Resumo Livro O Conceito de Tecnologia
Por: Bianca Kaiber • 26/6/2019 • Abstract • 1.873 Palavras (8 Páginas) • 409 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAÇÃO
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO
CIBERCULTURA – TURMA A
IDENTIFICAÇÃO: BIANCA KAIBER – 277578
Síntese I: PINTO, Álvaro Vieira. Temas Propostos pela Cibernética. In: ______. O Conceito de Tecnologia. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005. 2v. cap. 8, p. 5-45.
O autor, Álvaro Vieira Pinto, introduz o contexto e tema principal de sua obra O Conceito de Tecnologia - Volume 2, apresentando o contexto de que as máquinas haviam sido utilizadas, até o momento, sempre como ferramentas submissas a humanidade. Tais ferramentas, ainda que utilizadas para o mal, como armas de guerra, nunca foram vistas como tecnologias negativas para os homens. Porém, o aparecimento das criações cibernéticas tornou as pessoas hesitantes, com a indefinição de para que realmente serviriam essas tecnologias e, com elas, nascia também o sentimento de imprecisão e indagação sobre o futuro do homem, se estávamos criando nosso próprio “inimigo”, no sentido de serem tecnologias capazes de nos rebaixar e erradicar, como seres agora inúteis, defasados e superados por máquinas que expandiam sua capacidade de aprendizado. Também surgia sensação de estar em um tempo de reinício da história, ou uma suposta Segunda Revolução Industrial, por conta da cibernética. Tendo em vista tal conjuntura, o autor promete, nesse segundo volume da obra, caracterizar a real atribuição da nova ciência cibernética nos diversos campos e áreas da informação e tecnologia. A partir do segundo tópico do capítulo o autor discorre sobre duas qualidades da cibernética, o seu caráter histórico e o atributo dialético.
Em primeiro lugar ele deseja deixar claro, em um tom de “acalmar os ânimos”, que o surgimento da cibernética não é uma transformação cultural inédita. Apesar de o nível de conhecimento e de novas operações que essa ciência trouxe ser surpreendente, não é a primeira vez na história que as pessoas pensam estar vivendo em um novo mundo, passando por uma virada radical e imprevista. A inquietude e o assombro são normais em tempos como este, exatamente porque eles sempre ocorrem junto com as notáveis descobertas do campo científico, e sempre trazem essa sensação de grande transformação social e cultural – ou seja, tais fatores não são exclusividade dos tempos de nascimento da cibernética.
Assim sendo, a história não se apresenta com caráter linear e uniforme, ao contrário, seu desenvolvimento é sinuoso e variante. Acontece que as pessoas, em geral, não se dão conta disto, e quando ocorre um grande “boom” de novidades, o que aparenta é que esse acontecimento surgiu do “nada”, que não houve trabalho contínuo e estudo anterior acumulado; não percebem que foram pequenas coisas invisíveis que resultaram nesta grande coisa visível a todos. As estruturas a época da cibernética, segundo o autor, não são suficientes para configurar uma nova formação histórica ou um reinício da história, mas sim, e somente, uma nova fase do processo do desenvolvimento da racionalidade humana.
Como dito, o processo histórico é labiríntico e sinuoso, e os saltos históricos se devem a acumulação contínua de conhecimento que, em algum momento, resulta em um período histórico mais diferenciado e focalizado. Assim sendo, Álvaro frisa o choque entre a inovação, as novas coisas que surgem e passam a ser praticadas, e os aspectos antigos, que por um tempo foram hábitos, mas começam a sumir. O importante aqui é que estes movimentos são sempre graduais: “[...] nem o novo é absolutamente novo. [...] igualmente o velho, deposto, não desaparece totalmente” (PINTO, 2005, p. 13). Nesse processo de progressão do conhecimento não há uma mudança brusca de fase, e isso é observado pelo autor também na cibernética, onde percebe uma preparação durante os séculos anteriores, no campo das ciências físicas e das novas tecnologias, para o que acarretou no surgimento dessa nova ciência.
A partir desse ponto da obra, Álvaro começa as reflexões para pôr em cheque a questão de que o homem irá ser substituído ou dominado pelas máquinas, discutindo sobre a utilização da cibernética pelo ser humano. O argumento é apresentado em uma espécie de ciclo cibernético: o homem instituiu a cibernética e construiu seus dispositivos, projeta neles sua racionalidade e recebe de volta um feedback, alcançando assim maior e melhor compreensão das coisas no mundo. Ou seja, “o homem apresenta-se [...] na ampla condição de criador e de receptor do conhecimento cibernético” (PINTO, 2005, p. 17). Enfim, a cibernética foi criada pelo homem, o qual recebe dela conhecimento. A questão agora é que só o homem tem a capacidade de reflexão, de transmissão de informações espontânea, o que é mais explorado posteriormente.
No subtítulo “cibernética e a teoria do conhecimento” o autor retoma as discussões do segundo tópico do texto, sobre o estado de espírito que se coloca nos momentos em que são reveladas descobertas importantes no processo de expansão do conhecimento humano: as pessoas também ficaram angustiadas e questionando-se quando surgiu a teoria mecânica do universo, que foi de encontro aos princípios e ideias vigentes de que o homem era um ser vivo superior, que ocupava posição central na natureza. Nesses momentos há sentimento de resistência, dúvida e até repulsa. A cibernética também causou isso na sua época de origem. Álvaro critica os pensadores da época que, teorizando a nova ciência, não utilizam a lógica dialética. Havia o lado que dizia que a humanidade se submeteria às máquinas, uma vez que elas são altamente racionais e, outro lado que se posicionava de forma mais correta segundo Álvaro, falando sobre a superioridade do homem, uma vez que este é insubstituível nesse processo. O autor prega a importância de se valer dos recursos do pensar dialético, estudando a cibernética na perspectiva do desenvolvimento histórico. Assim sendo, as máquinas cibernéticas têm por origem a racionalidade humana, que emprega a sua inteligência na construção desses artefatos. Deve-se, então, levar em conta que o homem não constrói essas máquinas sem propósito, ele as constrói esperando com isso responder exigências sociais de sua época. Revelando isso, o autor consegue explicar porque a cibernética nasceu quando nasceu: já haviam aparecido autômatos, no século XVIII, engenhosos e muito tecnológicos, mas que não correspondiam a nenhuma necessidade da sociedade na época, serviam apenas de divertimento para os ricos e ociosos. Portanto, fica claro que as máquinas precisam ter serventia para a constituição da cibernética.
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