Relação entre “Questão Social”, Assistência Social e gênero no surgimento e desenvolvimento do Serviço Social
Por: biancamelo26 • 29/2/2016 • Resenha • 1.002 Palavras (5 Páginas) • 465 Visualizações
Capítulo 1: “Relação entre “Questão Social”, Assistência Social e gênero no surgimento e desenvolvimento do Serviço Social
O Serviço Social tem sua gênese relacionada com a consolidação do sistema capitalista, na fase monopolista, onde são acentuadas as contradições sociais em expressões de exploração e alienação. As quais são determinadas na relação capital-trabalho, onde são inconciliáveis os interesses da classe trabalhadora e os da classe burguesa, pois para garantir o acúmulo do capital, deve haver a exploração da força de trabalho da classe trabalhadora. O objetivo central do capitalismo monopolista é a busca incessante por superlucros.
A classe dominante (burguesia) detêm os meios de produção e a riqueza, a qual é produzida pela classe trabalhadora, que vende sua força de trabalho em troca de salário. A apropriação da riqueza ocorre através da mais-valia, correspondente às horas de trabalho não pagas (lucro do capitalista).
Para manter a ordem vigente é necessária uma intervenção estatal para assegurar a reprodução social e o controle de conflitos, garantindo os interesses capitalistas. Percebe-se, então, a articulação entre as funções políticas e econômicas do Estado. Através das políticas sociais, o Estado irá garantir essa imbricação, requisitando profissionais especializados. Nesse momento irá intervir no enquadramento da classe trabalhadora à ordem do capital, amenizando os conflitos ocasionados pelo acirramento da “Questão Social”.
A “Questão Social” se configura como o conjunto das desigualdades sociais, econômicas e culturais revelados politicamente pela classe trabalhadora. No bojo da contradição do capital, no antagonismo entre as classes, na “Questão social” que emerge o Serviço Social como profissão.
Até os anos 30, no Brasil, a “Questão Social” era tratada por meio da repressão. A polícia que tinha a responsabilidade de enfrentá-la, e também os organismos de solidariedade social. A Assistência Social era constituída por práticas de caridade, benevolentes, desarticuladas e voluntaristas, que geralmente eram realizadas pela Igreja Católica.
Com o desenvolvimento do capitalismo no Brasil, cresce a indústria e o mercado nacionais, avançando o crescimento da classe trabalhadora e a agudização de sua pobreza. Na Segunda República, Vargas reconhece a “Questão Social” em sua legitimidade como uma questão política. Logo, o governo-caracterizado pelo populismo, clientelismo e mascaramento da “Questão Social”- vê-se obrigado a se preocupar com a Assistência Social pública. Os direitos conquistados nesse período, percebido por muitos como bondade de Vargas, são produtos de organização e luta da classe trabalhadora.
Surge o Serviço Social pela necessidade do Estado implementar políticas sociais que amenizassem os conflitos de classe e que atendessem a necessidade do capital controlar a pauperização, assegurando sua reprodução.
O Estado se utiliza da figura da mulher, com suas características e papéis sociais difundidos ideologicamente pela Igreja Católica para assegurar o controle da “Questão Social” e se desresponsabilizar pelos problemas sociais. Percebe-se então, a orgânica relação entre Serviço Social, políticas sociais, “Questão Social”, gênero e capitalismo monopolista.
A Legião Brasileira de Assistência Social (LBA) foi a primeira instituição de assistência social no Brasil. Atuava em quase todas as áreas da Assistência Social, para suprir sua atividade básica, inicialmente, e depois visando a um programa de ação permanente. A LBA teve como presidenta a primeira-dama Darcy Vargas, e sucessivamente foi presidida pelas primeiras-damas da República brasileira. Percebe-se assim que a Assistência Social estava vinculada com a questão de gênero. Há uma vinculação histórica entre mulheres e a responsabilidade com os problemas sociais, com práticas de caridade.
A responsabilização das mulheres na “Questão Social” e posteriormente na Assistência Social, se dá uma vez que se fomenta uma ideologia baseada no pensamento que o homem é empreendedor e a mulher é feita para ajudar, dotada de grande paciência e sensibilidade.
A Assistência Social é construída como um espaço ocupacional essencialmente feminino, associada aos papéis conservadores de gênero cobrados da mulher, sendo parte estruturante da divisão sexual do trabalho na sociedade patriarcal capitalista.
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