Resenha o que é sociologia
Por: Samilla Gabriella • 9/2/2016 • Resenha • 2.079 Palavras (9 Páginas) • 264 Visualizações
A sociologia surge com o intuito de compreender a nova sociedade que estava sendo formada, através de conceitos, teorias e métodos de investigação científica.
O século XVIII pode ser considerado um período de grande mudança no pensamento ocidental e para o início da sociologia. As transformações na conjuntura política, econômica e social, trazidas pela Revolução Industrial e pela Revolução Francesa geravam mudanças sociais. E é nesse contexto que surge a sociedade capitalista.
Além da introdução das máquinas a vapor e do aperfeiçoamento de novos métodos produtivos, a Revolução Industrial significou o triunfo da Indústria capitalista, desencadeando uma crescente industrialização e urbanização, propiciando novas formas de organização social. Grandes massas de trabalhadores foram submetidos a novas relações de trabalho, longas e penosas jornadas nas fábricas e salários de subsistência. O intenso êxodo rural culminou na explosão demográfica e na falta de infraestrutura capaz de acolher a população resultando em miséria, epidemias, aumento da prostituição, do alcoolismo, do suicídio e da criminalidade.
Um dos fatos de maior relevância foi o surgimento do proletariado, classe trabalhadora que desemprenhou grande papel histórico na Revolução Industrial. Os proletariados descontentes com as formas de trabalho promoviam manifestações, que algumas vezes envolviam a destruição de máquinas, gradativamente essas manifestações culminaram na formação de sindicatos. Ao protestarem, a classe operária se inclinava ideologicamente ao socialismo.
Essas transformações na organização da vida social colocavam a sociedade em evidência. Em decorrência disso, pensadores como Owen, William Thompson e Jeremy Bentham, passaram a considerá-la um objeto que precisava ser analisado.
A Sociologia então foi se formando, se desenvolvendo e consolidando como se fosse uma resposta intelectual as novas condições de existência, como por exemplo, a situação do proletariado, a organização das cidades industriais, os avanços tecnológicos, a organização do trabalho nas fabricas, originadas pela Revolução Industrial.
Outra circunstância que também influenciou e contribuiu para a formação da sociologia, foram as transformações ocorridas nas formas de pensamento.
As transformações econômicas que ocorreram no ocidente europeu desde o século XVI, provocavam modificações na forma de conhecer a natureza e a cultura. A partir daí, o pensamento deixa de ter uma visão sobrenatural para a explicação dos fatos e passa a ser substituído pelo uso da razão.
O emprego sistemático da razão representou um avanço para libertar o conhecimento do controle teológico, da tradição, da revelação, para dar lugar ao novo método científico de conhecimento, baseado na observação e na experimentação dos fenômenos naturais e sociais.
Uma das correntes mais importantes do século XVIII foi o Iluminismo. Combinando o uso da razão e da observação, os iluministas tinham como proposta procurar transformar não apenas as antigas formas de conhecimento, mas a própria sociedade. Criticavam as características do feudalismo e os privilégios de sua classe dominante em defesa dos interesses burgueses.
Essas novas maneiras de produzir e viver propiciaram um visível progresso das formas de pensar e contribuíram para afastar interpretações baseadas em superstições e crenças infundadas, abrindo um espaço para a constituição de um saber racional sobre os fenômenos históricos-sociais.
A Revolução Francesa também foi uma circunstância que agilizou o processo de formação da sociologia. O objetivo dessa revolução era mudar a estrutura do Estado monárquico e, ao mesmo tempo, abolir radicalmente a antiga forma da sociedade, suas instituições e seus costumes, promovendo e inovando aspectos da economia, da política, da religião e da vida cultural. Com a mobilização das massas de trabalhadores pobres, a burguesia tomou o poder e os velhos privilégios de classe foram destruídos, os empresários foram incentivados e a igreja perdeu o seu poder.
Diante do profundo impacto que a Revolução Francesa causou, vários pensadores franceses da época, incumbiram da tarefa de racionalizar a nova ordem e encontrar soluções para o estado de “desorganização” social então existente. Entretanto, para se chegar a uma estabilização dessa nova ordem, seria preciso segundo eles, conhecer as leis que regem os fatos sociais e, assim, instituir uma ciência da sociedade.
Essa nova ciência assumia, como tarefa intelectual, repensar o problema da ordem social, ressaltando a importância de instituições como a autoridade, a família, a hierarquia social, destacando a sua importância teórica para o estudo da sociedade.
Pode-se dizer que a oficialização da sociologia foi uma criação do positivismo. A sociologia de inspiração positivista visa criar um objeto autônomo, o social, e a instaurar uma relação de independência entre os fenômenos sociais e econômicos.
A sociologia não foi de inicio uma ciência de entendimento geral, fato esse que se deve ao caráter antagônico da sociedade capitalista, esse caráter antagônico impediu um conhecimento comum por parte dos sociólogos em torno do objeto e dos métodos de investigação, dando margem para o nascimento de distintas sociologias.
O pensamento conservador exerceu grande influencia entre autores positivistas como: Saint-Simon, augusto Comte e Emile Durkheim, que modificaram algumas concepções das ideias dos conservadores, adaptando-as ao momento histórico.
Saint-Simon, um dos fundadores do positivismo, acreditava que a existência de uma ciência da sociedade seria vital para a restauração da ordem na sociedade francesa pós-revolucionária. Assim, a nova ciência deveria usar em suas investigações os mesmos métodos das ciências naturais, que deveria descobrir as leis do progresso econômico e do desenvolvimento social. Saint-Simon acreditava que a industrialização traria progresso econômico satisfazendo as necessidades humanas, de maneira que reduziria os conflitos sociais, assim o pensamento social deveria orientar a indústria e a produção. Ele admitia, porém, a existência de conflitos entre os dominantes e os dominados. Caberia, portanto, a ciência da sociedade descobrir novas formas capaz de guiar a conduta da classe trabalhadora, refreando seus ímpetos revolucionários.
Segundo vários historiadores, muitas ideias de Saint-Simon foram incorporadas por Augusto Comte, um pensador inteiramente conservador e contrário ao iluminismo. Acreditava que o iluminismo em uma sociedade industrial provocaria uma desunião entre os homens. Segundo Comte, as sociedades europeias se encontravam em profundo estado de caos social e para acabar com essa desordem social seria necessário a criação de um conjunto de crenças comuns a todos os homens. Assim, defendia a fundação de uma ciência "físico social", ou seja, a sociologia, que deveria utilizar em suas investigações os mesmos procedimentos das ciências naturais. Comte considerava como destaque de sua sociologia a reconciliação entre a "ordem" e o "progresso", pregando a necessidade mútua destes dois elementos para a nova sociedade, já que os conservadores defendiam a ordem em detrimento do progresso e os revolucionários eram ávidos pelo progresso, desprezando a necessidade de ordem. Acreditava que implantando a ordem através de um conjunto de crenças comuns a todos os homens, seria possível reverter a desorganização social e atingir gradativamente ao progresso.
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