ANÁLISE DISCURSIVA DA PROPAGANDA “É SEMPRE BOM OLHAR PARA TODOS OS LADOS"
Por: monjardin • 23/6/2021 • Artigo • 3.942 Palavras (16 Páginas) • 181 Visualizações
ANÁLISE DISCURSIVA DA PROPAGANDA “É SEMPRE BOM OLHAR PARA TODOS OS LADOS”
Diego Antônio de Souza Pereira[1]
RESUMO
A Ciência da comunicação e Informação tem crescido de forma rápida e eficiente em uma infinidade de recursos que facilitam a divulgação e propagação de relatos organizacionais que visam construir ou reconstruir a imagem de um determinado sujeito. Este estudo propõe uma analise do discurso de narrativas construídas pela Mineradora Samarco na propaganda “E sempre bom olhar para todos os lados” a qual faz parte de uma série de propagandas vinculadas à internet e à TV aberta que visam construir uma imagem positiva da empresa. A análise desse material identifica os tipos de vozes e de corpos distintos que insistem em misturar-se. Visivelmente vê-se a terceirização de responsabilidade através de um discurso tendencioso.
PALAVRA –CHAVE - Análise do Discurso, Interdiscurso, propaganda, mídia.
ABSTRATO
Technologies of Communication and Information have grown quickly and efficiently in a multitude of resource that facilitate the dissemination and propagation of organizational reports to build or rebuild images of a specific subject. This study proposes a analysis discursive of narrative built by the Mining Samarco Company in advertising "It is always good to look at all sides" which is part of a series of advertisements linked to the internet and open TV that pretend to build a positive image of the company. The analysis of this source identifies the types of voices and distinct bodies that insist mixing- up in. The outsourcing of responsibility is visibly in a tendentious discourse.
KEY-WORDS – Discourse Analysis, Interdiscourse, Advertisements, Midia.
- INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo analisar para entender e esclarecer a estratégia comunicativa discursiva presente na propaganda “E sempre bom olhar para todos os lados” da Mineradora Samarco, produzidos nas semanas seguintes ao maior desastre ambiental ocorrido região, que aconteceu no dia cinco de novembro de 2015, devido o rompimento da barragem de rejeitos de Fundão, localizada no subdistrito de Bento Rodrigues, a 35 km do centro do município brasileiro de Mariana, Minas Gerais. Entender a intenção discursiva de um determinado sujeito requer, em muitos casos, uma analise profunda do objeto em pauta devido o jogo de palavras utilizadas por seus criadores. Reconhecendo que o interdiscurso é resultado de um discurso e que o cruzamento do mesmo só é possível se o individuo dispor de conhecimento suficiente que lhe dê suporte para um bom entendimento, além dos esclarecimentos prévios provido por documentário (A tragédia ambiental de Mariana, em Minas Gerais 07/07-2016), reportagem (Fantástico fala sobre a tragédia em Mariana, MG 11/16/2016) e propaganda (Ideologia e Manipulação Nélson Jahr Garcia) relacionados ao assunto em questão, recorremos também a várias autoridades no assunto, como: Pêchex (1990), Orlandi (2012), Foucault (2004), Barkhtin (2010) e outros, para que a análise pudesse ser feita de forma independente.
Através da interdiscursividade, o enunciador recorre a outros saberes, tornando seu discurso mais eficiente, recheando-o de estratagemas que visam argumentar, convencer e persuadir seu enunciatário, provocando uma adesão afetiva ou não, dependendo de sua habilidade e astúcia no do jogo das palavras. Para que o enunciatário identifique um discurso, “escondido” em um interdiscurso e sua intenção, necessitará de conhecimento adequado para tal situação, Fiorin (1994) afirma que: ainda que o leitor não reconheça o interdiscurso, compreendê-lo-á, e quando conseguir ligar uma coisa a outra, seu entendimento e reflexão serão maiores. Portanto, o trabalho a seguir tem como objetivo compreender e esclarecer o discurso da propaganda publicitária “É sempre bom olhar para todos os lados” da Mineradora Samarco, e para esta análise discursiva, teremos como sustentáculo a temática Análise do Discurso.
- REFERENCIAL TEÓRICO
A Analise do Discurso é conhecida como uma prática da Linguística no campo da comunicação que consiste em analisar a estrutura de um texto e a partir disto compreender as construções ideológicas presentes no mesmo. A análise do Discurso tem o Discurso como o fator primordial de análise, pois é ele que sustenta os diferentes textos produzidos por uma sociedade, textos estes que vão além da fala, abrangendo figuras, gestos, símbolo.... tudo aquilo que possa conter algum significado. Através da Analise do Discurso é possível fazer uma leitura profunda do enunciado e trazer a existência aquilo que foi dito e o que não foi dito, estando entre linhas.
Através das estruturas que lhe são próprias, toda língua esta necessariamente em relação, com o “não está”, o não está mais”, o “ainda não está”, e o “nunca estará” da percepção imediata; nela se escreve assim a eficácia omn-histórica da ideologia como tendência incontornável a representar as origens e os fins últimos, o alhures, o além e o invisível (PÊCHEUX, 1990,p.8).
Se observarmos do ponto de vista histórico, perceberemos que a Análise do Discurso teve como ponto de partida os estudos da retórica grega que começaram a mais de dois mil anos atrás e vem sendo moldado com o passar dos anos, chegando ao presente momento com linhas de estudos diferentes, inclusive com a linha francesa que objetiva uma “analise automática do discurso” por meio da informática, pode-se assim dizer que, a Análise do Discurso compreende um campo de estudo em formação cujas fronteiras não estão claramente delimitadas.
A Análise do Discurso, como o seu próprio nome indica, não trata da língua, não trata da gramática, embora todas essas coisas lhe interessem. Ela trata do discurso. E a palavra discurso, etimologicamente, tem em si a ideia de curso, de percurso, de correr por, de movimento. O discurso é assim palavra em movimento, prática de linguagem: com o estudo do discurso observa-se o homem falando (ORLANDI, 2007, p. 15).
Como ponto de partida para a Análise do Discurso, a Retórica, original do grego rheorike, significa a arte de falar bem, de se comunicar de forma clara, transmitir ideias com convicção a qual começou no século V a.C, na Sicilia e chegou à Atenas através do Sofista Górgias, desenvolvendo-se nos círculos políticos e judiciais da Grécia antiga. O objetivo da Retórica, à priori, era persuadir a audiência, com assuntos variados, porém, a temática ajustou-se à comunidade tornando-se sinônimo de falar bem. Aristóteles, professor de Retórica da Grécia Antiga, começa sua carreira examinando profundamente o objeto de estudo de sua disciplina, indo além do que seu professor Sócrates foi. Aristóteles observou o poder da persuasão através da Retórica e começou a investigar as causas dessa persuasividade. Segundo Aristóteles, o que está em jogo na arte de convencer pelo discurso não é a verdade, mas os índices que provoquem os efeitos de verdade, despertando nos ouvintes o sentimento previamente calculado, "porque os juízos que proferimos variam consoante experimentamos aflição ou alegria, amizade ou ódio" (ARISTÓTELES:s/d, p.33)
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