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RESENHA CRÍTICA DO TEXTO: ESTÉTICA DAS REDE: REGIMES DE VISUALIZAÇÃO NO CAPITALISMO COGNITIVO. DE IVANA BENTES

Por:   •  15/5/2017  •  Resenha  •  1.288 Palavras (6 Páginas)  •  434 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, COMUNICAÇÃO E ARTE

ESTÉTICA DA COMUNICAÇÃO

MÁRIO DANIEL DOS SANTOS

RESENHA CRÍTICA DO TEXTO: ESTÉTICA DAS REDE: REGIMES DE VISUALIZAÇÃO NO CAPITALISMO COGNITIVO. DE IVANA BENTES

MACEIÓ

2015

MÁRIO DANIEL DOS SANTOS

 

MACEIÓ

2015

    O texto em primeiro plano nos convida a uma reflexão acerca do que seria realmente original no mundo das redes digitais, haja visto que, uma grande parcela do que é produzido para internet tem como base conceitos e processos já existentes em outros meios, tais com; jornal, fotografia, rádio etc. De uma certa forma, alguns conceitos dentro desse universo apresentam a ideia de uma forma de arte exclusivamente pensada para o ambiente da rede, ou seja, essa forma de arte, denominada de cyberart, só poderia ser consumida por meio da internet. De acordo com a autora essa ideia não condiz com a forma plural que a rede capta os processos de formatação das diversas plataformas que constroem e transformam os meios de interação. A ideia é a de que a rede apresenta elementos essencialmente heterogêneos, isto é, processos humanos e não humanos apresentando uma noção de rede como sendo de uso essencialmente quando essa ação for distribuída. Assim sendo, do ponto de vista da autora uma rede é uma lógica de conexões. Isso faz todo sentido, haja visto que, sua definição se dá por seus agenciamentos internos e não, por seus limites externos. Isso ocorre pelo fato de que na rede não existe uma unidade, isto é, não existem pontos fixos, apenas linhas que crescem em todas as direções, com isso, tornando-se na sua totalidade, aberta. Partindo dessa ótica o texto sugere que o mais importante a ser observado são os movimentos de agenciamento e as mudanças por ele provocada.

    Levando em consideração os argumentos suscitados pelo texto nota-se que, é possível, através de algumas experiências, tornar visíveis e até mensuráveis estéticas potenciais dentro da rede. Um exemplo disso encontra-se na transformação sensorial vivida em um ambiente virtual em comparação com o “primeiro cinema”. O espectador-passageiro vê o mundo passar através de uma “janela”, já o mesmo espectador no ambiente cibernético experimenta um outro grau de imersão mental e corporal passando de espectador e personagem a produtor, ou seja, fazendo parte do processo e vivenciando diferentes níveis de imersão. Hoje é possível fazer cinema de forma a interagir, criar, compartilhar, buscar dados, tudo isso, além da mera representação visual.

    O exemplo disso são os “rastros no tempo” ou time lines, a partir deles, é possível conectar dados heterogêneos passíveis de análise, interpretação, combinatória na produção de conhecimentos novos.

    Outro aspecto importante abordado pelo texto diz respeito a visualização e suas interfaces. Através dela, ou da forma como ela se apresenta, a informação ganha formas distintas e surpreendentes. Em ambos os casos essa informação apresenta uma série de utilidades, desde questões estéticas, até as aplicações práticas do cotidiano. Tudo isso aponta para uma fusão entre a visualização e a percepção, ampliando de forma significativa a importância da visualidade nos dias atuais. Sendo assim, ferramentas que fundem localização e visualização acabam “demarcando” pessoas, ao passo que, possibilitam um grau de controle e vigilância, transformando quem estiver conectado a essa ferramenta, passar de um mero “espectador” para um possível “observador”, com isso, potencializando a sensorialidade da visualização. Toda essa tecnologia torna possível a observação dos aspectos complexos das interações através do mapeamento do fluxo das visualizações.

 

   

    No centro de toda essa dinâmica está a imagem, que, através da sua produção possibilita que toda visualização seja hoje vista como a representação de algo, que, de acordo com a autora, se assemelha a um “capo de forças” que por fim se relaciona com vários campos, assumindo assim, diferentes funções nos aspectos da vida social. Existe uma força nas chamadas “novas imagens” e principalmente na imagem digital, seu lado estético e econômico acaba produzindo uma nova forma de sociabilidade, isto, partindo do pressuposto,  que exista, como o texto chama atenção,  uma desterritorialidade  das imagens dentro da rede. Contudo, a imagem apresenta aspectos de algo vivo e muito disso por conta da sua interatividade, sendo assim, essa imagem acaba se transformando em sujeito, fugindo do senso como que a coloca ainda como uma simples representação do mundo. No pensamento contemporâneo a imagem se torna algo que pensa, que evolui junto conosco, ou seja, ela tanto afeta quanto é afetada.

    Dentro de uma cultura cada vez mais “remix”, a imagem pode ser pensada como um ecossistema, onde, imagens e arquivos banais apresentam um grande poder de expressão. O texto aponta que é preciso estarmos atento a todas essas “dramaturgias” do tempo real, onde o nada acontece, tudo acontece a exemplo das imagens geradas por câmeras de segurança. É nesse contexto que surge “As estéticas das redes” surgindo justamente entre toda essa encenação, apresentando e criando diferentes experiências.

    Com a criação de dispositivos que proporcionam, mesmo que em ambiente virtual, a sensação de presença e relatividade tais como, webcams e GPS, abriu-se um campo onde a estética dessas dramaturgias online propiciam a experiência de uma continuidade do espaço temporal, ou seja, tais experiências criam a sensação de imersão em um ambiente virtual que simula a existência de um ecossistema onde o espectador torna-se um híbrido, meio homem, animal, vegetal e silício, criando assim, um “mundo” totalmente cibernético, ficcional e pós-humano.

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