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A Cultura e Hegemonia

Por:   •  7/12/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.341 Palavras (6 Páginas)  •  374 Visualizações

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           Cultura e Hegemonia

Hegemonia cultural é um conceito formulado por Antônio Gramsci para descrever o tipo de dominação ideológica de uma classe social sobre a outra, particularmente da burguesia sobre o proletariado, sem poder fazer as famosas alianças e articulações, mesmo com a reprovação da massa liderada por ela, a burguesia não poderá dominar as classes sociais mais baixas a não ser com um novo regime político com exceção de ditaduras muito intensas e terroristas. Na tentativa de estabelecer uma liderança sobre a classe oprimida a classe dominante terá que abrir mão de certas necessidades para atingir o domínio a qual tanto deseja. Nos seus estudos Gramsci chega a um conceito fundamental na sua teoria política, sabendo o conceito de estado ampliado, segundo o qual o estado não é um puro instrumento de força a serviço da classe dominante, tal como definiam versões mecanicistas do próprio marxismo, mais uma força revestida de consenso coerção acompanhada de hegemonia, o estado ampliado assim junta sociedade política e sociedade civil, e nas sociedades do tipo ocidental, a sociedade que se decide nas inúmeras instâncias e mediações da sociedade civil, não pode ser ignorada pelos grupos sociais subalternos que desejam mudar sua condição e administrar o conjunto da sociedade, para o italiano, civilização deve se harmonizar  com uma estratégia na qual a sociedade civil consuma a instituição dominante e caminhe no caminho de uma autogestão e de uma consciência autônoma , esse é o método para que regimes com ditaduras muito severas que idolatram radicalmente o estado sejam exterminadas. O sentido de progresso civilizatório implicado na estratégia gramsciana, reside no fato de que, prospectivamente todo movimento deve acontecer no sentido de uma “reabsorção do estado pela sociedade civil” com o predomínio crescente de elementos do autogoverno e (auto)consciência a contraprova disso é que nos cadernos do cárcere, formula se de modo pioneiro uma crítica ao stalinismo, que para Gramsci apresentava traços preocupantes do estado (“estatolatria”), caracterizando assim uma situação de ditadura sem hegemonia, que não poderia durar muito tempo.

     A tese principal de Gramsci é que a superestrutura é a mantenedora das relações de classe, e que essa dominação se efetiva pelos mecanismos do estado e da sociedade civil, para superar essa hegemonia seria necessário desenvolver uma contra hegemonia, o que pode ser conseguido se a classe trabalhadora, incluindo os intelectuais socialistas promoverem uma criação e o desenvolvimento de uma nova cultura, em oposição a hegemonia burguesa, ou seja: a ênfase da transformação econômica e social recai na  superestrutura  econômica tanto no campo dos valores e normas como como na visão de homem e de mundo.

Da perspectiva de Gramsci, a formação, escolar não é a mais significativa para a organização dos trabalhadores, visto que tal formação não privilegia o saber popular e nem a relação entre teoria e prática

A educação se impõe como organicamente necessária às relações dominação e de direção, em qualquer sociedade e principalmente no processo de luta das classes trabalhadoras por uma nova sociedade. No processo pedagógico estabelece-se a formação do consenso, que pode ser passivo, como nos modelos autoritários de formação, ou pode ser ativo, nos modelos democráticos de formação. Trata-se, por conseguinte de expor a concepção de Gramsci acerca da dimensão histórica do processo pedagógico.  Para Gramsci, a reforma intelectual/moral só se torna possível a partir do momento em que a classe proletária se torne realmente autônoma e hegemônica. A hegemonia é escolhida como categoria que permitirá resolver as contradições fundamentais existentes na superestrutura, tanto em nível de dominantes, quanto em nível de dominados. A função educativa se torna importante e imprescindível. Educação é o processo para a concretização de uma concepção de mundo. Desde suas origens até o dia de hoje hegemonia implica poder-direção ou dominação consenso. Dominar é igualmente governar, ser chefe, mandar. Por outro lado, dirigir equivale guiar, conduzir, ser líder. È, porém, na união desses dois elementos que se deve buscar um conceito pleno para hegemonia.   Hegemonia não é, portanto, ausência de poder e autoridade. Pelo contrário, os elementos de dominação coexistem dialeticamente com os elementos de direção, como pólos de uma só relação. Capacidade de dirigir, de conquistar alianças, a hegemonia precisa dos seus elementos diretivos tanto para sua implantação como para sua manutenção. Nessa última fase, os vários componentes do processo educativo são utilizados pela classe dominante para obter um consenso e, se possível um consentimento ativo das classes dominadas.  Para Gramsci, não existe uma hegemonia em si, uma categoria abstrata, indiferente à realidade histórica, ou, então uma hegemonia que é ora dominação, ora direção, como elementos separados e independentes. Isto é tão verdade que não se pode entender o conceito eliminando um dos dois elementos, pois ambos significam aspectos diversos de uma mesma realidade. Uma compreensão dialética da totalidade do conceito exige a relação entre suas partes e o todo e das partes entre si. Somente as circunstâncias históricas, ou seja, a historicidade dos fenômenos, é que possibilita o destaque de um ou de outro elemento, também representados por seus equivalentes, como consenso e persuasão para o primeiro, e ditadura e coerção para o segundo.         Em Gramsci, portanto, o conceito hegemonia é apresentado em toda sua plenitude, isto é, como uma ação que atinge não apenas a estrutura econômica e a organização política da sociedade, mas também age sobre o modo de pensar, de conhecer e sobre as orientações ideológicas e culturais. È neste sentido que as relações hegemônicas são pedagógicas e como a realização da tarefa pedagógica implica a compreensão das contradições para transformá-las em uma concepção do mundo unitária e coerente, as relações pedagógicas são igualmente hegemônicas. Neste contexto, a educação sai também renovada por uma relação que mantém organicamente com a hegemonia. A temática pedagógica ocupa indiscutivelmente um lugar central na prática e no pensamento gramsciano, emergindo a educação como instrumento necessário à luta entre classes sociais pelo exercício do poder, ou pela hegemonia.

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