Análise do Documentário Muito além do Cidadão Kane

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Comunicação Social - Jornalismo

Disciplina Jornalismo Político

Professor Flávio Nehrer

Alunos: Danillo Pedrosa e Lucas Rodrigues

Análise do Documentário Muito além do Cidadão Kane

Considerado uma obra de extrema importância para o Cinema, sua história e toda a sociedade, Cidadão Kane, filme de 1941 perpassa séculos e consolida-se como uma produção atemporal. A importância dele é tamanha, que inspirou anos mais tarde o documentário televisivo britânico Muito além do Cidadão Kane. Esse foi produzido por Simon Hartog, em 1993 e conta com 105 minutos, que foram exibidos pelo canal 4 da rede pública de televisão do Reino Unido.

Capa do documentário Muito além do Cidadão Kane

Na tentativa de seguir a lógica de Cidadão Kane, que mostra o personagem Charles Foster Kane, um magnata da comunicação nos Estados Unidos, com foco no jornalismo e publicidade. O documentário utiliza a figura de Roberto Marinho e a Rede Globo no Brasil para, da mesma forma como é feito na obra de 1941, mas de forma não-ficcional, abordar as relações entre a mídia e o poder, dando destaque para a manipulação de informações e formação de opinião feitas pela Globo.

Contestatório desde o início, com falas de algumas personalidades conhecidas do grande público, a narração sensacionalista do filme foca na vivência e poder de Roberto Marinho, idealizador do grupo Globo de Comunicação que tem na sua rede de televisão homônima o seu maior expoente. Produzido pelo Channel Four britânico, Muito Além do Cidadão Kane teve sua exibição proibida dentro do Brasil, mesmo que seu lançamento tenha sido originalmente após a abertura política da democracia.

O foco narrativo tem início na disigualdade social e na quantidade exorbitante de analfabetos do país. Quase tão gritante quanto a distância financeira entre os ricos e pobres é a diferença de televisores ligados quase exclusivamente na Vênus Platinada, que até então, eram de 78% da totalidade das casas brasileiros, atingindo o grande público com anúncios publicitários luxuosos extremamente diferentes da realidade econômica dos típicos brasileiros. O consumo era apenas das imagens, já que apenas um terço dos espectadores poderiam comprar qualquer dos produtos mostrados em tela. Apesar disso, o conteúdo ideológico por trás de toda mensagem veiculada é sempre compartilhado.

Hartog e equipe falaram com mais de 40 pessoas , de Chico Buarque a Armando Falcão, de ACM ao ex-diretor de jornalismo da Globo Armando Nogueira. Acompanham, também, a “família Silva”, moradora da periferia de Salvador. Pai, mãe e filhos num barraco escuro, cujo maior foco de luz vem de uma telinha de tevê na mesa da sala/cozinha, ligada no Fantástico.

Muito além do Cidadão Kane é dividido em quatro partes que se complementam e tem temática bem definida. A primeira evidencia a relação entre a Rede Globo de Televisão e os militares durante a ditadura militar. O filme se propôs a tratar dos benefícios gerados para ambos devido ao seu relacionamento. Isto é, os militares ganhavam, pois a mídia moldava uma opinião pública positiva em relação a eles, criava um clima nacionalista de exaltação e mantinha por baixo dos panos toda a sujeira existente. Em troca a Rede Globo recebia as concessões de outorgas de televisão.

A segunda parte do documentário é responsável por mostrar e