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Abusado – O Dono do Morro Dona Marta

Por:   •  15/6/2016  •  Resenha  •  706 Palavras (3 Páginas)  •  664 Visualizações

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Nas 560 páginas de “Abusado – O dono do morro Dona Marta”, livro lançado pela editora Record, em 2003, Caco Barcellos conta minuciosamente como é o tráfico de drogas e outras operações criminosas no estado do Rio de Janeiro. A obra dividida em três partes, totalizando 38 capítulos, aborda a história de Juliano VP (traficante carioca), sua infância, adolescência e início da vida criminosa na favela Santa Marta, em Botafogo.

Para detalhar como é a vida dos moradores da comunidade, Caco Barcellos vai além da biografia de Juliano. Destaca a união do criminoso com seus amigos da famosa “Turma da Xuxa”: Careca, Paranóia, Du, Pardal, Vico, Mentiroso, Claudinho, Mendonça e Alen. Todos envolvidos no crime. O autor gaúcho, de Porto Alegre, também escreveu obras como Rota 66 e Nicarágua: A revolução das crianças. Já trabalhou para a Rede Globo como repórter no Fantástico, Globo Repórter e Jornal nacional. Desde 2008 dedica-se ao programa Profissão Repórter, também da emissora.

Família vinda do nordeste e criado no morro Santa Marta, no Rio de Janeiro, Juliano vivenciou desde criança as necessidades enfrentadas pela comunidade. As péssimas condições de higiene, a pobreza e o medo da violência tanto do tráfico quanto da polícia, fazem parte da rotina dos moradores da favela, onde energia elétrica e água encanada são precárias. Muitos descem o morro todos os dias para trabalhar no asfalto, e garantir o sustento da família com pelo menos um salário mínimo. Diferentemente de Juliano que optou pelo modo mais prático e lucrativo, o crime.

Até o início da adolescência, o jovem comparecia a escola, jogava futebol, participava dos ensaios da escola de samba e festejava nas rodas de pagode. Atividades consideradas normais para um menino de sua idade. A religião sempre esteve presente em sua trajetória. Frequentava o “Terreiro da Maria Batuca” – amplo salão, o qual muitas vezes lhe serviu de esconderijo. Não somente a religião, mas outras questões sociais aparecem durante a obra como cultura, sexualidade, segurança e poder.

O ingresso no crime começou com cargos mais baixos da “boca”, nome dado ao órgão criminoso de venda a toxinas ilegais. Esperto e inteligente, Juliano rapidamente aumentou sua credibilidade até chegar ao ápice da hierarquia, líder do morro Dona Marta. Além de comandar o tráfico de drogas e manter o morro a salvo dos invasores

“alemão” – inimigo das favelas vizinhas – e da polícia, Juliano se dedicava a leituras e fazia contatos desde perigosos bandidos do “Comando Vermelho”, organização hierárquica da criminalidade, a qual era associado, a grandes intelectuais cariocas.

A guerra entre o tráfico e a polícia tirou a vida de pessoas inocentes, além de vários amigos de Juliano. Aos poucos o movimento das bocas foi diminuindo. Sem dinheiro para aumentar o estoque de armas e procurado pelo Polícia Federal, o traficante ficou conhecido no país inteiro. Com isso, teve de refugiar-se nos países vizinhos. A fuga favoreceu ao maior inimigo de VP. Zaca, após a famosa guerra de 87, invade Santa Marta cumprindo a antiga promessa. Após retornar ao Brasil, o reinado de Juliano VP se torna cada vez mais problemático e o apoio do Comando Vermelho duvidoso.

O autor consegue desmistificar os paradigmas e estereótipos em relação às periferias brasileiras. Aponta o lado dos traficantes e o

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