Os Conceitos básicos de Antropologia
Por: Mariana David • 17/11/2017 • Trabalho acadêmico • 1.939 Palavras (8 Páginas) • 298 Visualizações
1 - Considerando a primeira parte do curso (“Os conceitos básicos de Antropologia”), o aluno deverá produzir um texto que:
- Defina o conceito de Cultura;
- Demonstre a evolução desse conceito na história da Antropologia;
- Defina os conceitos de Relativismo Cultural e Etnocentrismo;
- Explique porque toda “cultura tem uma lógica própria”;
- E explique porque toda “cultura é dinâmica”.
O primeiro conceito de Cultura foi formulado do ponto de vista antropológico pertencente a Edward Tylor, em seu livro Primitive Culture (1871), que procurou demonstrar que a cultura pode ser objeto de um estudo sistemático, por se tratar de uma fenômeno natural, tal qual possui causas e regularidades. Dessa maneira,permite um estudo objetivo e uma análise objetiva sobre si, capazes de proporcionar fórmulas e leis sobre o inteiro processo cultural e de evolução. Tylor, então, apoiava-se nas leis da natureza e da ciência. Acreditava na doutrina da ordem pitagoriana, afirmava, como Artistóteles, que a natureza não é constituída de episódios incoerentes. No entanto, ainda na metade do século XIX, Tylor se defrontava com as ideias da natureza surgidas a partir da teologia e da metafísica.
Tyler preocupava-se com a diversidade cultural, em outras palavras, a diferença de “raças” existentes na humanidade. Essa diversidade é explicada como o resultado da desigualdade de estádios diferentes existentes no processo de evolução. Dessa forma, uma das tarefas da antropologia seria a de estabelecer uma “escala de civilização”, ao colocar as nações européias em um dos extremos e em outro as tribos selvagens, como se toda a humanidade estivesse dividida entre dois limites: civilizados e não civilizados. No entanto, é fácil compreender os fundamentos de Tyler se compreendermos que a época em que seu livro fora escrito, era o auge do evolucionismo unilinear graças a teoria evolucionista de Charles Darwin. Essa “escala de civilização” por sua vez, dava uma ideia que cada sociedade deveria percorrer etapas já percorridas por “sociedades mais avançadas”, ao passo de estabelecer uma escala evolutiva, em que sociedades humanas eram classificadas hierarquica e preconceituosamente por concederem nítidas vantagens às nações européias.
Esse evolucionismo unilinear, tal qual colocava as nações européias no “topo da cadeia alimentar” criaram um fenômeno denominado etnocentrismo, uma crença de que a própria sociedade é o centro da humanidade, ou mesmo a sua única expressão. Sentimento de que sua sociedade é melhor do que outras e que por isso você pode assim, colonizá-las ou aprimorar-se delas. Etnocentrismo foi o sentimento essencial para que Adolf Hitler conquistasse a sua população durante a Segunda Guerra Mundial. Essa crença de superioridade foi tão forte, que Hitler conseguiu convencer os alemães a massacrar os judeus e quase conseguiu vencer a guerra.
A principal reação ao evolucionismo, inicia-se com Franz Boas, que propôs a comparação dos resultados obtidos através do estudo histórico das culturas e da compreensão das condições psicológicas e do meio ambiente. De acordo com Boas, as investigações históricas são de extrema importância para o descobrimento de determinados traços culturais e de suas possíveis interpretações em dados conjuntos socioculturais. Podemos dizer que, com Boas, surgiu o particularismo histórico, segundo a qual cada cultura segue os seus próprios caminhos em função dos diferentes fatos históricos que enfrentou. Assim, a cultura só tem sentido a partir de uma abordagem multilinear.
Essa abordagem multilinear, denominada relativismo cultural, pode ser considerado o oposto do etnocentrismo. Enquanto um crê que a própria sociedade é o centro da humanidade (etnocentrismo), o outro acredita que as culturas passaram a ser compreendidas como algo único e os costumes e regras sociais de um determinado povo deveriam ser interpretados de acordo com as funções que desempenham em cada sociedade (relativismo).
Todo sistema cultural tem a sua própria lógica e é um ato primário de etnocentrismo tentar transferir a lógica de um sistema para outro. No entanto, a tendência mais comum é considera lógico apenas o próprio sistema e atribuir aos demais um alto grau de irracionalismo. Lévi-Strauss, em seu livro, O pensamento selvagem, combate a abordagem evolucionista de que as sociedades mais simples dispõem de um pensamento mítico que antecede o científico e por isso, lhes é inferior. No entanto, tudo que restava à essas sociedades como meio de obtenção de respostas eram os instrumentos sensoriais e de observação, portanto, não é nada ilógico supor que é o Sol que gira em torno da Terra, pois é esta a sua sensação. Dessa maneira, podemos dizer que as explicações encontradas pelos membros das diversas sociedades humanas são lógicas e encontram suas respectivas coerências dentro do próprio sistema. Assim, cada cultura colocou ordem em seu mundo ao estabelecer um sentido cultural em uma aparente confusão das coisas naturais.
Podemos afirmar que existem dois tipos de mudança cultural: uma interna, resultante de mudanças ideológicas e culturais e outra externa, tal qual é o resultado do contato de um sistema cultural com um outro e outras circunstâncias, como revoluções e novos métodos científicos (aculturação). Essa mudança cultural externa, é a mais atuante na maior parte das sociedades humanas pois é praticamente impossível pensar em um povo que viva isolado dos demais e que por isso seja afetado somente pela sua própria mudança interna. No entanto, é importante ressaltar que tanto as mudanças mais brutas como as mudanças menos latentes estão vinculadas ao caráter dinâmico da cultura.
O tempo é um elemento importante na dinâmica da cultura, uma vez que é a partir dele que é possível reconhecer que a cultura está sempre mudando. Por mais que quem se encontra inserido na sociedade não consiga perceber essa mudança, aquele que vê de “fora”, consegue. Em união com o tempo, há nas sociedades humanas um embate entre as tendências modernas e conservadoras, em que a primeira visa mudar a ordem regente e a segunda procura mantê-la.
A dinâmica da cultura, assim é extremamente importante para atenuar o choque entre as gerações passadas, presentes e futuras, além de evitar comportamentos preconceituosos. Da mesma forma que é fundamental para a humanidade seguir a lógica do relativismo cultural e compreender que existem povos de diferentes culturas, com diferentes histórias e nem por isso pode ser feita uma escala civilizadora em torno disso.
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