A Hipertextualidade e Interatividade
Por: Portal Sponte Cecon • 22/5/2020 • Artigo • 5.062 Palavras (21 Páginas) • 230 Visualizações
HIPERTEXTUALIDADE E INTERATIVIDADE : RECONFIGURAÇÃO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Camila Nunes de Castro Cerqueira [1]
RESUMO: Nesse artigo, por meio de pesquisa bibliográfica, pretende-se refletir sobre as possibilidades de construção e compartilhamento de conhecimento através das ferramentas comunicacionais presentes nos ambientes virtuais de aprendizagem. Objetiva-se destacar o hipertexto como um eficaz recurso no processo de construção interativa do conhecimento através de distintas conexões hipermidiáticas.
PALAVRAS-CHAVE: Interatividade; Hipertextualidade; Ciberespaço; AVA
1 Introdução
A evolução das tecnologias digitais, virtuais e de redes, marca uma transformação em todas as esferas da sociedade, inclusive na área de educação. Vivemos um período em que o processo de virtualização faz parte do nosso cotidiano e, dessa forma, nos deparamos constantemente com novas concepções no modo de viver, agir, pensar, aprender e ensinar.
Diante de tantas mudanças culturais e tecnológicas ao longo dos últimos anos, o processo de educação vem reiteradamente se reconfigurando a este novo cenário: os recursos tecnológicos ampliam as possibilidades de informação, comunicação e interação entre discentes e docentes no ambiente educacional, independentemente do tempo e espaço. O processo de ensino-aprendizagem adquire, com as mudanças tecnológicas, uma nova roupagem, que exige novas posturas dos atores envolvidos na educação, tanto para quem transmite conhecimento, quanto para quem o absorve.
Nesse contexto, pode-se evidenciar a modalidade de Educação a Distância que cada vez mais se destaca no cenário atual e se adapta às realidades dos indivíduos da sociedade contemporânea. O ensino a distância mediado pela Internet conta com técnicas e recursos que interligam as redes e seus usuários através de uma base telemática em um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), que proporciona a construção do conhecimento de uma forma dinâmica, planejada, criativa, flexível e interativa.
Tendo em vista as inúmeras possibilidades do ciberespaço, ambiente que integra redes virtuais de telecomunicações e informática que englobam todo o processo digital de informação, os espaços virtuais de aprendizagem permitem a criação e o uso de ferramentas cada vez mais inovadoras a fim de facilitar o processo instrucional.
Os ambientes virtuais de aprendizagem estão alocados em uma nova interface, que segundo Rabaça; Barbosa (2001), corresponde a
universo virtual formado pelas informações que circulam e/ou estão armazenadas em todos os computadores ligados em rede, especialmente a internet. Dimensão Virtual da realidade, em que os indivíduos interagem através de computadores interligados (RABAÇA, BARBOSA, 2001, p. 130-131).
Observa-se que o uso da tecnologia nos processos de ensino-aprendizagem cresce extraordinariamente, redefinindo as finalidades e estratégias educacionais do ensino a distância, impulsionados pelos paradigmas pós-modernos.
Assim, atualmente estamos na fase digital do ensino a distância, em um novo território de aprendizagem: o ciberespaço e a Web, com novas ferramentas comunicacionais, que são as redes informativas digitais e interativas e com uma nova diversidade de mídias.
2 WEB: DO MODELO UNIDIRECIONAL PARA A COMUNICAÇÃO MULTIDIRECIONAL
Pode-se afirmar que a web é um segmento multimídia do ciberespaço por conter páginas com distintos conteúdos multimidiáticos interligados por hiperlikns. Assim como toda tecnologia, a web vem se reconfigurando ao longo da sua criação e evoluindo em fases.
A geração 1.0 da web teve início na fase de popularização da internet com o único objetivo de fornecer informação, ou seja, um espaço somente para leitura em sites estáticos e sem interatividade. Segundo Coutinho e Bottentuit (2007), a web 1.0 foi caracterizada pela enorme quantidade de informação disponibilizada para o público. Entretanto, se restringia aos usuários que tinham poder de compra, já que diversos serviços eram pagos e controlados por licença.
Em um segundo momento, devido à democratização das redes de computadores e ao sistema de banda larda de conexões, ocorreu um aumento de usuários de acesso na web e, consequentemente uma transição da fase 1.0 para a 2.0.
Desse modo, em 2004, Tim O’Reilly, em uma conferência de brainstorming entre as empresas O’Reilly e a MediaLive International, criou o termo e o conceito de Web 2.0. O’Reilly pontua que a versão 2.0 não é exatamente uma evolução técnica e sim um novo entendimento da web como plataforma para desenvolvimento de aplicativos que possam aproveitar os efeitos da rede e se aperfeiçoar cada vez mais.
A web 2.0 é a mudança para uma Internet como plataforma, e um entendimento das regras para obter sucesso nesta nova plataforma. Entre outras, a regra mais importante é desenvolver aplicativos que aproveitem os efeitos de rede para se tornarem melhores quanto mais são usados pelas pessoas, aproveitando a inteligência coletiva. (O’REILLY, 2005).
De acordo com Primo (2007), a Web 2.0 reconfigurou os métodos e as formas de publicação, compartilhamento e divulgação das informações no ciberespaço. Os serviços, recursos, aplicativos e ferramentas presentes nessa fase permitem um maior grau de interatividade e colaboração entre usuários na utilização da Internet.
“A Web 2.0 tem repercussões sociais importantes, que potencializam processos de trabalho coletivo, de troca afetiva, de produção e circulação de informações, de construção social de conhecimento apoiada pela informática”. (PRIMO, 2007, p.1).
Nota-se que evoluímos de uma web unidirecional para uma web multidirecional[2]. Castells (2006, p. 440) revela que foi a web que proporcionou a coexistência de culturas e interesses dentro da rede, devido ao fato de que o sistema propicia “agrupamentos de interesses e projetos na rede (...)”. Com base nesses agrupamentos, pessoas físicas e organizações eram capazes de interagir de forma expressiva no que se tornou, literalmente, uma “Teia de Alcance Mundial para comunicação individualizada e interativa”. Dessa forma, observa-se que o advento da cibercultura no ciberespaço, com propriedades de interatividade tecnológica, iniciou-se com o desenvolvimento da web 2.0.
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