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Violência Michel Foucault

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Por:   •  3/12/2014  •  1.997 Palavras (8 Páginas)  •  641 Visualizações

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Violência Michel Foucault

Introdução

As análises genealógicas de Foucault descrevem o funcionamento de uma série de mecanismos disciplinares nas sociedades modernas. Esses mecanismos se caracterizam por tornar os gestos dos indivíduos cada vez mais eficientes através de um controle permanente e calculado. A Disciplina “adestra” os corpos no intuito de tanto multiplicar suas forças, para que possam produzir riquezas, quanto diminuir sua capacidade de resistência política. É nesse sentido que a função da disciplina não pode ser confundida com a da opressão. Enquanto esta pode mesmo chegar a destruir o corpo; a disciplina, por sua vez, pretende aproveitá-lo ao máximo, como se ele fosse uma máquina. Este trabalho pretende abordar os procedimentos que caracterizam aquilo que Foucault denominou de Poder Disciplinar.

Objetivos

• Caracterizar a noção de Disciplina nas pesquisas genealógicas de Foucault.

• Mostrar como se dá o funcionamento do Poder Disciplinar nas sociedades modernas.

Metodologia

Análise e interpretação do conteúdo de Vigiar e punir e de textos que abordem o instrumental conceitual de Foucault.

Resultados

Primeiramente a de se ter um esclarecimento do que vem a ser a disciplina, quando se fala em uma abordagem segundo o método genealógico. Ela assume, sob esta ótica, dois sentidos distintos: como uma modalidade de saber, um ramo do conhecimento formado e justificado por uma epistemologia inerente, através de um sistema cumulativo de informações. Entendida como “um sistema de registro intenso e de acumulação documentária” (Foucault, M. Vigiar e punir, p. 168), no qual aparecerá o “indivíduo como objeto descritível, analisável” (idem, p. 169); como algo que separa, ordena e classifica, tornando homogêneos os grupos, para que o mesmo estatuto normalizador vigore; idéia de um conjunto organizado e, desta forma, controlado, de forma imposta (repressão) ou consentida (estimulação). Entendida como dispositivo responsável pela “organização de campos comparativos que permitam classicar, formar categorias, estabelecer médias, fixar normas” (idem, p. 169), base do “jogo moderno das coerçoes sobre os corpos, os gestos, os comportamentos” (idem, p. 170). Ele se exerce através de um único olhar e de forma permanente, tudo vê, para “agir sobre aquele que abriga, dar domínio sobre seu comportamento, reconduzir até eles os efeitos do poder, oferecê-los a um conhecimento, modificá-los” (idem, p. 154-5).

Para entendermos as proposições foucaultianas em relação ao conceito de disciplina, encontramos na atividade militar uma espécie de ilustração do que está em jogo, notadamente naquilo que a figura do soldado passa a personificar a partir do século XVIII. No século XVII, “o soldado é antes de tudo alguém que se reconhece de longe; que leva os sinais naturais de seu vigor e coragem, as marcas também de seu orgulho: seu corpo é o brasão de sua força e de sua valentia (...) as manobras como a marcha, as atitudes como o porte da cabeça se originam, em boa parte, de uma retórica corporal da honra” (Foucault, M. Vigiar e punir, p. 117). No século XVIII, por sua vez, “o soldado tornou-se algo que se fabrica; de uma massa informe, de um corpo inapto, fez-se a máquina de que se precisa; corrigiram-se aos poucos as posturas” (Ib.).

Esses exemplos mostram que há uma transição no modo como o corpo humano é abordado na cultura ocidental. O primeiro momento refere-se a uma época em que os mecanismos disciplinares não haviam sido instaurados; já o segundo demonstra que, através do poder disciplinar, este soldado pode ser moldado aos poucos, até atingir um desempenho ideal. Foucault afirma que somente com o exercício pode-se desenvolver aptidão profissional ou alguma técnica. As instituições de ensino exercitam os educandos para que se moldem e aprendam a moldar a si mesmos. No entanto, “o problema é que não raro essa formação foi constituída como um processo de subjetivação externa, heterônoma, constituindo sujeitos para uma máquina social de produção e de reprodução” (Rago, M.; Veiga-Neto, A. Figuras de Foucault, p. 259).

Ao afirmar que “em qualquer sociedade, o corpo está preso no interior de poderes muito apertados, que lhe impõem limitações, proibições ou obrigações” (Foucault, M. Vigiar e punir, p.126). Foucault já explicita que formas de micropoderes já perpassam informações, acarretando instantaneamente em transformações e modificações de condutas por todo o corpo social, atribuindo influências de certos tipos de poder nas manifestações dos indivíduos.

O corpo social, ao longo dos anos, consolida-se como algo fabricado, influenciado por uma coação calculada, esquadrinhado em cada função corpórea, com fins de automatização.

O homem é o principal alvo e objeto do poder, tendo como meta a tarefa de incorporar nos corpos características de docilidade. Para Foucault, é dócil “um corpo que pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ser transformado e aperfeiçoado” (Foucault, M. Vigiar e punir, p. 126). Suas formas de modelagens são dadas através do adestramento, sendo utilizado como uma poderosa ferramenta de controle, partilhando-se de forma disciplinadora, considerada como “fórmulas gerais de dominação” (idem, p. 126).

O que Foucault nos ensina é que a idéia de disciplina faz parte do cotidiano social em que nos encontramos. Ela atinge nossos corpos nos menores detalhes e de forma contínua. Entra aqui a idéia de poder, tão estudada nas obras de Foucault, caracterizado não como algo substancial: “o poder não é uma propriedade, uma realidade centralizada, unitária, que se possui ou não. É algo mais complexo, difundido (...)” (Calomeni, T. C. B. Michel Foucault: entre o murmúrio e a palavra, p. 29). em todos os espaços da sociedade, fazendo valer sempre suas intenções, deslocando sua ideologia de acordo com sua vontade e da forma que melhor lhe couber.

O poder disciplinar, contudo, não se firma como algo destruidor: configura-se talvez como algo mais tenebroso e mais arrasador, pois adestra seus dominados com o fim de exercer sobre eles um poder que, de forma sutil, é capaz de utilizar toda sua força para torná-lo economicamente produtivo. É nesse sentido que é capaz até mesmo de fazer com que os indivíduos se desenvolvam ainda mais, acreditando estarem fazendo algo resultante de seu querer ou de sua vontade livre. A disciplina produz para a modelagem e controle dos corpos,

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