Portfólio de Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente
Por: rodochs • 26/4/2017 • Ensaio • 1.261 Palavras (6 Páginas) • 587 Visualizações
Conceitual
Educação nos moldes bancários: Educar para libertar o ser humano e não para repreendê-lo. Através desse pensamento de Paulo Freire que comecei minha jornada no curso de CTS&A. Segundo Freire, a educação tem o papel de desenvolver no ser humano o pensamento crítico, a fim de libertá-lo das amarras impostas pela sociedade. Isso é, Munir o aluno de conhecimento para que ele entenda sua situação social e possa desenvolver ferramentas para agir em prol de sua própria libertação.
Este pensamento de Freire coube bem no início do curso de CTS&A, pois desde o começo do semestre assim tem sido: a professora provocando nós alunos a irmos atrás do conhecimento e desenvolvermos nossas próprias ferramentas de aprendizagem e avaliação. Na situação de discente confesso que no começo me senti meio perdido (como a maior parte da turma), pois apesar de estar em um bacharelado interdisciplinar, o curso ainda é muito enrijecido nos moldes de engenharias e bacharelados na área de exatas. Porém, ao longo do semestre me vi aprendendo de uma forma diferente da usual, através de autocrítica, fóruns em sala de aula e bate papos com a professora, os colegas e alguns convidados.
Tirinha de autoria desconhecida.
Um autor estudado em aula que me marcou foi Pierre Bourdieu, que em seu artigo “O Campo Científico” revela uma série de críticas a respeito da comunidade científica, da ciência e sobre os próprios cientistas.
Bourdieu retrata a forte concorrência na comunidade influenciada pelo Capital Científico. Para ele, este capital pode ser percebido de duas formas. Por aqueles que detêm Poder, ou seja, estão em grandes cargos institucionais ou políticos. E os que têm Prestígio ("Autoridades Científicas"), que possuem títulos, nomes renomados, ou fizeram grandes descobertas. A busca por acúmulo de capital científico é ainda mais acirrada quando há interesse por investimentos, pois a maior autoridade na área, geralmente, é o que recebe mais recursos para continuar suas pesquisas. Essa dinâmica de disputas interfere diretamente no desenvolvimento científico e tecnológico, gerando desigualdade e sendo determinante no avanço da ciência e tecnologia. Tal desigualdade no campo científico também impactam nos moldes do ensino superior em sí, pois elegem algumas disciplinas como importantes (por exemplo cálculo) e outras são marginalizadas (CT&S, por exemplo).
Alfabetização científica no ensino básico público brasileiro (ou a falta dela): Aqui falarei da minha experiência em escolas públicas. Desde sempre a escola pública foi minha única opção de ensino, pois a condição financeira da minha família não tornou possível qualquer possibilidade de cursar uma particular, e sinceramente acho que foi melhor assim. Entre o primeiro e o oitavo ano estudei em 5 escolas diferentes. Duas municipais em São Sebastião - SP, uma municipal em em São José dos Campos - SP, uma Municipal em Barra do Corda - MA e uma escola de freiras também em Barra do Corda - MA.
Dentre todas essas escolas, apesar de diferentes em alguns aspectos, havia uma semelhança que sempre se repetia: a forma de ensino. Sempre um professor repetindo conceitos de algum livro que por muitas vezes era muito antigo ou desatualizado, nada de inovações ou feira de ciências como via nos filmes. No ensino médio a situação piorou. Cursei o segundo grau inteiramente em uma escola pública estadual em São Sebastião que por muitas vezes era conhecida como uma das piores da cidade. Não é por menos, era comum faltarem professores por meses e em uma certa ocasião (segundo ano do ensino médio) passei o ano todo sem aula de física, pois o professor que estava no cargo no ano anterior passou em um concurso municipal para agente de trânsito e optou por esse cargo à detrimento do de professor. Lembro de encontrá-lo na rua certa vez e ele estava visivelmente mais feliz do que quando me dava aulas.
Esse professor voltou à minha cabeça por várias vezes, pois era um professor formado em física na USP e preferia atuar como guarda de trânsito à continuar dando aulas. O mais triste é que eu o entendo e não julgo mal por essa escolha. Eu via o que os bons professores passavam quando tentavam dar uma aula “de verdade” para a minha turma. era um sofrimento só. E geralmente era assim: no começo tinham aqueles professores antigos, já conhecidos de todos e acostumados a dar aulas no ensino público e os novos professores que vinham para preencher as vagas abertas no final do ano anterior. Nos três anos que fiquei no ensino médio, não teve um ano que pelo menos um professor não tenha desistido no meio do ano letivo e quando não havia outro pra substituir, ficávamos sem aula.
Não creio que minha experiência em escolas públicas seja uma exceção. E o cenário futuro
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