografia 16- Uma das primeiras maquinas de escrever.
Fonte: QUEIROZ, 2018
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A coordenação do Museu Indígena e gerida pelos membros da
comunidade produziu e colocou as etiquetas com observações de cada uma
das peças que tem dentro do museu sendo que esta descrição está no livro de
tombo.
4.2 A reforma dos suportes da exposição
Em junho de 2017 o estudante de Arqueologia Charles trouxe do Museu
do Piauí 17 móveis prateleiras de vidro que foram doados para o museu
Indígena.
Nos dias 17 a 21 de julho de 2017 os alunos do curso de Arqueologia
Charles e Pedro junto com a comunidade Nazaré deram início a reforma dos
móveis que foram doados pelo Museu do Piaui. Entre elas cristaleiras e mesas
de vidro.
Para a organização do acervo do museu, primeiramente foi feita a
reforma de móveis doados pelo Museu do Piauí, incluindo o lixamento dos
expositores, conserto e pintura de alguns dos móveis com verniz .Foram
reformados, lixados e pintados, dezessete móveis que foram doados pelo
Museu do Piauí .
4.3 O Tombamento das Peças do Museu Indígena Anízia Maria
Nos dia 7 a 9 de Dezembro de 2017 foi feita a catalogação das peças e
inventário das peças que se encontram dentro do museu através de uma
oficina ministrada por dois alunos do curso de Arqueologia da UFPI (fotografia
17).
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Fotografia 17 – oficina de tombamento
Fonte: Queiroz 2018
O objetivo da oficina foi abordar para comunidade a importância das
peças dos museus a serem inventariadas e como isso poderia servir como
reconhecimento do objeto dentro do museu, além dos materiais utilizados para
se fazer o tombamento. Foi realizada uma atividade com cacos de telha e tinta
nanquim preta e bico de perna e esmalte base branca para treinar os
voluntários antes de fazer a catalogação definitiva nas peças do museu.
O inventário das peças foi realizado com a ajuda dos indígenas
(Fotografia 18) e seguiu uma ordem para que não se repetissem os números,
sendo tudo registrado e armazenado em tabelas no Excel em um notebook. O
inventário consiste em uma breve descrição de cada um dos objetos no registro
que foi criado para se ter o controle dos objetos do tombamento das peças
colocando números e letras para não se repetirem e colocado em cada objeto
(Fotografia 19) feito de tinta nanquim e bico de pena que foram utilizados (tem
que ser bem discreto, mas de fácil leitura).
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Fotografia 18 - treinamento para colocar nas peças.
Fonte: Queiroz, 2017.
Fotografia 19- Número do inventario na cerâmica.
Fonte: Queiroz, 2017.
O inventário das peças foi inserido no registro geral do museu com a
descrição que foi colocada em cada objeto. Foram inventariadas, no total, 54
utensílios, os instrumentos que não foram tombados são moedas, dinheiro de
papel, espanadores para não penderem suas identificações. Nem todos os
objetos vieram a ser inventariados, pois alguns ficaram para comunidade
depois se reunir e fazer o inventário das peças.
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4.4 As Visitas Guiadas
A comunidade abre o Museu ao público em geral, realiza a visitação com
uma pequena conversa com os visitantes sobre cada objeto e as visitas são
registradas no livro de frequência para controlar o número de pessoas que vem
ao museu mensalmente, somando a frequência de um ano de museu aberto ao
público o museu recebeu 302 visitas, o mês mais visitado foi no mês de Abril
de 2017 como mostra o Quadro 4 .
Quadro 03 – numero de visitantes por mês.
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