Relações Sociais de Sexo e a divisão sexual do trabalho
Por: tvinhas • 7/7/2015 • Relatório de pesquisa • 1.445 Palavras (6 Páginas) • 576 Visualizações
""Relações Sociais de Sexo e a divisão sexual do trabalho
A divisão sexual do trabalho é aqui concebida em termos de relação social, o que significa dizer que se trata de uma relação antagônica entre homens e mulheres no contexto de uma sociedade organizada pelo capital.
A relação social de sexo é constituída pela divisão e hierarquização dos homens e das mulheres, de sua atividade de trabalho, de seu poder e dos valores ligados a ambos.
Há umconfronto permanente e uma disputa entre os sexos. Há um confronto entre dois grupos sociais de sexo, o grupo social dos homens e o grupo social das mulheres. Este confronto tem o trabalho e suas divisões como o principal objeto de disputa.
Nesta relação tem lugar a superioridade dos homens sobre as mulheres. Superioridade que tem uma base material e uma base simbólica/ideativa. A base material, expressa-se através da divisão sexual do trabalho e da divisão sexual do poder; e, em sua dimensão simbólica, expressa-se como divisão sexual do saber.
A divisão sexual do trabalho é uma divisão social, isto é, é uma organização social do compartilhamento do trabalho e do emprego entre dois grupos de sexo. A divisão do trabalho entre homens e mulheres integra a divisão social do trabalho, analisada por Marx. É uma das suas modalidades, assim como o trabalho manual e o trabalho intelectual ou a divisão internacional do trabalho. Com estas, articula-se e interpenetra-se.
A divisão sexual do trabalho é a forma de divisão do trabalho social decorrente das relações sociais entre os sexos. E esta divisão é um fato prioritário para a sobrevivência da relação social entre os sexos. E é fundamental para a criação do trabalho assalariado, que conta com a disponibilidade das mulheres para o trabalho reprodutivo não pago. Os homens foram designados prioritariamente à esfera produtiva e as mulheres à esfera reprodutiva e, simultaneamente, a apropriação pelos homens das funções consideradas mais importantes (funções políticas, religiosas, militares, etc). Essa forma de divisão do trabalho entre os sexos é modulada histórica e socialmente. Ou seja, não é natural. É resultado das relações entre os sexos na história.
A divisão sexual do trabalho nestes moldes interessa ao capital. Para manter as desigualdades de salário e um comportamento dócil entre as operarias, é necessário utilizar formas de controle e de disciplina que articulem a subordinação operaria ao capital com a subordinação sexista da mulher. A produção se estrutura sob a base de uma divisão sexual e social que atinge salários, promoções, qualificação, escala de funções e as formas de controle da mão de obra.
O capital não cria subordinação das mulheres, porém a integra e reforça. Na verdade, as raízes da divisão sexual do trabalho devem ser procuradas na sociedade e na família. Por isso, é importante levar em conta a análise das condições de trabalho na fábrica com aquelas que prevalecem no mundo exterior à empresa, na casa.
As empresas, as escolas, os centros de formação profissional, entre outros participam da construção das relações de gênero ao fazer uso da divisão do trabalho em bases sexuais. Estamos no trabalho profissional, mas em “guetos”: predominamos sobretudo no trabalho doméstico remunerado e no setor de serviços, espaços de baixíssima remuneração e proteção do trabalho. Os homens estão concentrados sobretudo na indústria, espaço onde predomina o trabalho formal no Brasil; e neste setor, as mulheres se destacam no pior espaço: a indústria de base técnica tradicional. Para as mulheres que conseguiram “furar bloqueios”, geralmente mulheres não negras portadoras de um diploma, que ascenderam a cargos de comando, seguem ainda nos espaços intermediários como as médias gerências. Apesar da maior escolaridade das mulheres, o alto escalão das empresas segue masculino, inclusive naquelas que passaram por um processo de “feminização” com a reestruturação produtiva, como o setor bancário. Quando olhamos para os domicílios, percebemos que o desenvolvimento das tecnologias para uso domésticovem tornando as tarefas menos penosas; mas, a divisão sexual do trabalho doméstico e a sua atribuição às mulheres continua intacta; há pequena mudança na participação dos homens nas atividades domesticas e familiares inclusive entre os que defendem a democracia e a divisão igualitária do trabalho. Ao analisar a experiência soviética, Saffioti percebeu que cresceu a presença das mulheres na estrutura econômica, mas no compartilhamento do trabalho doméstico nada mudou! Segundo ela, “os homens soviéticos prestam muito menos auxílio às suas mulheres nos serviços domésticos do que o fazem os maridos ingleses e norte-americanos”.
A divisão sexual do poder ou o compartilhamento do poder entre os sexos, mais precisamente, a exclusão das mulheres das esferas do poder e da decisão é outra grande questão. O poder político formal é masculino. As mulheres estão nas lutas, nos movimentos sociais, cresce sua presença nas filiações partidárias e aos sindicatos, mas estamos subrepresentadas nos espaços de poder. Apesar das cotas de gênero, somos 10% na câmara de deputados, quando representamos maioria da população brasileira. Poucas mulheres estão nos cargos mais importantes nas direções sindicais e partidárias. Estando subrepresentadas nestes espaços, marginais serão pautas como gênero e diversidade no plano de educação, a creche como direito constitucional das crianças e como direito das mulheres e homens que trabalham, o combate à violência e, sobretudo, as políticas por maior participação política. E na reforma eleitoral que vem acontecendo no Brasil o não lugar das
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