A Convivência da Cultura
Por: Geovana Soledade • 25/9/2020 • Resenha • 781 Palavras (4 Páginas) • 390 Visualizações
YÚDICE, George. A conveniência da cultura: usos da cultura na era da global. 2ªed. – Belo Horizonte, editora da UFMG, 2013. (“A funkificação do Rio “, pp.175-206; “A cultura a serviço da justiça social”, pp. 207-240).
A definição básica do texto “a cultura da conveniência” é de que a cultura é hoje um recurso que gera e atrai investimentos, cuja distribuição e utilização, seja para o desenvolvimento econômico e turístico, seja para as indústrias culturais ou novas indústrias dependentes da propriedade intelectual, mostra-se como fonte inesgotável. Nesse sentido, a cultura pressupõe seu gerenciamento, perspectiva distinta das características da alta cultura e da cultura cotidiana no sentido antropológico. Essa perspectiva, contudo, não implica que sua análise inviabilize “aplicações” antropológicas, senão que imprime uma necessária revisão da importância da análise situacional nos estudos antropológicos que se debruçam sobre práticas e representações culturais contemporâneas. Visando elaborar uma compreensão dessa contribuição, vou expor os princípios de sua elaboração e deixarei à margem suas ilustrações, pelas limitações de uma resenha. A concepção de “cultura como recurso” é tomada pelo autor desde a absorção da ideologia e da sociedade disciplinar pela racionalidade econômica e ecológica, na contemporaneidade. Inserida no movimento global das indústrias culturais, que discursam pela preservação das tradições como forma de manter a biodiversidade, a cultura conteria e expressaria elementos importantes para os agenciamentos da sociedade civil.
"...o papel da cultura expandiu-se como nunca para as esferas política e econômica, ao mesmo tempo que as noções convencionais de cultura se esvaziaram muito." [25]
"...cultura de nosso tempo, caracterizada como uma cultura de globalização acelerada, como um recurso." [25]
"... a cultura está sendo crescentemente dirigida como um recurso para a melhoria sociopolítica e econômica, ou seja, para aumentar sua participação nessa era de desenvolvimento político decadente, de conflitos acerca da cidadania. (Young, 2000:81-120)" [25]
"...a cultura se tornou um meio de internalizar o controle social. Tony Bennet (1995) demonstrou que a cultura proporcionou não somente uma melhoria ideológica, segundo a qual as pessoas seriam avaliadas em termos de valor humano, mas também uma inscrição material nas formas de comportamento.... O modo de andar, de se vestir, de falar etc." [26]
"...Theodor Adorno na primeira metade do século XX definiu arte como o processo pelo qual o indivíduo ganha liberdade exteriorizando-se, em contraste ao filistino 'quem anseia pela arte por aquilo que consegue extrair dela'." [27]
" Por que nós voltamos para a legitimação baseada na utilidade? Existem duas razões principais. A globalização pluralizou os contatos entre os diversos povos e facilitou as migrações, problematizando assim o uso da cultura como um expediente nacional. Além disso, nos Estados Unidos, o fim da Guerra Fria enfraqueceu o fundamento legitimador de uma crença na liberdade artística, e, com ele, o apoio incondicional às artes, que, até o momento, constituía o principal indicador da diferença com a União Soviética." [28]
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