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Raizes do Brasil

Por:   •  2/3/2016  •  Resenha  •  5.453 Palavras (22 Páginas)  •  313 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Escola de Comunicação

RAIZES DO BRASIL:

Resumo dos capítulos

Rio de Janeiro

2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Escola de Comunicação

Grupo: André Oliveira, Diego Klein, Isabela Aleixo, Rodolpho Schiffler, Rodrigo Dantas

Turma: EC 2

Matéria: Comunicação e Realidade Brasileira

Professor (a): Marie Santini

RAIZES DO BRASIL: Resumo dos Capítulos

Capitulo 1 – Fronteiras da Europa

        Em seu primeiro capitulo o livro Raízes do Brasil começa a explanar sobre a implementação da cultura europeia em suas colônias. Para Sergio Buarque de Holanda, autor da obra, as consequências dessa implementação em uma cultura estranha acabaram por tornar as criações e feitos posteriores dessa civilização em derivados da pátria colonizadora, pois ao forçar sua cultura sobre outra, as originalidades desta iriam sumindo.

        A partir da expansão marítima Espanha e Portugal se firmaram, ainda que tardiamente, na Europa. Por conta disso surgiu uma sociedade atípica no mundo europeu. Essa sociedade hispânica possuía características independentes, que deram o nome de “Sobranceria”, palavra com o significado de superação, mas que acaba endurecendo o trabalho coletivo, uma vez que todos estão dando valor apenas ao trabalho individual, pois para eles só era valorizado o homem que não precisasse depender de ninguém alem de si próprio. De acordo com Sergio Buarque de Holanda o conceito de hierarquia da época não se aplicava propriamente a portugueses e espanhóis. O autor explica que os povos ibéricos sofreram injustiças sociais por causa de privilégios concedidos hereditariamente, resultando em uma preferência pelo sucesso pessoal, sem levar em conta o nome herdado.

        O pioneirismo de Portugal nas navegações se deve a um incentivo próprio. O autor chegou a defender a mentalidade burguesa e os países ibéricos. Os ibéricos não gostavam do trabalho manual, queriam se tornar senhores. Para isso, os portugueses e espanhóis procuraram reviver o fator do mérito pessoal como forma de ser reconhecido pelos seus feitos, e não pelo o que herdou. Porém tal prática encontrou obstáculos perante a própria Igreja, e a sociedade impregnada de velhos valores. A Igreja criticava o chamado “lucro torpe”, a procura de enriquecimento desleal, mesmo tal fato tendo sido praticado por muito tempo pela própria Igreja durante o período medieval. Por outro lado se tinha a desvalorização do esforço trabalhista, os nobres preferiam o ócio ao trabalho, e para completar havia a questão da autoridade e da obediência, fato este que o autor indica os jesuítas da Companhia de Jesus, como os melhores representantes.

        Sergio Buarque nos mostra que os países ibéricos se tornaram potencias nas navegações marítimas, se tornando uma ponte entre a Europa e o mundo. Contudo, por não possuírem uma hierarquia feudal aprofundada, uma burguesia mercantil rapidamente se desenvolveu nesses países. Além disso, existia um relaxamento hierárquico, muito presente em Portugal e, por consequência, no Brasil. Para o autor essa anarquia ibérica era muito mais justa que a tradicional hierarquia feudal, pois não concedia privilégios. A nobreza portuguesa era muito flexível, ao que o autor chama de mentalidade moderna. Havia uma igualdade entre os homens.

        O autor conclui que a cultura brasileira esta diretamente ligada com a cultura ibérica, mesmo com toda a miscigenação que houve no Brasil. As características portuguesas, ainda que muito nos separe, foram muito presentes em nossa construção cultural, o suficiente para manterem-se vivas até hoje.

Capitulo 2 – Trabalho e Aventura

Sendo os pioneiros nas navegações no Velho Mundo, os portugueses seriam os mais preparados para explorar aquelas terras próximas à linha equinocial. Essa exploração dos trópicos, portanto, não se processou por um empreendimento metódico e racional, mas fez-se antes com desleixo e certo abandono.

Para o autor, havia dois princípios que se combatem e regulam na atividade humana: o aventureiro, com espírito de aventura é explorador, ignora as fronteiras, prefere colher frutos sem plantar a árvore, e o trabalhador, é aquele que enxergaria primeiro a dificuldade a vencer, não o triunfo a alcançar, que prefere a garantia e segurança do trabalho árduo. Os portugueses entravam no grupo de caráter aventureiro, por isso, de certo modo, a colonização do Brasil foi considerada desleixada. O que o português vinha buscar era, sem dúvida, a riqueza, mas riqueza que custa ousadia, não riqueza que custa trabalho. A abundância de terras férteis e ainda mal desbravadas fez com que a grande propriedade rural se tornasse, aqui, a verdadeira unidade de produção, instalando-se o sistema de lavoura para produção de cana-de-açúcar. Os indígenas foram colaboradores na indústria extrativa, na caça, na pesca, em determinados ofícios mecânicos e na criação do gado, mas resistiram fortemente à escravidão, sendo o recurso mais fácil encontrado na introdução de escravos africanos.

A técnica europeia serviu apenas para fazer ainda mais devastadores os métodos rudimentares de que se valia o indígena em suas plantações, fato que causou certa aproximação, fazendo a vida no país parecer ter sido aqui incomparavelmente mais suave, mais acolhedora das dissonâncias sociais, raciais, e morais. Não cabia modificar os rudes processos dos indígenas, ditados pela lei do menor esforço, uma vez que se acomodassem às conveniências da produção em larga escala, porém, o fato de usar o solo sem muita preocupação em cuidá-lo, além do fato da atividade agrícola não ocupar, em Portugal, posição de primeira grandeza, acarretaram numa deterioração do solo com o tempo. Todos queriam extrair do solo excessivos benefícios sem grandes sacrifícios, ou servir-se da terra, não como senhores, mas como usufrutuários.

Sérgio Buarque ainda caracteriza o povo português como um povo mestiço antes mesmo do descobrimento do Brasil, já que a mistura com outras raças tinha começado amplamente na própria metrópole. Já antes de 1500, graças ao trabalho de negros trazidos das possessões ultramarinas, fora possível, no reino, estender a porção do solo cultivado, desbravar matos, dessangrar pântanos e transformar charnecas em lavouras, com o que se abriu passo à fundação de povoados novos. Os benefícios imediatos que de seu trabalho decorriam fizeram com que aumentasse incessantemente a procura desses instrumentos de progresso material, em uma nação onde se menoscabavam cada vez mais os ofícios servis. Além disso, eram encontrados negros na maioria das habitações do reino, estima-se que formava cerca de um quinto da população. Sendo assim, o sentimento de distância entre os dominadores aqui e a massa trabalhadora constituída por homens de cor possuía pequenas proporções. Com essa defesa da ausência de orgulho de raça do português, defendia que o racismo nunca chegou a ser o fator determinante das medidas que visavam reservar a brancos puros o exercício de determinados empregos. Sendo muito mais decisiva a mancha ou desonra tradicionalmente associada aos trabalhos vis a que obriga a escravidão e que não infamava apenas quem praticava, mas igualmente seus descendentes. Também faz parecer que o preconceito com os negros era muito maior do que com os indígenas, sendo a esses atribuídas características como seu gosto acentuado por atividades antes predatórias do que produtiva, ou sua aversão ao esforço disciplinado, que se ajustam de forma bem precisa aos tradicionais padrões de vida das classes nobres. Por esse motivo o indígena era caracterizado na literatura romântica com virtudes de cavaleiros, enquanto os negros como vítimas submissas ou rebeldes.

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