Questão social

Questão

Carmelita Yazbek afirma:

‘’Sabemos que as sequelas da questão social permeiam a vida das classes subalternas destituída de poder, trabalho e informação. Sabemos também que em nossa prática cotidiana a relação com o real é uma relação com a singularidade expressa nas diferentes situações com que trabalhamos. E, aí se colocam nossos limites e nossas possibilidades. Limites de várias ordens, mas, sobretudo limites de ordem estrutural (2001, p. 391)’’. Após a leitura dessa afirmativa dessa grande e reconhecida pesquisadora do serviço social, faça sua análise referente à questão social e suas expressões.

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1 YAZBEK, Maria Carmelita.Pobreza e exclusão social: expressões da questão social noBrasil.Revista Tempotalis, Brasília, ABEPSS, n. 3, 2001.

Sabe-se que a questão social é todo o conjunto de expressões que definem as desigualdades da sociedade, tendo esse conceito surgido na Europa do século 19 em função da degradação do trabalho e da crescente pobreza da classe operária. A questão social é uma categoria que tem sua especificidade definida no âmbito do modo de produção capitalista porque está enraizada na contradição capital X trabalho. Segundo Carvalho e Iamamoto (1983, p.77) a questão social pode ser definida como "as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado (...)".

A questão social causa grande impacto na vida daqueles submetidos a tal processo, uma vez que a ausência de protagonismo da classe subalterna coloca-a a margem da sociedade. Além disso, a mesma não atinge apenas determinados setores, mas todas as classes sociais. Por isso, ela é entendida como a disputa pela riqueza na sociedade capitalista pelas classes sociais. Suas mais variadas expressões são a falta ou o acesso precário aos serviços públicos, informações, desemprego, precarização do trabalho, cortes nos gastos sociais. Essas mazelas de ordens diversas são expressas nas ruas das grandes cidades. Os indivíduos em situação vulnerável, sobrevivem imersos no processo de dominação e exclusão social.

Além de viver em constante ausência de recursos básicos como alimentos, moradia, higiene, entre muitos outros bens e serviços, sabe-se que a escassez não remete apenas ao material. Essa desigualdade e subalternidade torna esses indivíduos vulneráveis tanto na esfera material quanto emocional e psíquica, gerando diversos infortúnios aos mesmos. De acordo com a teoria Marxista, isso faz parte do processo de dominação ou luta de classes, sendo que o atual sistema capitalista contido na sociedade vigente aumenta a produção e reprodução de desigualdades sociais, que pode ser no âmbito econômico, político e/ou cultural. Deve-se dizer, também, que a questão social não deve ser vista apenas como responsabilidade exclusiva do governo, mas sim como fruto de carências materiais e intelectuais, como a pobreza.