A Passagem só de ida
Por: Bianca Meireles • 9/4/2018 • Artigo • 654 Palavras (3 Páginas) • 222 Visualizações
Seção: CU Circo Urbano |
Título: Passagem só de ida
Subtítulo: Em meio a crise vivida no país, cresce o número de jovens que deixam o Brasil em busca de qualidade de vida e novas oportunidades no exterior
Bianca Meireles (71) 9.9911.0792
O desejo por uma melhor qualidade de vida é a vontade de todos, mas a busca disso fora do Brasil aumentou nos últimos anos. O Itamaraty, em 2015, estimou que haviam mais de 3 milhões de brasileiros vivendo fora do Brasil. A crise econômica vivida no país é um dos principais fatores que motivam a decisão. A PUC-RS realizou uma pesquisa intitulada “O Jovem Brasileiro e o Futuro do País”, onde entrevistou 1,7 mil pessoas. 37% dos jovens entrevistados se enxergam vivendo fora do Brasil.
O engenheiro Leonardo Ferreira, de 27 anos, está de malas prontas para começar uma vida nova no exterior. Trabalhando em uma montadora alemã, viu na oportunidade de uma transferência internacional a chance de sair do Brasil antes que a crise econômica o atingisse.
Leonardo é pura expectativa, com o embarque programado para março diz que está “Ansioso pela chance de desenvolvimento profissional, estabilidade e as novas experiências”. Ele complementa dizendo que irá sentir falta da família, mas que um retorno para o Brasil não está descartado.
Nem todo mundo faz as malas sabendo o resultado final da história. Ingrid Andrade, de 24 anos, viajou a Dublin com a expectativa de morar apenas 6 meses fora, “Para melhorar o inglês”, ela conta. Hoje fazem 2 anos que Ingrid saiu do Brasil.
Foram as oportunidades, custo e qualidade de vida que fizeram Ingrid querer ficar. Com políticas imigratórias mais brandas, a Irlanda acolheu a jovem universitária de braços abertos. Ingrid largou toda a vida no Brasil, inclusive a faculdade, que recomeçou do zero no seu novo país.
“Aqui eu trabalho meio turno, pago minhas despesas, faculdades e viajo com frequência pela Europa. No Brasil trabalhando no mesmo sistema eu não ia garantir nem o básico”. Ela afirma viver uma vida muito confortável e que não se vê no Brasil em definitivo.
Mas engana-se que a vida no exterior é um mar de rosas. Ao chegar no seu novo país, muito provavelmente suas experiências anteriores não terão validade. É o que afirma Livia Rigotti (25) que vive na Nova Zelândia, “É preciso adquirir experiência local. As oportunidades existem e são boas, mas a experiência adquirida no Brasil não vale muito aqui”. Ela afirma que muitas vezes é preciso ter mente aberta e muitas vezes aceitar empregos que você não aceitaria no Brasil.
Livia ainda afirma que estudar é muito caro para quem não é cidadão. “Os custos são elevados, cerca de três vezes mais caro para quem não tem a cidadania”. Em contraproposta ela afirma que o estudo é valorizado e que vale a pena o investimento, “Eles reconhecem o seu esforço em crescer. Quanto melhor o seu inglês e formação, mais fácil conseguir um emprego”.
Foi durante um intercâmbio que Ludmila Nascimento (24) conheceu a Austrália e em 7 meses decidiu que faria daquele país sua nova residência. Encantada com as oportunidades e qualidade de vida, resolveu ficar. “Foi difícil conseguir um bom emprego, morar sozinha e lidar com a saudade da família”.
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