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Resenha Sociologia e Antropologia Geral

Por:   •  29/6/2020  •  Dissertação  •  2.664 Palavras (11 Páginas)  •  239 Visualizações

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UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Sociologia e Antropologia Geral

Professor Dr. Douglas de Araújo

Gustavo Taylon Queiroz Araújo – 20200062904

Resenha referente a primeira parte do livro

“História da Riqueza do Brasil” de

Jorge Caldeira

Estudando a obra “História da Riqueza do Brasil”, escrita por Jorge Caldeira, e entendendo o que ela tenta nos repassar, percebe-se a inovação apresentada ao se examinar a história brasileira de um novo modo, desvinculando-se de convenções e técnicas passadas, pois como já dizia o autor, “introduzir um entendimento novo do passado permite entender de um modo novo, também, os problemas atuais”. Logo, para atingir tal feito, foi necessário que o estudioso fizesse uso de matérias como a Antropologia e a Econometria.

Fazendo ressalvas quanto a econometria, ela foi essencial, uma vez que usou tecnologias recentes para embasar a pesquisa, como a informática para tratar de dados estatísticos. Logo, com tal modo de análise mãos, o autor pode descobrir e detalhar coisas antes nunca vistas sobre a nossa história. Como exemplo, cita-se a descoberta de que a economia colonial crescia mais do que a metropolitana, algo considerado inacreditável, bem como a economia de subsistência, a qual ocorria dentro da colônia, gerava sim acumulação de riquezas (contradizendo a ideia da época voltada apenas para a exportação).

De forma análoga, o texto nos mostra que com a dedicação e novas pesquisas de antropólogos, pode-se notar que os tupis-guaranis, podiam sim acumular alimentos para além da subsistência. Além disso, descreve-se que os mesmos mantinham “equilíbrio entre produção econômica, alianças diplomáticas, chefia política na guerra e destinação ritual dos excedentes”, ou seja, possuíam uma sociedade complexa e organizada, diferentemente do que os europeus pensavam.

Mais adiante, o texto explicita que a partir de 1500, os encontros entre indígenas, principalmente os tupis-guaranis que habitavam quase todo o litoral brasileiro, e os europeus, aconteciam com mais frequência. Como consequência, logo se formou o escambo, no qual os tupis, utilizando suas capacidades de acumular suprimentos, trocavam principalmente o pau-brasil por utensílios de ferro (como machados), estes providos pelos europeus. Quanto as compensações, elas eram mútuas, dado que os indígenas conseguiam poder, maior rapidez para desmatamento e criação de lavouras (aumentando sua escala produtiva), bem como os europeus se casavam com índias para formarem alianças locais (tornando-se os genros europeus) e enriqueciam ao fazer negócios com o pau brasil na Europa.

Voltando-se para Portugal, a sociedade se baseava em uma suposta “manutenção da desigualdade entre os seres humanos”, esta, que seria algo natural e divino e que um sábio rei deveria mantê-la. Com isso, muitos estatutos e leis eram criados para com o já citado objetivo. Um exemplo foram as Ordenações Manuelinas, criadas por D. Manuel, as quais definiam hierarquias e delimitavam os direitos e deveres dos indivíduos, bem como punições a partir disso. Nesse contexto, surge também o corporativismo, que baseado na desigualdade, afirmava que o governo era a cabeça da sociedade e suas partes seriam diversos órgãos subordinados.

Vale ressaltar ainda que a obra faz uma recapitulação da história da Ordem dos Cavaleiros Templários, e de como suas riquezas foram importantes para Portugal Investir na Ordem de Cristo, a qual bancou investimentos e informações capazes de permitir a navegação oceânica do país.

Com tais investimentos navais, e vendo que outras coroas cada vez mais visavam o território brasileiro, chegara a hora de Portugal querer sua fatia do bolo. Dessa forma, o texto nos expõe como D. João III enviara Martim Afonso de Sousa para percorrer todo o litoral brasileiro, a fim de demonstrar domínio do mesmo. Criou-se então a Vila de São Vicente em 1532, na qual os “homens bons” tinham o poder de eleger suas autoridades. Ainda no assunto, cabe informar que os genros europeus, como sempre, prestaram bastante importância ao contexto, dado que mantinham sólidas alianças com os povos tupis da vila.

Em seguida, com o reino de Portugal sofrendo algumas conturbações financeiras, a obra nos mostra como o mesmo decidiu que não valia a pena investir muito dinheiro no Brasil, e, assim, transferiu sua responsabilidade de ocupação para o setor privado, criando, dessa forma, as Capitanias Hereditárias em 1534, as quais fatiaram o território brasileiro em nome de vários donatários. Todavia, diante de dificuldade locais, como resistências indígenas e francesas, muitas não prosperaram. Apenas duas conseguiram criar vilas e engenhos de sucesso, dando retorno para Portugal, e foram: a capitania de Pernambuco e a de São Vicente.

Dado o pouco resultado anterior, o livro nos mostra o início do Governo Geral em 1548, no qual Tomé De Sousa foi o seu primeiro líder, a mando de D. João III. Sua missão era então, na antiga e esfacelada capitania da Bahia, torná-la “um centro de dispersão das decisões de fundar a política de fato nas alianças com nativos”. Ou seja, com tal governo, Portugal pôde realmente ter em mente que para ocupar o Brasil, alianças com indígenas era um fator de sucesso. Na mesma época, a Companhia de Jesus chegava na colônia para começar os seus trabalhos com os indígenas.

Ainda no governo geral, a obra nos mostra como os franceses foram expulsos da Baía de Guanabara, isso já no comando de Mem de Sá. Tal feito só foi possível, mais uma vez, por meio de alianças com tribos indígenas. Nesse mesmo tempo, com relação à economia, vê-se ainda mais como ela era focada apenas para com a exportação e o tráfico de escravos. Fora o citado anteriormente, o comércio fora desses parâmetros (o interno), se baseava na informalidade.

No que tange a coroas rivais, a colônia sofrera bastantes ataques, tanto de espanhóis, quanto de holandeses. Voltando-se aos últimos, em 1630, Olinda e Recife foram palco de sua invasão mais bem sucedida. Mediando conflitos religiosos e retomando a produção de açúcar, Mauricio de Nassau se tornou o principal líder. Todavia, por conta de altos déficits, o governo foi expulso por moradores devedores e nativos da terra, fazendo com que a Companhia das Índias Ocidentais (que financiava a ocupação), deixasse as terras brasileiras em conjunto com os holandeses.

Mais adiante, a obra nos mostra como o domínio português no território brasileiro só existia em alguns pontos, e destes, começou a se expandir para o interior. As expansões ocorreram nos territórios de Pernambuco, Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, com Antônio Raposo Tavares se tornando uma figura importante no aspecto de desbravamento e simbologia. Com tais expansões, o mercado interno se desenvolveu, criando riqueza a partir de diversas atividades econômicas, como a pecuária, agricultura, algodão e tecelagem, transportes e etc. Logo, com tais feitos, percebe-se de vez que a economia brasileira e a acumulação de riquezas não se baseavam apenas na exportação, e sim em uma integração desta com um mercado interno dinâmico.

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