Responsabilidade Social E ética Profissional
Ensaios: Responsabilidade Social E ética Profissional. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: flavionight • 12/6/2013 • 2.888 Palavras (12 Páginas) • 1.058 Visualizações
Responsabilidade Social e Ética Profissional.
Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 3, Vol. abr., Série 07/04, 2012, p.01-08.
Responsabilidade Social é uma expressão que se tornou recorrente no final do século XX, principalmente vinculada com o contexto empresarial.
No entanto, o termo é sempre aplicado de forma vaga, nunca definido com rigor, implicando em uma subjetividade que distorce seu real significado.
Embora a Responsabilidade Social possa ser definida, genericamente, como o comportamento ético do individuo e das instituições para com a sociedade; a sua complexidade não se restringe a esta conceituação simplista.
O entendimento das implicações contidas nesta ética para com o mundo possui antecedentes que remontam, no mínimo, ao inicio do século XX; a despeito da linha evolutiva se estender aos primórdios das discussões filosóficas na antiguidade.
Destarte, para além de sua aplicação de senso comum, aplicada ao universo das empresas e do consumo, no âmbito capitalista; a Responsabilidade Social se insere contemporaneamente em todas as esferas da vida humana, inclusive nos meios de comunicação, na educação, na saúde, nas empresas e no direito.
O que pode ser aplicado a qualquer outra área e exercício profissional.
Antecedentes.
O termo Responsabilidade Social tornou-se mais comumente utilizado a partir de 1950, principalmente nos EUA, a despeito de alguns teóricos iniciarem a abordagem do tema desde o inicio do século XX.
No entanto, pelo viés filosófico, o próprio conceito de ética remete a responsabilidade para com o outro e a coletividade desde seus primórdios.
O que seria abordado, vinculado com o componente social, de modo mais explicito, na década de 1920, pelo filosofo alemão Martin Heidegger.
O pensador é considerado controverso, sobretudo, por sua ligação com o nazismo, tendo se filiado ao partido de Hitler em 1933.
O que lhe garantiu, posteriormente, sua nomeação como reitor da Universidade e Freiburg, embora tenha se demitido devido à pressão de seus colegas professores que tentaram boicotar os nazistas.
Além disto, existem relatos de que teria delatado colegas judeus à Gestapo; apesar de, contraditoriamente, ter vivido um caso de amor com uma de suas alunas, uma judia, Hannah Arendt, a qual se tornaria um expoente intelectual no século XX.
Entretanto, filosoficamente, Heidegger exerceu forte influencia sobre as discussões contemporâneas em torno da ética.
A partir de abordagens metafísicas, pensando o “ser enquanto ser”, desenvolveu o conceito de Da-sein, cuja tradução literal do alemão é “ser-aí”, o que pode ser traduzido de forma mais livre como “ser no mundo”.
Para Heidegger, a reflexão ética nasce da finitude, pois o fato do homem morrer, acabar fisicamente, conduz a transcendência religiosa e a preocupação de seu papel no mundo.
O Da-sein constitui uma postura na qual o ser é obrigado a tentar fazer as melhores escolhas, livrando-se das futilidades para abrir um mundo de possibilidades, visando realizar-se, marcar sua passagem pelo mundo.
Neste sentido, o sujeito é livre para fazer o que quiser, desde que assuma a responsabilidade por seus atos, sem imputar a outro as consequências.
O que remete a responsabilidade dos atos individuais para com resultados que interferem na vida do outro e da sociedade.
Em outras palavras, toda ação possui implicações que interferem na vida coletiva, portanto, o individuo deve levar este fator em consideração antes de agir.
Uma forma de alcançar o Da-sein seria através da vivência da angustia, a qual afastaria o homem da banalidade, fazendo redescobrir a própria realidade, aproximando-se da verdade do mundo.
Adquirir a responsabilidade ética seria, assim, um processo de amadurecimento que faz parte da vida, mas que só acontece quando o individuo possui orientação para perceber a oportunidade de mudança, efetivada pela educação como norteadora ética.
Uma posição complementada pelo pensamento de Jean-Paul Sartre, francês que contribuiu com o pensamento filosófico publicando importantes obras a partir da década de 1930.
Para ele a total liberdade somente é realizada se for acompanhada da plena responsabilidade pelos atos.
Portanto, ser livre implica em valorizar a liberdade do outro e, assim, assumir a responsabilidade pelos atos individuais que interferem na vida de todos, assumindo um compromisso constante com a humanidade.
O conceito de responsabilidade.
Foi um discípulo de Heidegger, o também alemão Hans Jonas, que abordou de forma sistemática, pelo ângulo filosófico, a questão conceitual da responsabilidade ética.
Depois de um longo percurso em que estudos foram desenvolvidos desde a década de 1930, sendo obrigado a fugir da Alemanha nazista em 1932, devido a sua origem judaica; publicou em alemão, em 1979, a obra O principio da responsabilidade, traduzido para o inglês em 1984.
Poucos anos depois, não por acaso, a discussão ética sobre a Responsabilidade Social se tornaria central entre intelectuais e no seio da sociedade.
Para Jonas o avanço da tecnologia, o que ele chamou de tecnociências, construiu um mundo no qual os indivíduos não se preocupam com o futuro, esquecendo-se que eventos aparentemente insignificantes podem desencadear mudanças cumulativas com forte impacto para toda a humanidade.
É dele a famosa afirmação que “o esvoaçar de borboleta no Amazonas provoca um furação nas Caraíbas”; o que é ignorado pela maioria das pessoas diante da aproximação espacial propiciada pela tecnologia que, simultaneamente, dilatou o tempo.
Situação que faz a maioria dos indivíduos pensarem que o futuro se resume ao hoje, há poucos anos ou décadas à frente.
A Ciência, enquanto conhecimento da realidade, modificou a essência humana, prolongando a vida, modificando a genética, controlando comportamentos e doenças através de medicamentos; diluindo a noção de finitude abordada por Heidegger, fazendo o homem deixar de se preocupar com seu papel no mundo.
Diante deste panorama imediatista, Jonas externou seu questionamento sobre o futuro das gerações que virão depois de nós.
A resposta
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