Bibliotecas Híbridas: Organização, Produtos E Serviços

BIBLIOTECAS HÍBRIDAS: ORGANIZAÇÃO, PRODUTOS E SERVIÇOS

                                       

                                           

Luciana Teixeira Gonçalves,

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RESUMO

O presente artigo tem por objetivo apresentar um estudo acerca das bibliotecas híbridas que diante do novo cenário tecnológico mostram-se cada vez mais próximas a atender as necessidades dos usuários em razão da mudança dos suportes e do acesso aos materiais bibliográficos, e por apresentarem serviços que possibilitam a interação, implementando o acesso ao conhecimento, bem como atendendo a demanda informacional da nova era tecnológica, que é a informação no meio digital. Dentro dessa perspectiva, se pode dizer que houve uma reformulação dos produtos e serviços prestados pelas bibliotecas. Assim, a qualidade dos serviços e produtos nas unidades da informação ganhou uma nova configuração, houve uma ampliação e mudança dos espaços de armazenamento das informações, imprimindo interatividade e facilidade ao acesso, pois todo o processo que permeia a disseminação da informação ficou mais dinâmico, os textos não são mais fixos, e o conceito de biblioteca foi ampliado, assim como a prestação dos serviços de atendimento presencial e através de websites, plataformas como redes sociais e telefone, e com tais recursos, as bibliotecas viabilizam o armazenamento, o processamento e a disseminação dos documentos por ela gerenciados, além disso, promove a inclusão digital. Para tanto, o método de pesquisa utilizado é a revisão bibliográfica, tendo como estratégia de busca o descritor “Biblioteca Híbrida” na base de dados BRAPCI abarcando os artigos dos últimos cinco anos. Foi possível concluir que esse novo modelo de biblioteca vem ganhando espaço em termos de acesso à informação, ainda que existam poucos estudos a respeito dessa temática.

 

PALAVRAS-CHAVE: Biblioteca Híbrida; Organização; Produtos e Serviços.

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, com o surgimento das novas tecnologias, as bibliotecas tradicionais precisaram se adaptar para poder atender as necessidades informacionais dos usuários, uma vez que com o uso da internet foram criados os sistemas de buscas, repositórios e as bibliotecas digitais, as quais oferecem maior autonomia aos usuários em termos de produtos e serviços, promovendo, inclusive, a inclusão digital. Houve uma reestruturação das bibliotecas em razão da demanda por informações advindas dos suportes tecnológicos, do meio digital.

Dentro desse contexto, surgiram as bibliotecas híbridas as quais promovem o acesso à informação de forma interativa com o seu público, de modo que se possa compartilhar e produzir conhecimentos por meio de uma rede de compartilhamento. A biblioteca tradicional precisou ser “repaginada” tem uma nova configuração, contemplando novos serviços e produtos advindos com a era virtual.

Por esse viés, é possível inferir que as bibliotecas precisaram se adaptar a nova realidade, e a biblioteca híbrida surgida com o novo cenário tecnológico, bem como da sociedade da informação, agrega os meios impressos e digitais juntos. Logo, se tem como objetivo geral discorrer a respeito da organização, dos produtos e serviços destas bibliotecas, considerando que possuem usuários presenciais e virtuais, e ser uma biblioteca mista, evidenciando o que vem sendo publicado a respeito.

Assim sendo, no que tange a importância do tema em tela, considera-se ser de relevância para a sociedade da informação em geral por se tratar de um assunto que abarca a atividade de um profissional da informação, uma vez que o bibliotecário também precisa estar capacitado e qualificado com vistas a acompanhar as mudanças tecnológicas e, assim poder atender as necessidades informacionais e a nova adequação do mercado da ciência da informação.

Para tanto, esse estudo evidencia as mudanças trazidas com as novas tecnologias, isto é, o impacto destas nas bibliotecas através de uma revisão bibliográfica considerando os artigos científicos publicados nos últimos cinco anos.

1. BIBLIOTECA HÍBRIDA: contexto histórico e definições

        Foi na década de 90 que surgiu pela primeira vez o termo “biblioteca híbrida”. Inicialmente no Reino Unido em 1992, quando houve a separação das universidades e dos cursos politécnicos, levando ao surgimento de novas bibliotecas para a qualidade das pesquisas. Por conseguinte, essa separação serviu de base para o Joint Funding Consils’ Libraries Review Group (1993)^[1] e foi produzido o Follet Report, um relatório direcionado ao presidente da comissão, professor Brian Follet, contemplando abordagens de sistemas e redes de infraestrutura para as bibliotecas do Reino Unido, levando a popularização do termo por Chris Rusbridge (INTERNATIONAL FEDERATION OF LIBRARY ASSOCIATIONS AND INSTITUTIONS, 2002 apud SILVA; DAMIAN; CALDAS, 2020).

        Posteriormente, pesquisadores identificaram a necessidade de unir todos os tipos de recursos de informação existentes no intuito de atingir a um ambiente de informação interligado (BREAKS, 2002 apud DAMIAN; SILVA; SANTOS NETO, 2021).

        Pode-se dizer, em linhas gerais, que o conceito de “biblioteca híbrida” surge a partir de dois fatores, o primeiro de ordem cultural, da mudança advinda com o desenvolvimento tecnológico e o segundo da necessidade do sujeito compreender a importância da tecnologia e da sua aplicação, o seu desenvolvimento. A parte cultural estaria ligada aos bibliotecários e o desenvolvimento dos produtos e serviços aos gestores. Além disso, a questão da tradição de uma dada geração implica na forma cultural com que os bibliotecários irão lidar com aquilo que a nova geração de profissionais está inserida, ou seja, para um bibliotecário “ortodoxo” será um desafio incorporar as novas tecnologias         à sua rotina de trabalho.

        Nesse sentido, o do desafio tecnológico, convém destacar que a biblioteca híbrida de acordo com a autora Marília Levacov (2005) é:

Aquela que contém não apenas material impresso e magnético, mas também informação digital (em múltiplos formatos: mídias óticas on e off-line, como CD-ROMs e DVDs, terminais para acesso a catálogos, a bancos de dados e a alguns dos variados tipos de documentos digitais). Mais e mais, a maioria das bibliotecas precisa incluir, voluntariamente ou não, estes tipos de documentos em suas coleções. Tais bibliotecas podem possuir também computadores para acesso de seus usuários à Internet. Os profissionais a que lá atendem necessitam, no mínimo, adquirir algum conhecimento sobre a operação dos computadores e desenvolver estratégias para instrução destes conhecimentos a seus usuários (LEVACOV, 2005, p. 210).