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Milena de Oliveira Evangelista | RA: 743957 | Sociologia Contemporânea II | Turma: A

Polêmica- Em direção a uma nova visão: raça, classe e gênero como categorias de análise e conexão- Patricia Hill Collins

        O foco central de militância e movimento social em minha realidade é o feminismo. Crescer e ser socializada num espectro extremamente patriarcal e machista já é um grande ato de resistência. Entretanto, em nenhum momento me deparei ou tive de lidar com situações de racismo e/ou preconceito racial, ou objetificação sexual simplesmente por minha etnia. Além disso, tenho noção do pertencimento a uma classe privilegiada em relação a grande maioria das mulheres do país.

        Pensando nisso, recordei-me de um programa de emissora aberta do humorista Fabio Porchat, este em especial com participação da Miss Brasil 2017 Monalysa Alcântara, mulher, negra, e da periferia Piauiense, que a partir do momento em que foi “eleita”, foi alvo de diversos ataques racistas pelas redes sociais. O que foi mais marcante foi o discurso de que a jovem teria ganhado o concurso por cotas, mesmo representando o padrão estético de uma Miss, em um país extremamente miscigenado e de maioria negra.

        Monalysa, Fabio Porchat (homem, branco e de classe alta), dois homens negros, outro homem branco de classe mais desfavorecida e uma mulher branca fizeram então o Jogo do Privilégio, funciona assim: todos os participantes iniciaram o jogo com a mesma quantidade de pontos – representados por balões-, e eram então sugeridas situações de machismo, racismo ou privilégios. Se a pessoa já tivesse sido alvo de machismo ou racismo, perdia um balão, e se tivesse sido privilegiada por algum motivo, ganhava um balão.

        A primeira questão pedia para que estourasse um balão quem já tivesse sido seguido por um segurança dentro de um estabelecimento, e em seguida, quem já foi injustamente acusado pelo sumiço de algum objeto. O homem negro perdeu então dois balões. O apresentador, branco e de classe alta, ganhou um balão por ter sido presenteado com um carro pelos pais. A situação seguinte foi: estoure um balão caso já tenha desistido de usar uma roupa por medo de assédio na rua. Monalysa e a outra participante mulher estouraram um balão. Todos os participantes negros estouraram balões quando questionados se já tiveram amigos próximos presos, e também se já tiveram que mudar seus cabelos naturais para uma vaga de emprego. No final do jogo, Monalysa, mulher, negra e de periferia, tinha menos balões que a outra mulher do jogo, e bem menos que os homens.

        Esse jogo ilustrou muito bem o que entendi como ideia central do texto da Patricia Hill Collins, pois mesmo sofrendo com o machismo, a mulher branca carrega privilégios gigantes em relação a mulher negra, a mulher rica a mulher pobre, também como exemplo, como cada um carrega uma parte opressora em si. Todos nós temos uma parcela de privilégio e de opressão. O vídeo apesar de cunho humorístico, mostra as múltiplas formas de opressão que o indivíduo pode sofrer, como existe a reflexão no “Em direção a uma nova visão: raça, classe e gênero como categorias de análise e conexão”.  Creio que o apelo final do texto para que enxerguemos as opressões e privilégios que temos com empatia com as demais biografias também surja nesse jogo, já que toda a massa brasileira é atingida pelo programa por ser em uma emissora bem popular e aberta.