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Resenha crítica: O homem cordial - do livro Raízes do Brasil

Por:   •  20/11/2017  •  Resenha  •  870 Palavras (4 Páginas)  •  5.019 Visualizações

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GISELLE CAROLINE

RESENHA CRÍTICA:

CAPÍTULO V “O HOMEM CORDIAL”

LIVRO RAÍZES DO BRASIL

Professora: Nataly Queiroz

Recife

2017

HOLANDA, Sergio Buarque de. Raízes do Brasil – Capítulo V “O homem cordial”.  26 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 

Título da resenha: O homem cordial no Brasil de hoje.

Uma análise crítica é o que se apresenta a seguir, cujo material principal foi o capítulo V – “O homem cordial” do livro “Raízes do Brasil”, de autoria do historiador Sérgio Buarque de Holanda. Ele é considerado um dos maiores intelectuais brasileiros do século XX. O capítulo V aborda aspectos centrais das características que nos são muito particulares. Embora seja um livro de 1936, seu contexto facilmente se molda à atual realidade brasileira. O capítulo nos conduz a um questionamento do modo de ser brasileiro, explorando os pontos críticos da nossa formação histórica. Características essas que o autor destrincha detalhadamente que ainda permanecem enraizadas na nossa cultura.

A princípio, o autor evidencia sua visão sobre a formação do estado e a construção da família. Notavelmente influenciado por Max Weber, Buarque Holanda usa elementos de sua teoria para analisar a sociedade brasileira comparada ao conflito da mitologia grega de Antígona e Creonte, inserindo o leitor no cenário antagonista entre família e estado. O historiador cita ainda exemplos da evolução patrimonial que reflete nos dias atuais na sociedade brasileira. A família era base preparatória para o homem conviver conforme as leis estatais. Os jovens eram forçados desde cedo a se ajustarem aos interesses do Estado, substituindo os laços familiares. Certamente herança lusitana. Os portugueses não nos deixaram somente a herança patrimonial, herdamos também a sofrida construção urbana. O Brasil sofreu um processo de urbanização desenfreado devido à imigração para as cidades. Tais heranças criaram um desequilíbrio social incalculável, cujos efeitos sentimos até hoje. O país precisa superar essa estrutura estatal patrimonialista deixada pelos portugueses

O “homem cordial” idealizado por Buarque de Holanda é o homem submetido pelo apego aos valores da personalidade, movido pela emoção e não pelas normas impessoais. Um homem hospitaleiro, porém cheio de interesses pessoais. Preso às relações, sente aversão às diferenciações entre o público e o privado, característica clara que remete ao patrimonialismo. A atual sociedade brasileira encontra-se imersa em relações pessoais, e acaba vendo o Estado como uma extensão de seu círculo familiar. O modo de ser dos brasileiros traz como exemplo a cordialidade na vida cotidiana no hábito de usar as palavras no diminutivo “inho”, procurando sempre estabelecer intimidade e usar isto como forma de aproximá-los, inclusive nas relações comerciais impomos relações familiares. Até mesmo o caráter intimista da nossa pouca religiosidade que trata as próprias entidades divinas como um amigo da família, algo que é visto como estranheza para outras sociedades.

Buarque de Holanda questiona o homem cordial sem rodeios, buscando evitar más interpretações que a referida “cordialidade” não se trata de uma relação direta ao sentido literal da palavra. Ao referir-se à cordialidade, o autor procura enfatizar uma característica marcante do modo de ser brasileiro, o famoso “jeitinho brasileiro”. O conceito de “homem cordial” não presume ternura ou pacifismo, mas sim a predominância dos comportamentos de aparência afetiva de alguém que prefere as ações íntimas regidas por critérios pessoais. Dentro desse contexto, podemos indagar que a cordialidade brasileira é mascarada por um lado hospitaleiro caloroso, porém em questões contrárias a reação é violenta e eliminatória do suposto rival.

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