Resenha BECM - Concepção De Ciência Após A Queda De Um Paradigma - Christian Angel
Por: Christian Angel • 12/8/2022 • Resenha • 902 Palavras (4 Páginas) • 97 Visualizações
Nome: Christian Angel
Disciplina: Bases Epistemológicas da Ciência Moderna
Título da resenha: A Noção De Paradigma Científico – Concepção De Ciência Após A Queda De Um Paradigma
Escrita pelo filósofo da ciência norte-americano Thomas Samuel Kuhn (1922-1996) e publicada inicialmente em 1962, a obra The Structure of Scientific Revolutions (A Estrutura das Revoluções Científicas) busca descrever o funcionamento do progresso científico, enfatizando que o mesmo é definido por uma estrutura cíclica descontínua e marcada por revoluções. Estas, por sua vez, são divididas em duas fases utilizando o principal conceito tratado nessa resenha e na obra: o de paradigma.
Paradigmas são “realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade praticantes de uma ciência” (KUHN, 2011, p. 13). Antes de aderir-se a um paradigma, na fase “pré-paradigmática”, um campo científico apresenta diversas escolas e subescolas em competição que apresentam suas ideias baseadas em relação a alguma metafísica ou base filosófica, o que ocasiona numa seleção pouco criteriosa de fenômenos e análises para produção de conhecimento, além da necessidade de partir sempre dos fundamentos, o que ocasiona em algo “menos que ciência” (KUHN, 2011, p. 33).
Após adquirir um paradigma, uma comunidade científica entra na fase chamada “ciência normal”, “firmemente baseada em uma ou mais realizações científicas passadas. Essas realizações são reconhecidas durante algum tempo por alguma comunidade científica como proporcionando os fundamentos para a sua prática posterior” (KUHN, 2011, p. 29). Com isso, é possível há uma maior unificação da comunidade científica, possibilitando um esforço comum baseado no conhecimento prévio e nos métodos provenientes dele.
Nessa concepção, é importante lembrar que “para ser aceita como paradigma, uma teoria deve parecer melhor que suas competidoras, mas não precisa (e de fato isso nunca acontece) explicar todos os fatos com os quais pode ser confrontada” (KUHN, 2011, p. 38).
Porém, quando são descobertos fenômenos que não são simplesmente fatores que não foram previstos pelo paradigma (anomalias), a comunidade entra em crise e os cientistas passam para o que Kuhn define como fase de ciência ou pesquisa extraordinária, que não é regulada pelo paradigma predominante.
Mas, baseado no que foi definido anteriormente pelo próprio Kuhn, como essa pesquisa extraordinária poderia se considerada “fase de ciência”, e não “menos que ciência”? Com a queda do paradigma vigente, a comunidade científica que havia sido unificada em prol de uma visão, e que baseou seus estudos subsequentes nas normas definidas pelo conhecimento agora entendido como equivocado (havendo, é claro, uma variação da magnitude desse equívoco caso a caso), passa a ter de questionar até mesmo de onde os fundamentos surgiram, e é necessário recomeçar o processo de formulação de um paradigma, com uma base pouco criteriosa tal como antes mesmo do paradigma ter surgido.
Dentro disso, existem ainda mais problemas quanto ao tempo que se demora para abandonar de vez o paradigma vigente até então. Muitas vezes as anomalias podem passar desapercebidas, uma vez que “a ciência normal não está preocupada em criar novidades, mas em se especializar naquilo que já está posto pelo paradigma vigente” (BARTELMEBS, 2012, p. 5). Mas, mesmo quando evidentes, elas são comumente deixadas de lado para que se prossiga utilizando o paradigma em questão, o que leva a uma sensação de “funcionamento defeituoso” (BARTELMEBS, 2012, p. 6) a partir do momento que não é possível adequar novas informações de modo satisfatório ao adaptá-las para o paradigma em queda.
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