Trajetória do serviço social no Brasil

2 DESENVOLVIMENTO

“Trajetória do Serviço Social no Brasil; 1. Reconstrução Histórica do Serviço Social e suas Relações com as classes Sociais.”

O percurso que o Serviço Social fez, trouxe um parâmetro histórico para a profissão no Brasil, junto com suas dificuldades enfrentadas até os dias de hoje.

Foi sem dúvida uma profissão criada para realizar os interesses das classes dominantes daquele tempo, vinculado pelo processo capitalista que se intensificava no Brasil trazidos pela Revolução Industrial, onde fez surgir o interesse pelo acúmulo de capital no sentido da “Mais Valia”, e assim resultando em grandes rivalidades e oposições entre as classes sociais, pois a população que se encontrava na zona rural se viu obrigada a ir para os grandes centros urbanos em busca de sobrevivência. Desprovidos de capital, tinham que vender sua força de trabalho, e a partir daí começaram se ver indignados ao que eram submetidos, sem condições mínimas de trabalho, saúde, educação e salários muito baixos. Por causa dessa intensa revolta é que foi criada a chamada “questão social”.

Onde relata Iamamoto, que a questão social é apreendida como um conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade. A globalização da produção e dos mercados não deixa dúvidas sobre esse aspecto: hoje é possível ter acesso a produtos de várias partes do mundo, cujos componentes são fabricados em países distintos, o que patenteia ser a produção fruto de um trabalho cada vez mais coletivo, contrastando com a desigual distribuição da riqueza entre grupos e classes sociais nos vários países, o que sofre a decisiva interferência da ação do Estado e dos Governos. (IAMAMOTO, 2008, p. 27)

Os capitalistas vendo essa situação começaram a perceber que não era mais possível dominar a repressão, sendo que estava interferindo de péssima forma no processo de produção. Era a hora de conseguir alguma solução para houvesse o consenso.

Como a igreja católica era a principal figura daquele tempo, onde comandava tudo, ela viu na questão social interesse para assumir um papel ativo cristão dentro da sociedade e consolidar a sua doutrina, colocando grupos sociais femininos ligados a ela, que faziam parte da burguesia, para prestar o assistencialismo, dando origem ao serviço social.

Foram esses grupos que fundaram no Rio de Janeiro e em São Paulo centros de ação social e ação católica, que mais adiante iam criar as escolas de serviço social, que era um departamento específico para ação social e tinha como principal objetivo amenizar a repressão com caridade junto aos trabalhadores, mais tarde sendo incorporados a as instituições do estado para enfrentamento da questão social.

Em 1930, quando Getúlio Vargas assumiu o poder, ele implantou leis sociais, como por exemplo, jornada de trabalho de oito horas, férias remuneradas, garantia por tempo de serviço, indenização sem justa causa, convenção coletiva de trabalho, proteção ao trabalho da mulher e do menor, assistência à saúde, à maternidade, etc. Essa legislação trabalhista e sindical foi precisa porque Vargas estava reconhecendo a existência da questão social, pois era considerada “caso de polícia”, passando então a ser caso político do governo. Isso foi o resultado da luta reivindicatória do proletariado, dando aos trabalhadores direitos como forma de amenizar os conflitos, só que na verdade era uma política de governo corporativista e personalista, onde tinham trocas de favores em relação aos interesses particulares dos burgueses.

Mais tarde, em 1940 com o fim da Segunda Guerra Mundial, muitas mudanças sociais, políticas e econômicas acontecem no país gerando um intenso crescimento no processo industrial, e trazendo