Modelo de Fichamento: Salvador Minuchin
Por: Cleiton Miler • 20/3/2016 • Projeto de pesquisa • 440 Palavras (2 Páginas) • 491 Visualizações
Prefácio
Salvador Minuchin
Nascida na década de 1950, a terapia familiar parece ter surgido já inteiramente formada, das mentes de um grupo seminal de pensadores e terapeutas. Cerca de quatro décadas mais tarde, tanto a teoria quanto a prática mostram as incertezas e dúvidas que definem a maturidade. Todavia, no início – como dizem os contadores de histórias - era uma vez Gregory Bateson na Costa Oeste dos EUA, um intelectual alto, magro e bem barbeado, que via as famílias como sistemas, portadores de idéias. Na Costa leste, havia Nathan Ackerman, baixinho, barbudo, corpulento, a quintessência do curandeiro carismático, que via as famílias como um grupo de indivíduos lutando para equilibrar sentimentos, irracionalidades e desejos. Bateson, o homem das idéias, e Ackerman, o homem da paixão, complementavam-se perfeitamente. Eram o Dom Quixote e o Sancho Pança da revolução do sistema familiar.
Mesmo com toda a diversidade das décadas de 1960 e 1970, que testemunharam à nova prática clínica chamada terapia familiar assumir uma variedade de nomes - sistêmica, estratégica, estrutural, boweniana, experiencial também havia uma notável solidariedade nas crenças compartilhadas que definiam o campo. Os pioneiros estavam unidos em sua rejeição a psicanálise e abraçavam o pensamento sistêmico, por maiores que fossem suas diferenças nas técnicas terapêuticas.
A partir de meados da década de 1970, conforme a terapia familiar prosperava e se expandia, ela passou a abranger diferentes populações de clientes, com intervenções específicas para vários grupos especiais - clientes viciados em drogas, pacientes psiquiátricos hospitalizados, a população dependente da ajuda da previdência social, famílias violentas, etc. Cada uma dessas situações trazia desafios diferentes. Os terapeutas responderam a essa terapia familiar ampliada com uma série de novas abordagens, algumas das quais inclusive desafiavam a lealdade fundamental ao pensamento sistêmico.
O desafio à teoria dos sistemas (a ciência oficial da época) assumiu duas formas. Urna era puramente teórica: um desafio à suposição de que o pensamento sistêmico constituía se em uma estrutura universal, aplicável à organização e ao funcionamento de todos os coletivos humanos. Um ataque importante veio das feministas, que questionaram a ausência de conceitos de gênero e poder no pensamento sistêmico e apontaram as consequências perversas de uma teoria que não leva o gênero em consideração quando se trata da violência familiar. O outro envolvia a conexão entre teoria e prática: um desafio à imposição da teoria sistêmica como a base da prática terapêutica. As próprias técnicas que antes definiam o campo foram questionadas. lnevitavelmente, o campo começou a recuperar especificidade e a se reabrir para o exame de seus antigos tabus: o indivíduo, a vida intrapsíquica, as emoções, a biologia, o passado e o lugar particular da família na cultura e na sociedade.
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