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As Redes, Instituições, Traduções

Por:   •  13/1/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.711 Palavras (7 Páginas)  •  140 Visualizações

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Redes, Instituições, Tradução

        As possibilidades das novas formas institucionais imanentes à cultura de redes, durante a última década (desde 2005), têm penetrado a organização da vida diária através das plataformas de mídia social, afetando desde as interações informais, bem como as estruturas institucionais e rotinas profissionais, propondo uma modificação profunda às formas sócio-políticas institucionais, não como plataformas neutras para todos, mas como mídias sociais que têm alterado as condições e regras sociais de interação.

        Tanto, que acções de protesto – como Primavera Árabe, os Indignados (Espanha) e Ocupe Wall Street – tem sido mantidas através das mídias digitais (internet), usando formas que vão muito para além de enviar e receber mensagens. Outro bom exemplo, é a  série de reuniões que tiveram início no outono de 2008 para coordenar as políticas de resgate financeiro que reuniu os líderes do G20. Onde quer que eles fossem reunir, eram recebidos por manifestantes. A maior destas manifestações foi organizada e patrocinada por uma série de ONGs proeminentes – entre elas estavam Oxfam, Amigos da Terra, Save the Children e World Vision – que lançaram uma campanha – Put People First (PPF). A promoção pública desta campanha utilizou tecnologias nunca antes utilizadas para permitir a participação das pessoas, fazendo contrastar esta acção de protesto com as mais familiares acções organizacionais convencionalmente associadas com os movimentos sociais (W. Lance Bennett e Alexandra Segerberg, 2012).

        Outro caso de interação activa deu-se com uma menina holandesa de dezesseis anos, que postou um convite para sua festa de anos no Facebook e acidentalmente colocou o Facebook em definição para "público", gerando enorme burburinho em plataformas de mídia social na semana anterior à festa. Quando ela percebeu o seu erro, cancelou a festa, mas isto não impediu que milhares de pessoas se organizassem on-line para participar da celebração. Nos jornais e na televisão, alguns dias antes da comemoração cancelada, foi contada a história, mas a história foi crescendo, tornando-se viral. Conclusão, na noite de 21 de setembro de 2012, a mídia começou a transmitir em directo de Haren, onde a polícia tinha barricado as ruas, enquanto os visitantes de todo o país foram lá para a comemoração cancelada. Alguns jovens estavam usando "Project X Haren" nas t-shirts, após o recente filme americano sobre um partido que cresce fora de controle. A polícia não pôde evitar os graves tumultos e na manhã seguinte, o tranquilo subúrbio de Haren tinha contados 34 feridos e milhões de dólares em danos (José van Dijck e Thomas Poell, 2013).

        Estes são exemplos das “redes organizadas” que emergem das distintas relações sociais possibilitadas pela dinâmica das mídias digitais, no interior e contra as mais amplas forças geopolíticas, devido as necessidades internas das sociedades humanas de transformação escalar, possibilitando o estabelecimento de novas formações institucionais “transinstitucionais”, entendidas e definidas sobre formas politicamente antagônicos e delimitadas não por fronteiras físicas, mas por fronteiras técnicas que possibilitam novas interações metodológicas (Ned Rossiter, 2009).

        Ambos os exemplos – THE LOGIC OF CONNECTIVE ACTION Digital media and the personalization of contentious politics (primeiro exemplo) dos autores W. Lance Bennett e Alexandra Segerberg (Fevereiro 2012) / Understanding Social Media Logic (segundo exemplo) dos autores José van Dijck e Thomas Poell (Agosto 2013) – servem aos autores para examinar as dinâmicas das organizações institucionais.

        Diante do primeiro exemplo, os autores identificam  pelo menos, duas lógicas que podem estar em acção: uma, a lógica familiar de acção colectiva associada a altos níveis de recursos organizacionais e a formação de identidades colectivas, e a outra, uma lógica menos familiarizada de acção conjuntiva baseada em compartilhamento de conteúdo personalizado através das redes de mídia (W. Lance Bennett e Alexandra Segerberg, 2012).

        Diante do segundo exemplo, os autores identificam uma lógica de mídia de massa, que ajuda a espalhar o discurso poderoso dos mídia para fora das suas fronteiras institucionais, permitindo teorizar sobre quatro princípios fundamentais – programação, popularidade, conectividade e fixação de dados – argumentando que esses princípios estão cada vez mais ligados à lógica da mídia de massa, gradualmente invadindo todas as áreas da vida pública, afectando desde notícias impressas e radiodifusão até a lei e a ordem pública e política, obrigando-nos a reavaliar a constelação das relações de poder na qual essas práticas sociais se desdobram (José van Dijck e Thomas Poell, 2013).

        Estes exemplos, nos obrigam a pensar acerca dos modos institucionalizados de conduta civilizacional existentes e, partindo destas relações segundo estas analogias referenciais, propõe-nos investigar um alargamento à tendência para ver estes campos como tecnonologias de invenção (primeiro exemplo) ou como tecnologias de controle (segundo exemplo), o que viabiliza – através de uma conceituação de natureza essencialmente política – pensar as “redes organizadas” procurando entender estas novas formas institucionais em termos de sua forma e de sua formação (Ned Rossiter, 2009).

        Relativamente ao primeiro exemplo, pensaremos estas novas interações metodológicas “transinstitucionais” como estabelecedoras de um modo de práxis social que mantém uma institucionalização em constante transformação através de uma lógica familiar de acção colectiva para formação de identidades colectivas, aliada a uma acção baseada no compartilhamento de conteúdo personalizado através das redes de mídia digitais (W. Lance Bennett e Alexandra Segerberg, 2012).

        Mas no que diz respeito ao segundo exemplo, o modelo de controle social instala-se como forma de práxis social mantendo uma institucionalização directamente ligada a uma lógica de massa que, enquanto lógica de mídia de massa, ajuda a espalhar um discurso poderoso dos mídia para fora das suas fronteiras institucionais, gradualmente invadindo todas as áreas da vida pública, afectando desde notícias impressas e radiodifusão até a lei e a ordem pública e política, obrigando-nos a reavaliar a constelação das relações de poder na qual essas práticas sociais se desdobram (José van Dijck e Thomas Poell, 2013).

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