Visão Platônica sobre os regimes políticos
Por: vamopassar • 4/7/2018 • Trabalho acadêmico • 2.429 Palavras (10 Páginas) • 166 Visualizações
VISÃO PLATÔNICA SOBRE OS REGIMES POLÍTICOS
Sumário
- Introdução…………………………………………………………………....página 3
- Revisão Bibliográfica: breve análise sobre alguns regimes políticos, com ênfase na sofocracia e principalmente na democracia ateniense e seus aspectos............página 4
- Conclusão.........................................................................................................página 7
- Referências Bibliográficas...............................................................................página 8
- Introdução
Platão foi um filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, discípulo de Crátilo, seguidor de Heráclito e, posteriormente, de Sócrates. Compôs de forma muito importante a construção do conhecimento de varias áreas, principalmente com as escrituras de seus diálogos. Um desses foi intitulado de A República (Πολιτεία, ou Politeia, no original grego), em que descreve, através dos discursos de Sócrates, as diversas concepções políticas conhecidas até então, contrapondo-as com a sua ideia de um Estado perfeito.Tal idealização rejeitava a influência de sofistas, homens que cobravam taxas para ensinar, principalmente o discurso e estratégias de argumentação, para a educação política do homem grego. Além de não acatar para sua cidade ideal a visão mítica de mundo, presente nos poetas.
Na obra citada, o autor discorreu sobre alguns tipos de regimes políticos, os quais se distinguem por declínios ocorridos pela corrupção e serão tratados aqui. Dois deles são a sofocracia e a democracia, os quais serão o foco deste trabalho, o primeiro seria o regime ideal que seria governado pelos sábios e o segundo, sistema em que o poder pertence ao povo e todos os cidadãos possuem liberdade e igualdade. Segundo ele, tal regime, o qual critica, não preza pelas paixões individuais, pois a proposta do sistema é ser um governo feito pelo povo e para o povo.
- Revisão Bibliográfica: breve análise sobre alguns regimes políticos, com ênfase na sofocracia e principalmente na democracia ateniense e seus aspectos.
Os regimes políticos, na visão platônica, são resultado do que se passa na psique humana com relação aos sentimentos de paixões e desejos daqueles que os criaram. Para Platão, o funcionamento de uma cidade acontece de acordo com aquilo que se passa na alma dos cidadãos e o que acontece na alma dos mesmos, de acordo com o que se passa na cidade, ou seja, o meio em que se vive é reflexo do que se é, e vice-versa. Cada regime varia junto do pensamento humano. Ele identifica três aspectos principais que influenciam na essência da alma humana, e consequentemente na essência das cidades. Um deles é o racional/intelectivo, que se caracteriza pelo amor ao conhecimento, outro é o irascível ou ardoroso, sendo o amor das honras, da vitória e o espírito competitivo, e por último, o apetitivo o qual seria expresso pelos desejos carnais, como comidas, bebidas e sexo.
O filósofo elencou os regimes políticos de um modo que pode ser chamado de “graus de corrupção”, expressando falhas de cada regime postas hierarquicamente. Em primeiro lugar, há a cidade perfeitamente justa, que se caracteriza por estabelecer na alma dos governantes, uma ordem racional. Esta cidade seguiria a sofocracia.
A sofocracia é, basicamente, o governo dos sábios. Sua identidade pode ser entendida como influenciada pelos referenciais teóricos de Sócrates, que possuía caráter intelectualista. Para ele, se faz necessária uma disciplina moral anterior para obter o saber responsável pela concretização da virtude. Aqueles tocados apenas por suas paixões sensíveis, não possuem capacidade de obter esse conhecimento moral.
Platão parte do ponto de que a pólisé moral e ética. Ela deve realizar a justiça e a virtude, não apenas concentrar-se na conquista de bens materiais como a produção de riquezas. Para chegar a esse resultado seria necessário uma instituição composta por uma elite intelectual, educada rigorosamente com o conhecimento da verdadeira moral que deve ser princípio da vida política.
Logo, o autor chega a conclusão de que o único regime que funcionaria é aquele que concederia o poder aos que detém conhecimento relacionado à organização da cidade, aos que possuem sabedoria.
“Enquanto os filósofos não forem reis nas cidades, ou aqueles que hoje denominamos reis e soberanos não forem verdadeira e seriamente filósofos, enquanto o poder político e a filosofia não convergirem num mesmo indivíduo, enquanto os muitos caracteres que atualmente perseguem um ou outro destes objetivos de modo exclusivo não forem impedidos de agir assim, não terão fim, meu caro Glauco, os males das cidades, nem, conforme julgo, os do gênero humano, e jamais a cidade que nós descrevemos será edificada. Eis o que eu hesitava há muito em dizer, prevendo quanto estas palavras chocariam o senso comum. De fato, é difícil conceber que não haja felicidade possível de outra maneira, para o Estado e para os cidadãos.”
A ideia de justiça discutida no diálogo A República, no regime ideal, consistiria no fato de cada um cumprir a obrigação que lhe cade de acordo com suas aptidões. Haveria três categorias para atribuir as obrigações: governantes, os quais seriam filósofos, os guerreiros, que seriam responsáveis pela segurança da cidade e os que se dedicariam aos trabalhos produtivos. Trata-se de um sistema que nunca foi concretizado.
Em segundo lugar, está a timocracia, regime que se baseia no governo exercido por homens que se dizem honrados, vitoriosos e capacitados, já que possuem bom desempenho como soldados ou caçadores. Teria sido o primeiro declínio do melhor regime.
“é severo com os criados, mas não deixa de ter consciência deles, como quem recebeu uma educação perfeita, é brando para com os homens livres,submetendo-se inteiramente à autoridade, desejoso do comando, amante das honrarias, aspira a comandar não pela virtude das suas palavras, ou por outra qualidade qualquer do mesmo gênero, mas sim pela sua atividade bélica, pelo talento militar; terá igualmente a paixão da ginástica e da caça.”
Logo após, Platão julga que a oligarquia ficaria em terceiro lugar. Corrupção do regime timocrático, já que nela, o desejo por riquezas sobrepõe-se aos valores dos guerreiros. Não há intelecto necessário para a governabilidade. Além disso, o objetivo do Estado perde seu fim administrativo.
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