Você Tem Cultura?
Artigo: Você Tem Cultura?. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: alinerodriguesss • 17/6/2014 • 796 Palavras (4 Páginas) • 570 Visualizações
Você tem cultura?
Retomemos os dois sentidos da palavra. Usa-se cultura como sinônimo de sofisticação, de sabedoria, de educação no sentido restrito ao termo. Quer dizer, nos referimos a certo estado educacional destas pessoas, querendo indicar com isto sua capacidade de compreender ou organizar certos dados e situações. Cultura aqui é equivalente a volume de leituras, controle de informações, títulos universitários e chega a ser confundido com inteligência, como se fosse algo a ser medido pelo numero de livros que uma pessoa leu, etc. Neste sentido, cultura é uma palavra usada para classificar as pessoas e, às vezes, grupos sociais, servindo como uma arma discriminatória contra algum sexo, idade ou mesmo sociedades inteiras.
A palavra personalidade, tal como ocorre com a palavra cultura, penetra o nosso vocabulário com dois sentidos bem diferenciados. Para a Psicologia, personalidade define o conjunto dos traços que caracterizam todos os seres humanos. É aquilo que singulariza todos e cada um de nós como diferente, com interesses, capacidades e emoções particulares. Na vida diária, personalidade é usada como um marco para algo desejável e invejável para uma pessoa. Dizer que “João não tem personalidade”, quer apenas dizer que ele não é uma pessoa atraente ou inteligente. Mas no fundo, todos têm personalidade, embora nem todos possamos ser pessoas belas ou magnetizadoras. Mesmo uma pessoa “sem personalidade” tem personalidade na medida em que ocupa um espaço social e físico e tem desejos e necessidades.
Quando um antropólogo social fala em cultura, ele usa a palavra como um conceito chave para a interpretação da vida social. Para nós, cultura não é um referente que marca hierarquia de civilização, mas a maneira de viver total de um grupo, sociedade, país ou pessoa. Cultura é em Antropologia Social e Sociologia, um mapa, um receituário, um código através do qual as pessoas de um dado grupo pensam, classificam, estudam e modificam o mundo e a si mesmas. Justamente porque partilham parcelas importantes deste código (a cultura), que um conjunto de indivíduos com interesses e capacidades distintas transforma-se num grupo e podem viver juntos, porque a cultura lhes forneceu normas que dizem respeito aos modos de comportamento. Por outro lado, a cultura não é um código que se escolhe simplesmente, está dentro e fora de cada um de nós. Quer dizer, as regras que formam a cultura é algo que permite relacionar indivíduos entre si e o próprio grupo com o ambiente onde vivem. Pensamos a cultura como algo individual que as pessoas inventam, modificam e acrescentam. Assim teríamos a cultura e culturas particulares e adjetivadas (popular, nordestina, etc.), como formas secundárias, incompletas e inferiores de vida social. Mas a verdade é que todas as formas culturais ou todas as subculturas de uma sociedade são equivalentes. O problema é que sempre que nos aproximamos de alguma forma de comportamento e de pensamento diferente, tendemos a classificar a diferença hierarquicamente, que é uma força de excluí-la. Outro modo de perceber e enfrentar a diferença cultural é tomar a diferença como um desvio, deixando de buscar seu papel numa totalidade.
No sentido antropológico, portanto, a cultura é um conjunto de regras que nos diz como o mundo pode e deve ser classificado. Ela não pode prever completamente
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