Dono Do Habibi´s
Trabalho Escolar: Dono Do Habibi´s. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: floor22 • 15/9/2013 • 4.237 Palavras (17 Páginas) • 453 Visualizações
Dono do Habib's Alberto Saraiva
Enquanto trabalhava no comércio que herdou do pai, Alberto Saraiva descobriu as vantagens de vender "extremamente barato"
Saraiva, dono da rede de comida árabe Habib';s, diz ter aprendido vieram da época em que passou a administrar uma velha padaria de bairro que ele herdou do pai. A primeira foi persistir sempre. Já a segunda representa até hoje a principal estratégia de seu negócio: não basta vender a preços justos, eles têm que ser "extremamente baratos". Conheça um pouco mais dessa história, na entrevista concedida ao repórter Gustavo Poloni, da Revista EXAME.
- De onde é a sua família?
Nasci em Veloza, uma aldeia no norte de Portugal. Fica na Serra da Estrela, famosa por aquele queijo de ovelha que é uma delícia. Nós portugueses falamos que é o melhor do mundo, para o desgosto dos franceses.
- Quantos habitantes tem a aldeia?
Na época, tinha umas 200 pessoas. Recentemente conheci o lugar e ele deve ter umas 100, 150 pessoas. As casas são bem simples, construídas de pedra. Hoje só moram pessoas de idade. É uma coisa bem rudimentar. Meus pais se conheceram nessa aldeia e se casaram. Eles eram camponeses, viviam de plantação de uva, faziam vinho. Eles viviam do que plantavam. Meu pai sempre queria alguma coisa a mais, sempre sonhava - como a maioria dos imigrantes. Quem imigra sai do país porque a situação não está boa, porque está procurando alguma coisa melhor. Então, eles decidiram vir para o Brasil.
- Vieram para cá por quê?
Porque queriam uma vida melhor. Lá a vida era muito difícil. Eles não passavam fome, não eram miseráveis. Mas viviam numa casa sem geladeira, com fogão à lenha, montada pedra sobre pedra. Eles viam que ali não tinha futuro e queriam uma coisa melhor. Naquela época, um dos irmãos do meu pai já tinha vindo para o Brasil e chamou o meu pai. A minha mãe estava grávida e quando foi embarcar o pessoal não deixou porque a viagem de navio era longa e tinha algum risco. Ela ficou e eu nasci lá. Seis meses depois, quando eu já poderia viajar, ela veio e se encontrou com o meu pai.
- Vieram para onde?
Para São Paulo. Sem emprego garantido, com uma mão na frente outra atrás, sem dinheiro. Vieram sonhando com um futuro melhor. Vieram na raça e na coragem, na crença. Meu pai trabalhou muitos anos aqui como empregado. Um dos primos dele era sócio de uma padaria. Então meu pai conseguiu um animal com uma charrete e passou a entregar os pães da padaria na casa das pessoas.
- Onde era isso?
Na Freguesia do Ó (zona norte paulistana), onde a gente morava numa casa muito humilde. Meu pai ganhava muito pouco entregando pães. Ele chegou a trabalhar com distribuição de bebidas, era uma daquelas pessoas que carregavam as bebidas para entregar nos bares. Ele teve uma vida difícil na capital. Aí ele resolveu mudar para o interior. O aluguel era caro e ele não tinha formação, tinha parado de estudar no primário. Fomos para Santo Antônio da Platina, no norte do Paraná, uma cidade que hoje tem uns 30, 40 000 habitantes.
- Quantos anos o senhor tinha?
Cinco anos. Meu irmão do meio, Belchior, tinha acabado de nascer. Lá nós vivemos até os 17 anos. Meu pai fez uma vida lá.
- O que seu pai fazia?
Ele tinha uma representação de doces, vinha buscá-los em São Paulo e entregava nas cidades no norte do Paraná. Naquela época era uma dureza, não tinha nenhuma estrada asfaltada. Quando chovia não dava para ir a lugar nenhum. Ele enfrentou essa situação e conseguiu ir bem. Formou uma freguesia de doces nas cidades em volta de Santo Antônio da Platina. Fiquei lá até os 17 anos, tive uma vida boa. Não tinha uma boa posição social, mas tinha uma vida feliz.
- Onde o senhor estudava?
Num colégio público. Sempre fui muito religioso, queria ser padre quando era mais novo. Era coroinha da igreja. Minha mãe me disse para esperar mais um pouco para decidir. Sempre com muita crença, com muita fé. Tinha missa às 5h30 da manhã e eu era o coroinha que ajudava na missa.
- O senhor é católico?
Sou católico. Atualmente estou frequentando uma igreja presbiteriana no Morumbi. Comecei há alguns anos, mas a crença é sempre muito forte. Na verdade essa coisa de ser católico ou presbiteriano é secundária. O importante é a fé que você tem em Cristo, a crença que você carrega no coração. Não a denominação da igreja, da religião. Fiz escola pública, estudei lá a vida inteira. O nome era Colégio Estadual Rio Branco. Hoje é um dia especial para mim, porque o meu filho tem 14 anos e ele está fazendo o vestibular junto dessa turma. Essa coisa eu trouxe do meu pai. O moleque tem 14 anos e tem responsabilidade. Leu o livro, participou do curso e está aí fazendo os cursos no meio da turma. Quando eu era mais novo meu pai fazia muito isso comigo. Essa coisa de ser comerciante. Meu pai me carregava, ia comigo nas vendas. A viagem durava uma semana, saíamos na segunda-feira, fazíamos um trajeto e voltávamos no sábado. Meu pais às vezes fazia eu ir na frente para vender os doces. Ele sempre me puxou para esse lado comercial. Sempre fui uma pessoa desinibida, de bom relacionamento, uma pessoa que não fica na dúvida se vai ou não. Sempre tive essa característica.
- Então o senhor sempre quis ser comerciante?
Desde pequeno, meu pai colocou na minha cabeça que eu deveria ser médico. E eu embarquei nessa história.
- Já tinha desistido da idéia de ser padre?
Já, já. Deixei essa idéia de lado quando conheci a Terezinha. Na igreja tinha os três pastorinhos. No mês de maio, você vai à igreja e reza o terço lá na frente. Quem puxa tudo são os três pastorinhos, que são formados por duas meninas e um menino. E eu era esse menino. Nessa época conheci a Terezinha, que era uma das meninas. Era uma coisa muito inocente, mas já vi que a minha coisa não era ser padre. O meu sonho nessa época era ser médico.
- O senhor estudava para isso?
Eu era esforçado. Mas o colégio era estadual, no interior. Era um colégio bom mas
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