Resenha Venere no Altar da convergência – um novo paradigma para entender a transformação midiática
Por: ReynaldoCM • 26/3/2016 • Resenha • 972 Palavras (4 Páginas) • 983 Visualizações
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PÓS- GRADUAÇÃO PRODUÇÃO AUDIOVISUAL
PROJETO E NEGÓCIO – SENAC LAPA
DISCIPLINA: NOVOS FORMATOS E TECNOLOGIA (EAD)
PROFESSOR: LUIZ CARNEIRO
Resenha crítica
“Venere no Altar da convergência – um novo paradigma para entender a transformação midiática”
São Paulo
27 de Maio de 2014.
Através da repercussão de uma brincadeira envolvendo o personagem Beto da série de TV Vila Sésamo que atingiu proporções globais e diversas empresas de mídia, Henry Jenkins nos faz perceber que vivemos num mundo “onde as velhas e as novas mídias colidem, onde mídia corporativa e mídia alternativa se cruzam, onde o poder do produtor de mídia e o poder do consumidor interagem de maneiras imprevisíveis” e a isto ele chama de “cultura da convergência”.
Por trás deste fenômeno é discutido no artigo a convergência dos meios de comunicação, a cultura participativa, e a inteligência coletiva.
Sem dúvida nenhuma os avanços das tecnologias digitais facilitaram com que a comunicação e a expressão se tornassem finalmente mais “livres” e importantes do que suas plataformas físicas. Empresas e organizações com modelos de negócios antes fortemente amparados na exclusividade tecnológica e/ou poder econômico como força para dominar e distribuir conteúdos, se vêem agora obrigadas a revisar e repensar seus negócios. A indústria fonográfica, frequentemente citada e analisada como a primeira indústria a sofrer as consequências da sua incapacidade de se antecipar a esta convergência[1] e de dialogar com os novos entrantes que já incorporavam esta convergência (ex. Napster).
Ao falar de convergência, Jenkins não se restringe ao aspecto tecnológico mas inclui, corretamente, as questões mercadológicas, culturais e sociais, deste presente momento. Ele cita que o incentivo proporcionado aos consumidores à procurarem novos conteúdos e correlações destes em diversas plataformas, torna a questão com forte apelo cultural. E, na medida que as pessoas fazem estas correlações, e compartilham (também através de diversas plataformas e devices) presenciamos a chamada cultura participativa. Acredito que se Jenkins atualizasse este artigo hoje (originalmente ele escreveu este texto em 2006) tenho certeza que ele reforçaria a questão das redes sociais como forte componente da cultura participativa.
Jenkins prevê que o crescimento desta cultura participativa acabará por fazer com as pessoas que hoje utilizam esta troca para assuntos mais recreativos o farão num futuro próximo para coisas “mais sérias”. A inteligência coletiva proveniente desta convergência cultural midiática certamente afetará as hierarquias políticas e sociais conforme apontado por Pierre Lévy.
Enquanto estas coisas “mais sérias” não surgem em maior número, podemos citar exemplos da convergência e inteligência coletiva nos conteúdos de entretenimento, como o filme “ Matrix” que, habilidosamente, coordena a divulgação de um grande universo ficcional, através de histórias interdependentes deste mesmo universo. Ou seja, enquanto os filmes no cinema de Matrix focam no personagem Neo e a sua auto-descoberta como o “escolhido”, é através de games, curtas de animação e histórias em quadrinhos que podemos compreender melhor este universo. O que aconteceu antes do filme Matrix? Os curta de animação ajudam a compreender esta dúvida. O que mais podemos saber sobre a personagem Niobe? No game “Enter the Matrix” é possível obtermos esta resposta. Com esta habilidosa construção de conteúdo transmídiático, o público desfruta do prazer advindo das diversas linguagens (cinema, animação, quadrinhos, games, etc...) ao mesmo tempo em que se aprofunda no conhecimento (e compartilhamento social) do universo ficcional apresentado. Ao mesmo tempo que tal visão oferece potenciais resultados do público como receita dos diversos produtos, fidelização da franquia, compartilhamento das campanhas de divulgação é preciso o envolvimento de produtores e artistas que dominem as diversas linguagens envolvidas, mantendo-se a unidade e coerência do universo ficcional apresentado.
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