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Análise dos discursos das Capas das Revistas Carta Capital, Época e Veja

Por:   •  6/1/2016  •  Trabalho acadêmico  •  2.883 Palavras (12 Páginas)  •  507 Visualizações

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1- Introdução

Este trabalho analisará os discursos das capas das revistas brasileiras Carta Capital, Época e Veja. A escolha pelo objeto de estudo deve-se ao fato de serem revistas de informação semanal de grande circulação nacional e com posicionamentos ideológicos distintos. Para delimitação da análise, foram selecionadas as capas publicadas entre 30 de novembro e 2 de dezembro de 2015, que têm em comum o tema sobre a 21a fase da Operação Lava Jato. Para compreensão do sentido, serão analisadas e comparadas a linguagem verbal (estrutura do texto) e a linguagem estética (designer gráfico, artístico e fotografias), presentes nas capas, considerando os contextos político-social e histórico dos autores que,  segundo Charaudeau, definem as condições de produção de um discurso. A linguagem não se refere somente aos sistemas de signos internos a uma língua, mas a sistemas de valores que comandam o uso desses signos em circunstâncias de comunicação particulares. Trata-se da linguagem enquanto ato de discurso, que aponta para a maneira pela qual se organiza a circulação da fala numa comunidade social ao produzir sentido. (CHARAUDEAU, 2008)

A Operação Lava Jato

A Operação Lava Jato, realizada pela Polícia Federal, teve início em março de 2014 e é considerada uma das maiores investigações sobre corrupção no Brasil. Com mais de 100 mandados de busca e apreensão e prisões efetuadas, a operação tem como objetivo investigar um grande esquema de desvio e lavagem de dinheiro público envolvendo a Petrobrás (principal estatal brasileira), partidos políticos, empresários, empreiteiras e agentes públicos e que teria movimentado cerca de 10 bilhões de reais.

Até 15 de dezembro de 2015, foram realizadas pela Polícia Federal 22 fases dentro da operação. A 21a fase, nomeada “Passe Livre”, investiga fraude no processo licitatório na contratação de um navio-sonda pela Petrobrás e expediu 32 mandados judiciais, no dia 24 de novembro de 2015. A operação resultou na prisão do pecuarista João Carlos Bumlai, sob a acusação de favorecer a empresa Schahin Engenharia, na contratação sem licitação para a operação do navio-sonda Vitória 10.000, em troca de quitação de dívidas do PT. Além de Bumlai, a Polícia Federal prendeu o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), e André Esteves, presidente do banco BTG Pactual, sob a suspeita de atrapalharem as investigações da Operação Lava Jato.

A Revista Carta Capital

A revista Carta Capital foi criada por Mino Carta (mesmo criador das revistas Veja e Isto É), em agosto de 1994. Publicada semanalmente pela Editora Confiança, é uma das revistas de informação semanal de maior circulação no Brasil, com média de vendas de 30.000 exemplares, segundo a ANER¹.

Com linha editorial alinhada à esquerda política, mostra-se favorável à continuidade do PT na presidência do Brasil, apesar de apontar as falhas dos governos Lula e Dilma.

A Revista Época

Assim como a revista Carta Capital, a Época é uma revista de informação geral semanal, mas publicada pela Editora Globo. Fundada em maio de 1998, a revista foi inspirada no modelo alemão da revista Focus e criada com o objetivo de concorrer com a revista Veja. Com média de vendas de 390 mil exemplares, é a segunda revista de maior circulação no Brasil.

A Revista Veja

Fundada em setembro de 1968, a revista Veja é distribuída semanalmente, com conteúdo de informação geral sobre temas diversos, nacionais e internacionais. Criada pelos jornalistas Mino Carta e Roberto Civitta, é a revista líder de vendas no Brasil, com média de mais de 1 milhão de vendas por edição e mantém atualmente um posicionamento político alinhado à direita.

¹ Associação Nacional de Editores e Revistas. Acesso ao site http://aner.org.br/dados-de-mercado/circulacao/  em 11 de dezembro de 2015.

2- Análise de Discurso

A Análise de Discurso consiste não só no estudo do texto, da língua, mas também dos contextos político-social e histórico, fatores esses que determinam a construção de um discurso e sua compreensão ideológica. Michel Foucault descreveu a Ordem do Discurso como uma construção de características sociais:

(...) operação expressiva pela qual um indivíduo formula uma ideia, um desejo, uma imagem; nem com a atividade racional que pode ser acionada em um sistema de inferência; nem com a “competência” de um sujeito falante, quando constrói frases gramaticais; é um conjunto de regras anônimas, históricas, sempre determinadas no tempo e no espaço, que definiram, em uma dada época e para uma determinada área social, econômica, geográfica ou linguística, as condições de exercício da função enunciativa (FOUCAULT, 1971).

É necessário considerar todas as condições de produção de linguagem, pensando o sentido conforme o espaço, o tempo, que propiciaram o discurso. Mesmo que a responsabilidade pela produção discursiva seja atribuída ao sujeito, a A.D. de linha francesa descentra o sujeito de linguagem, pois acredita que o mesmo sofre interferência da história, da língua, da religião, de questões políticas, não tendo controle sobre o discurso, o que leva à conclusão de que o mesmo não é transparente. Sendo assim, é necessário que se analise não somente os enunciados, mas também o que está por trás deles.

Os sentidos não estão só nas palavras, nos textos, mas na relação com a exterioridade, nas condições em que eles são produzidos e que não dependem só das intenções dos sujeitos. Os dizeres não são, como dissemos, apenas mensagens a serem decodificadas. São efeitos de sentidos que são produzidos em condições determinadas e que estão de alguma forma presentes no modo como se diz, deixando vestígios que o analista de discurso tem de apreender. São pistas que ele aprende a seguir para compreender os sentidos aí produzidos, pondo em relação o dizer com sua exterioridade, suas condições de produção. Esses sentidos têm a ver com o que é dito ali, mas também em outros lugares, assim como o que não é dito, e com o que poderia ser dito e não foi (ORLANDI, 2005).

No caso dos media existem dois pontos: a produção e a recepção. Nesse primeiro, é onde ocorre a enunciação do discurso, ou seja, a fabricação da notícia, que será transmitida pelos media, carregada das intenções e ideologias do jornalista e da empresa de comunicação.

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