Violencia Na 3º Idade
Casos: Violencia Na 3º Idade. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: bujato • 5/4/2014 • 5.069 Palavras (21 Páginas) • 264 Visualizações
Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia
versão impressa ISSN 1809-9823
Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. v.10 n.1 Rio de Janeiro 2007
A construção da violência contra idosos The construction of violence against the elderly
Ana Carla Petersen de Oliveira Santos Cátia Andrade da Silva Lucimeire Santos Carvalho Maria do Rosário de Menezes
INTRODUÇÃO
A violência que se desenvolve no espaço intrafamiliar é bastante complexa e delicada, sendo extremamente difícil penetrar no silêncio das famílias dos idosos violentados. A insegurança, o medo de represálias oriundos do conflito da consangüinidade, da proximidade, do afeto, do amor, do instinto de proteção em defesa do agressor são alguns exemplos de justificativas para a omissão dos idosos, quando violentados por seus familiares (MENEZES, 1999).
Paradoxalmente, parece existir uma concepção geral de que os idosos residentes nos seus lares obtêm de sua família condições facilitadoras para a preservação do seu equilíbrio afetivo. Mas como explicar as chamadas condições facilitadoras para a preservação do equilíbrio afetivo do idoso, quando se constatam altos índices de violência dentro das famílias? (CHAVES, 2003).
Menezes (1999) salienta que, em geral, o idoso vítima de violência sente-se permanentemente ameaçado, sendo incapaz de se defender para garantir sua segurança. Além disso, muitos desses indivíduos desconhecem os serviços de assistência e proteção contra violência e não têm quem os ajude na busca de socorro, por isso hesitam em denunciar seus agressores.
Nesse sentido, a violência ao idoso torna-se ainda mais preocupante, se compreendermos que o acelerado crescimento da população de idosos, apesar de ser considerado fator positivo para a história do desenvolvimento da humanidade, não ocorre em consonância com a criação de medidas que visem a garantir a qualidade de vida desses indivíduos. Ao contrário do que se imaginava, este crescimento apontou problemas de ordem social, política e econômica, fomentando a criação e o desenvolvimento da violência.
Dados estatísticos da Organização das Nações Unidas (ONU) revelam que, atualmente, 12% da população mundial possuem mais de 60 anos. No Brasil, o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2002, apontou 16 milhões de indivíduos com mais de 60 anos, representando 9,3% da população total.
O aumento expressivo do número de idosos nos últimos anos no Brasil e no mundo tem sua procedência a partir das transformações socioeconômicas que determinaram grandes inovações científico-tecnológicas, associadas a uma melhor condição de vida da população. Fazendo uma projeção para o ano de 2025, obtém-se uma população de idosos no Brasil de cerca de 14%, quando o país figurará com uma população de idosos semelhante ao que hoje é registrado em países desenvolvidos (COELHO FILHO & RAMOS, 1999).
Comparando a mortalidade por violência em idosos em relação às doenças cardiovasculares e o câncer, Minayo (2003) afirma que acidentes e violências são a sexta causa de morte em idosos no Brasil. Segundo a mesma autora, a maioria das internações por causas externas ocorre devido a lesões ou traumas provocados por quedas e atropelamento. Porém, as violências contra os idosos são muito mais abrangentes e disseminadas no país, evidenciando-se em abusos físicos, psicológicos, sexuais, financeiros e em negligências.
Gawryszewski11 et al. (2004) pesquisaram a morbi-mortalidade por causas externas em idosos no Brasil no ano de 2000 e concluíram que 11,4% das mortes em indivíduos com mais de 60 anos ocorreram por causas externas, contra 39,5% e 26,9% nos indivíduos de 15 a 29 anos e 30 a 44 anos, respectivamente.
Atualmente, considera-se a violência domiciliar como um sério problema de saúde pública. Estudos comparativos têm mostrado que indivíduos idosos de várias classes socioeconômicas, etnias e religiões são vulneráveis aos maus-tratos, que ocorrem de várias formas: física, sexual, emocional e financeira (MINAYO, 2003; MENEZES, 1999; FÁVARO).
[...] Configurando-se como um problema social e histórico, deve ser apreciado como objeto de atenção especial para a saúde pública e demais setores públicos, requerendo destes um esforço sobre-humano, no sentido de se criar estratégias para seu enfrentamento (HIJAR-MEDINA et al., 2003). Entretanto, para se enfrentar a violência, faz-se necessário, primeiramente, compreendê-la. Nesse sentido, a concepção linguística da palavra “violência” é descrita por Ferreira (1986) como sendo um constrangimento físico e moral, coação, força e qualidade de violento.
Também foi possível confirmar que a maioria dos agressores de idosos é um familiar ou algum conhecido. Isso revela que a intensidade da violência está associada à intimidade das relações. Ainda através desses estudos, emergiu o perfil do abusador, que na sua grande maioria eram os filhos homens, cônjuge, noras e genros (MENEZES, 1999; FÁVARO, 2003; MINAYO, 2003).
Nesse contexto, é impossível ignorarmos ou omitirmos a relevância da violência intrafamiliar contra o idoso. A amplitude e a complexidade desta questão nos reportam à reflexão de que as ações que visam a romper com este ciclo criminoso ainda são muito incipientes e muito há ainda o que se debater.
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Questão
A violência ao idoso torna-se ainda mais preocupante se compreendermos que o acelerado crescimento da população de idosos, apesar de ser considerado fator positivo para a história do desenvolvimento da humanidade, não ocorre em consonância com a criação de medidas que visem a garantir a qualidade de vida desses indivíduos. Ao contrário do que se imaginava, esse crescimento apontou problemas de ordem social, política e econômica, fomentando a criação e o desenvolvimento da violência. Quais medidas poderiam acabar ou diminuir com esses problemas tão alarmantes na sociedade?
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