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Anthony Giddens e as Conseqüências da Modernidade

Por:   •  21/12/2015  •  Artigo  •  4.144 Palavras (17 Páginas)  •  877 Visualizações

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Anthony Giddens e as conseqüências da modernidade

                                                      Robson Sena do Nascimento*

RESUMO

Este trabalho busca compreender o pensamento de Anthony Giddens. Através da análise de seu livro – As conseqüências da modernidade (1990) – onde são propostas teorias rigorosas e inovadoras, Giddens nos oferece uma provocativa interpretação sobre a sociedade Moderna. Argumenta que ainda não somos pós-modernos, mas que vivemos numa sociedade altamente modernizada, no que concerne ao seu desenvolvimento tecnológico, informatizado, globalizado.


Palavras-chave: Anthony Giddens; teoria social; modernidade

INTRODUÇÃO

O que está nos "bastidores" desse processo transitório de um momento histórico socioeconômico, isto é da passagem para a sociedade da informação, é o que Giddens, (1991), denomina de "descontinuísmo". As instituições sociais assumem contornos novos e diferentes das formas tradicionais. Logo o chamado "pós-moderno", (LYOTARD, 1985), seria um período em que alguns aspectos da modernidade emergem de forma diversa do tradicionalmente conhecido, e sua compreensão se dá pela, "captura da natureza da descontinuidade em questão".

As descontinuidades são um traço marcante do desenvolvimento humano, mas as que o autor se debruça em especial relacionam-se com a consolidação da modernidade, que segundo ele, "são mais profundas que a maioria dos tipos de mudanças características dos períodos precedentes". Obviamente que o moderno e o tradicional não são mutuamente excludentes e ignorar suas coexistências seria mera grosseria.

Os impactos das transformações ocorridas no último quartil do século passado e neste início de terceiro milênio, obviamente de um ponto de vista histórico-social, são mais dramáticas e abrangentes do que em períodos anteriores, alterando a configuração social em uma velocidade sem precedentes. Neste diminuto período de tempo houve um frisson tão intenso, que seus aspectos mais concernentes ficaram ocultos e em aberto, por sua própria natureza complexa e seu curso contemporâneo, causando uma mixórdia estrutural. "A história não tem a forma "totalizada" que lhe é atribuída por suas concepções evolucionárias" (GIDDENS, 1991). A história é descontínua, logo é preciso desconstruir esta unicidade evolutiva de sucessão de eventos escritos muitas vezes a partir de idiossincrasias. O ritmo das mudanças, o escopo de influência mais globo e a natureza intrínseca das instituições são alguns dos aspectos mais salientes da modernidade, traços característicos deste momento histórico. Giddens, (1991), chama atenção para as dualidades, segurança e perigo e confiança e risco, imersas pela difusão em escala mundial das instituições modernas. Os paradoxos da modernidade agem como um fenômeno de dois gumes, ao mesmo tempo em que proporcionam mais segurança e oportunidade aos indivíduos, revelam um lado sombrio, como o autor, imprevisto pelos "patriarcas fundadores da sociologia", que acreditavam que as possibilidades benéficas superariam as características negativas.

Marx via a luta de classes como fonte de dissidências fundamentais na ordem capitalista, mas vislumbra ao mesmo tempo a emergência de um sistema social mais humano, (GIDDENS, 1991). Durkheim acreditava que a expansão ulterior do industrialismo estabelecia uma vida social harmoniosa e gratificante, integrada através da divisão do trabalho e do individualismo moral, (GIDDENS, 1991). Max Weber, (GIDDENS, 1991), era o mais pessimista entre os três, vendo o mundo moderno como um mundo paradoxal onde o progresso material era obtido apenas à custa de uma expansão da burocracia que esmagava a criatividade e a autonomia individual. Ainda assim, nem ele mesmo antecipou plenamente o quão extensivo viria a ser o lado mais sombrio da modernidade.

No intuito de revelar as características mais sórdidas da modernidade, Giddens, (1991), acaba por reconhecer que os clássicos da sociologia reconheceram que o trabalho industrial moderno trazia consequências degradantes, "submetendo à disciplina de um labor maçante e repetitivo os trabalhadores". Mas não se chegou a prever que o desenvolvimento das, "forças produtivas" teria um potencial destrutivo de larga escala em relação ao meio ambiente material. Preocupações ecológicas nunca tiveram espaço nas tradições de pensamento incorporado na sociologia, e não é surpreendente que os sociólogos hoje encontrem dificuldade em desenvolver uma avaliação sistemática delas, (GIDDENS, 1991). Outro aspecto seria o poder político expresso na forma de despotismo e principalmente totalitarismo.

Giddens cita o poder econômico, político e militar, como instituições que acabaram por lançar seu controle sobre o resto do mundo, demonstrando que essas não perdem sua força, mas sim se expandem na dita "pós-modernidade".

Uma vinculação entre o poder militar e o industrialismo, pode ser percebido com a industrialização da guerra, assim como a relação entre industrialismo e capitalismo. O industrialismo torna-se o eixo principal da conexão entre os seres humanos e natureza em condições da modernidade. Este fato desvincula os indivíduos agindo como extensões da natureza e os coloca em interação de manipulação com esta através do industrialismo.

            O contrato de trabalho capitalista não repousa diretamente sobre a posse dos meios de violência, e o trabalho assalariado é nominalmente livre, estabelecendo uma relação de dominação de classes diferentes da (escravidão), pautada na transferência do contrato de trabalho para as mãos das autoridades do estado, (GIDDENS, 1991). O estado-nação é outra instituição que proporcionou a aceleração da modernidade.

            Giddens, (1991), trata como fontes do dinamismo da modernidade: distanciamento tempo-espaço, desencaixe e reflexividade, não são espécies de instituições, mas condições que facilitam as transformações.

            Na globalização da modernidade, "a vida social é ordenada através do tempo e do espaço". O distanciamento entre o tempo e o espaço, relações entre envolvimento local e interação através de distância. Este processo se da pelo alongamento das relações entre formas sociais locais e distantes, conectando regiões e contextos sociais através da superfície da terra. A globalização repousa no ponto em que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-versa.

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