Projeto Ambiental
Artigos Científicos: Projeto Ambiental. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: JORENTE • 27/4/2013 • 5.140 Palavras (21 Páginas) • 606 Visualizações
Rev. eletrônica Mestr. Educ. Ambient. ISSN 1517-1256, v.16, janeiro junho de 2006.
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Volume 16, janeiro a junho de 2006
BUSCA DA IDENTIDADE EPISTEMOLÓGICA DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL: A CONTRIBUIÇÃO DO PENSAMENTO COMPLEXO DE
EDGAR MORIN
André Vinicius Lima Augusto - avlaugusto1@uol.com.br
Heide Lambertucci - heide.lambertucci@itelefonica.com.br
Luiz Carlos Santana - luizcs@rc.unesp.br
Instituto de Biociências - UNESP – Rio Claro
Programa de Pós-Graduação em Educação – núcleo temático: Educação Ambiental
Resumo
Este trabalho é uma reflexão sobre a contribuição da epistemologia da
complexidade para a Educação Ambiental (EA). Edgar Morin assumindo a perspectiva
do pensamento complexo, coloca-se contra as idéias de redução e simplificação do
pensamento ao propor uma teoria que tenha como base a inter-relação entre diferentes
áreas do saber. É importante salientar a relevância desta abordagem na EA, na medida
em que ela não deve ser vista apenas em sua dimensão ecológica, biológica, econômica
ou política, mas sim na totalidade destas e nas múltiplas relações entre estas dimensões.
Morin propõe uma reforma do pensamento e do ensino, indicando que as
disciplinas escolares sejam relacionadas entre si e contextualizadas, preparando o aluno
para exercer a cidadania planetária. Este estado só será alcançado quando a questão
ambiental e a interdisciplinaridade deixarem de ser entendidas como recortes da
realidade trabalhadas por especialistas de áreas diferentes e passarem a ser vistas como
uma reconstrução social, global e complexa.
Palavras-chaves: educação ambiental, pensamento complexo, epistemologia.
Abstract
This research is a reflexion about the role of the complexity epistemology for
Environmental Education (EE). Edgar Morin assuming the perspective of the complex
thinking against the ideas of reduction and simplification of the thinking when he
proposes a theory whose base is the inter-relation among different knowledge areas. It is
important to point out the relevance of this approach in EE it must not be seen only in
its ecological, biological, economical and political dimension, but in these as a whole
and in its multiple relations among those dimensions.
Rev. eletrônica Mestr. Educ. Ambient. ISSN 1517-1256, v.16, janeiro junho de 2006.
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Morin proposes a reform of the thought and education indicating that the school
subjects must be linked among them e contextualized, preparing the student to exert the
planetary citizenship. This state will have been achieved only when environmental
questions and interdisciplinarity will not be understood as pictures from the reality
worked by different area specialists and start to be seen as a social, world wide and
complex reconstruction.
Keywords: environmental education, complex thinking, epistemology.
1. Introdução
Nos últimos anos cresceu bastante o número de obras de Edgar Morin,
publicadas no Brasil. Qual seria o motivo desse interesse? Nos anos 70, Morin, além de
ter sido renegado pelos sociólogos, também não era reconhecido por seus pares
acadêmicos de qualquer outra disciplina, apesar das inúmeras obras publicadas. A sua
primeira obra, O ano zero da Alemanha, provocou sua saída do Partido Comunista
Francês, nos anos 60. Aos poucos foi sendo transformado em um autor maldito,
inclassificável, pois sua obra questionava, fortemente, o império do conhecimento
disciplinar e o reducionismo epistemológico que então dominavam. Suas obras
alertavam para o fato de que esse conhecimento parcelado certamente conduziria a
nossa sociedade a realizar ações dispersas e contraditórias, o que acarretaria
conseqüências imprevisíveis e mortais para a espécie humana (Nascimento, 2003, p.9
apud Pena Vega, 2003).
Em seu trabalho “Introdução ao pensamento complexo”, opõe-se à lógica
disjuntiva para propor uma abordagem de conjunção que reúne observador e observado,
em uma nova forma de conhecimento que seria multidisciplinar e mesmo, no limite,
transdisciplinar. Edgar Morin denominou Complexidade essa nova maneira de conceber
os fenômenos, negando assim que “pensar é simplificar o real”. Essa forma de pensar
levou o autor a viver em um ostracismo intelectual durante algum tempo.
Nem mesmo Morin imaginava para onde caminharia seu trabalho quando iniciou
o Método, na década de 70, partindo da constatação de que “nossos princípios de
conhecimento ocultam o que é mais vital conhecer” (Morin, 1977 apud Pena Vega,
2003). Sua proposta era introduzir o cultural
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