Resenha - O Espírito Comum
Por: Camila Pocaia • 14/1/2019 • Resenha • 985 Palavras (4 Páginas) • 340 Visualizações
Atualmente o ser humano, na sua vida em sociedade, faz parte de diversas comunidades, inclusive no que diz respeito a sua rotina. Carregada por vários significados, a palavra comunidade pode ser relacionada a bairros, comunidade de redes sociais, comunidade como povos e tribos, comunidade acadêmica, familiar, entre outros. Uma definição bastante discutida nas aulas de Comunicação Popular e Comunitária de 2018, foi de que a palavra comunidade simboliza um conjunto de pessoas que visam um objetivo em comum. Já para a autora Raquel Paiva, (1998) comunidade vai muito além do que troca de interesses em comum, e dessa forma, em seu livro “O espírito comum”, expõe outra forma de pensar o conceito, no qual seu principal objetivo é defender a comunicação comunitária como uma forma de dar voz às classes subalternas, que são excluídas socialmente e politicamente na sociedade.
Paiva aborda em seu livro, a utilização do termo “comunidade” para falar de relacionamentos, objetivos e desejos que unem as pessoas. No caso, o que une as pessoas em torno de objetivos em comum e lhes dá identidade geralmente são idéias consumistas, e muitas vezes disseminadas pelos meios de comunicação massivo, o que faz com que nos tornemos individualistas.
Dentre os vários significados do termo, a autora discorre por alguns, como por exemplo, o que remete a um conceito religioso. Ela explica que a palavra tem teor de comunhão e partilha, baseado principalmente na igualdade dos que vivem em comunhão. “Comunidade significa ter sempre de entrar no campo religioso, principalmente cristão” (1998, p. 84).
Outro significado presente no livro é o do laço familiar, que segundo a autora, é o que forma a comunidade, pois é o produto do sistema social que tem sua cultura e que transmite isso aos mais próximos.
Devido a modernidade, o ser humano está cada vez mais individualista e centrado no seu próprio mundo, na sua própria existência, sem possuir nenhum vínculo com as comunidades a que pertence. Vivemos em sociedade, fazemos partes de inúmeras “comunidades”, mas nossa identidade não está relacionada diretamente a nenhuma dessas comunidades. É nesse contexto que se inserem as comunidades em um mundo globalizado.
Muito abordado no livro, a autora apresenta o olhar de que um homem não consegue viver sozinho, mas em partilha com outras pessoas, e que isso o fortalece. Esse é um dos motivos que mostram a importância da comunidade no contexto da sociedade, pois a comunidade e sua autonomia individual podem afetar na sociedade.
Entretanto, a comunicação comunitária que a autora cita, é uma alternativa aos meios de comunicação massivos, em busca de fortalecimento político, de identidade de comunicação e de laços, buscando romper o individualismo no qual estamos inseridos para entender que, apesar da globalização vivemos em uma sociedade onde a importância de se pensar como um coletivo se faz necessária.
Os meios de comunicação também entram no contexto de comunidade, pois propagam a importância da comunidade para a sociedade e para a própria comunidade, permitindo a circulação de falas distintas sobre a sociedade em si. Porém, diferente dos meios de comunicação em massa, a comunicação comunitária permite uma troca de informações, fortalecendo assim o senso crítico de cada indivíduo.
“O surgimento dum veículo comunitário pode ter justificativa que vão desde a necessidade de promover a circulação de informação entre os membros duma comunidade, possibilitando assim vínculo mais estreito entre eles, até a divulgação de propostas e reivindicações.” (PAIVA. 1998, p. 187)
Apesar de ter um uso monopolizado, os meios de comunicação no contexto das comunidades tem grande importância para a evolução do mesmo. A comunicação comunitária tem o comprometimento político, pois é a partir disto que surgem os interesses mútuos
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