A opinião dos pais sobre a relação entre consumo infantil e propaganda
Por: lemosamanda • 7/4/2015 • Relatório de pesquisa • 2.451 Palavras (10 Páginas) • 274 Visualizações
TRABALHO 1
Esta pesquisa teve como objetivo conhecer a opinião dos pais, sobre as relações entre consumo na infância e a propaganda.
Para isso foram entrevistados, 30 sujeitos que são pais, casados ou não na faixa etária entre 20 a 40 anos. Nesta amostra constaram-se 73,3% entrevistados do sexo feminino e 26,6% do sexo masculino que possuem filho(s) na faixa etária de 7 a 13 anos, escolhidos aleatoriamente.
Os resultados obtidos mostram que a maioria dos entrevistados acredita que as campanhas publicitárias são transmitidas de maneira abusiva e que podem gerar graves conseqüências ao publico infantil como: consumismo, obesidade infantil, erotização precoce, consumo precoce de tabaco e álcool, estresse familiar, banalização da agressividade e violência.
A pesquisa aponta que a maioria dos pais entrevistados defende a criação de medidas de segurança que limitem a exibição de campanhas publicitárias voltadas para o publico infantil e afirmam que esta pode ser uma maneira de tentar evitar que o desenvolvimento das crianças seja de alguma forma prejudicado.
Este estudo atingiu seu objetivo em identificar a opinião dos pais, sobre as relações entre consumo na infância e a propaganda e vai muito além mostrando que esta situação vivida nos dias atuais, tornou-se um problema de ordem ética, econômica e social.
INTRODUÇÃO
Em estudos feitos por Gade (1998) o ato de comprar desenvolveu-se na antiga Grécia, onde a emergência do dinheiro alterou os valores culturais e morais. O ato de realizar uma compra continuou a distrair e a extasiar as pessoas nos milênios subseqüentes e tem despertado preocupações de que possa levar a um transtorno clínico.
Em relação à época de hoje, vive-se um período marcado essencialmente pelo consumo cerbado. Este traço da pós-modernidade acaba por permear todo o modo de vida atual, a exemplo sintomas de impulsividade e ansiedade, fatores esses difícil de se evitar, e que algumas vezes expressa – se num fator patológico ou psicológico.
Alguns fatores podem influenciar o estimulo ao comprar, eles estão presentes nas propagandas e nos meios de comunicação atuais da sociedade contemporânea.
Sganzerla (1999) fez um interessante estudo das propagandas brasileiras desde o ano de 1809, quando estavam surgindo os primeiros jornais brasileiros com anúncios e classificados que tinham como objetivo povoar o mercado de negócios e oportunidades do país. A autora ainda mostrou que a evolução do mercado nesta época sofreu modificações através dos veículos de mídia e que, com o advento da Segunda Guerra Mundial, modificou o panorama da comunicação através do surgimento de novas linguagens e produtos apresentados ao público brasileiro. Tal fato contribuiu também para que uma forte concorrência começasse a se instalar principalmente nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, através de anúncios que se apresentaram cada vez mais ousados.
Pode-se enfatizar também a parceria importante e decisiva para o sucesso da atividade de imprensa no país onde a publicidade também foi chamada a colaborar com a rede de imprensa e mídia. Tanto a publicidade feita naquela época como a que é feita atualmente teve e tem um único objetivo: chamar a atenção dos consumidores para os produtos a serem consumidos (SGANZERLA, 1999).
Segundo Oliveira (2001) a presença da televisão na infância é reconhecida como atividade de lazer, chega a concorrer com as brincadeiras infantis, e para muitos tornou-se a única fonte de entretenimento. A televisão se transformou em um eletrodoméstico, do qual já não abrimos mão e é daí que os profissionais usam desta ferramenta para propagarem seus produtos.
O consumidor pós-moderno, ao buscar freneticamente novos produtos, não se preocupa com a conseqüência dos gastos, pois é preciso adquirir agora, paga-se depois, uma das facilidades também que levam o comprador a gastar sem se preocupar com os fatores prejudiciais. Pode-se notar que a lógica da busca pela felicidade imediata se faz presente, de um modo geral, não somente nas relações de consumo, mas também nas relações sociais, em que o outro cada vez mais adquire o aspecto de um objeto também de consumo. (LOPES, 2008).
Ainda segundo LOPES (2008), a oniomania, conhecida como transtorno da compra compulsiva, é caracterizada pela deliberação que o desejo por determinado produto provoca no paciente. Não é apenas o consumo, o objeto, mas a satisfação ao concretizar a vontade crescente de compra que gera ansiedade e planejamento, tomando grande parte do tempo da pessoa. Existem pessoas com uma predisposição para a oniomania, mas o problema é acentuado com a exposição à publicidade e à propaganda.
Foi pensando nestas e outras questões, que desde o ano de 2001, tramita na Câmara Federal o projeto de lei nº 5921/01 que propõe a proibição da publicidade dirigida às crianças e ainda faz regulamentações da publicidade dirigida aos adolescentes (INSTITUTO ALANA, 2010).
Ao texto original foi adicionado um substitutivo elaborado por uma deputada federal e psicóloga, devido à extinção do prazo de aprovação para o projeto. O projeto substitutivo propõe que sejam colocadas normas para a realização e divulgação da propaganda ao público considerado infantil e adolescente, estabelecendo horários para o uso das mesmas em rádio, televisão e Internet. Foram propostas também penalidades para os infratores ao Código de Defesa do Consumidor e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (INSTITUTO ALANA, 2010).
O argumento usado pela deputada e psicóloga foi que embora a Constituição Federal, o Código de Defesa do Consumidor, o Estatuto da Criança e do Adolescente e até mesmo o Código Brasileiro de Auto Regulamentação Publicitária do Conar apontem princípios, “eles são insuficientes para normatizar essa questão, pois é preciso determinar da forma a mais exata e precisa possível o que é e o que não é fazer em publicidade dirigida ás crianças e aos adolescentes” (INSTITUTO ALANA, 2010).
Este projeto substitutivo ganhou o apoio de dezenas de entidades, entre os quais o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e de organizações da sociedade Civil. Em apoio á proposta, o CFP, pediu um parecer a Yves de La Taille, professor da USP e referência da Psicologia do Desenvolvimento da Infância. Segundo La Taille, como as crianças de até 12 anos não dispõem de todas as ferramentas intelectuais que lhe permitam compreender o real, a publicidade tem mais possibilidades de induzi-las ao erro e á ilusão. “As crianças não têm, os adolescentes não tem a mesma capacidade de resistência mental e de compreensão da realidade que um adulto e, portanto, não estão em condições de enfrentar com igualdade de forças a pressão exercida pela publicidade no que se refere á questão do consumo”
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