RESPONSABILIDADE SOCIAL
Tese: RESPONSABILIDADE SOCIAL. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: sbaez • 27/8/2014 • Tese • 956 Palavras (4 Páginas) • 151 Visualizações
2. A educação que queremos e a complexidade do presente
A crise global é também uma crise da educação – assumida como educação ao longo da vida – de seu conteúdo e sentido, pois há deixado gradualmente de conceber-se como um direito humano e se tem convertido no meio privilegiado para satisfazer as necessidades dos mercados, demandantes de mão-de-obra para a produção e consumo. Não apenas tem falhado na formação de pessoas capazes de pensar os importantes problemas políticos, ambientais, econômicos e sociais de ordem global, como também tem retirado seu profundo conteúdo político e, particularmente, seu potencial para formar cidadãs e cidadãos capazes de pensar uma ordem econômica e social diferente, através da qual se pode superar o conjunto de profundas crises que vivemos que se manifestam em crescentes desigualdades e discriminações e na ausência de dignidade e justiça. Nesse sentido, ricas abordagens, como a da Educação Popular, vêm contribuindo através do potencial transformador de sujeitos socais e grupos organizados.
Torna-se fundamental significar novamente os fins e práticas da educação, no contexto particular de disputa de sentidos, caracterizado pela subordinação majoritária das políticas públicas ao paradigma do capital humano, em oposição à emergência de movimentos sociais, de paradigmas alternativos que buscam restituir o caráter de direito e projeto ético e político à prática educativa.
Se no contexto atual a finalidade da educação é produzir mão-de-obra para a produção e o consumo, então quem irá formar os cidadãos / cidadãs? O capital humano reduz as capacidades humanas à função de produzir maior riqueza nas condições sociais existentes, o que implica grandes desigualdades. Os cidadãos e cidadãs, ao contrário, têm o dever de questionar tais condições quando produzem injustiça, discriminação, degradação e colocam em risco a vida no planeta. Neste sentido, é urgente resgatar a noção de Educação como direito humano, em suas dimensões formais, não formais e informais, abrir seu olhar para a democratização das sociedades para formar cidadanias críticas, capazes de vincular-se a movimentos que reivindicam uma transformação da ordem social, com vistas à justiça social e ambiental, com a intenção de entender e discutir soluções aos problemas de escala planetária.
O tema do desenvolvimento de uma “subjetividade” crítica resulta em um aspecto central na construção de uma pedagogia cidadã na conjuntura atual. Trata-se de restabelecer um sentido emancipador dos processos de empoderamento, entendidos como o desenvolvimento de recursos da comunidade para fazer política, gerar conhecimentos, potencializar os saberes e aprendizagens que se produzem nas lutas democráticas e que precisam lideranças inclusivas, organizações participativas, alianças com organizações democráticas da sociedade civil e a permanente e necessária “ponderação radical-pragmática” (inédita-possível, dizia Paulo Freire) nas definições de acordos, consensos e associatividade entre a diversidade de atores que participam da política.
Tudo isso implica em um giro político e cognitivo, uma mudança paradigmática na maneira de entender a educação, uma abertura a novos pontos de vista sobre os objetivos sociais, como os do bem-viver, dos bem comuns, os da ética do cuidado, entre outros, sobre os quais se devem abrir um grande espaço de discussão e socialização no caminho rumo à Rio+20 e além, firmado no sentido de uma educação para a mudança e para a transformação pessoal e social.
Esses novos paradigmas e pontos de vista não só devem ser mapas para movimentos nos novos contextos, como também folhas de conteúdos consequentes com as finalidades que buscamos como movimento cidadão capaz de envolver os distintos atores do processo
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