O PAPEL DO ASSISTENTE DE DIREÇÃO NUMA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL
Por: Erick Gomes • 18/11/2015 • Artigo • 1.825 Palavras (8 Páginas) • 332 Visualizações
O PAPEL DO ASSISTENTE DE DIREÇÃO NUMA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL
Como organizar e conectar a equipe de produção e a direção¹
Erick Gomes da Silveira²
RESUMO
O assistente de direção é um membro da equipe técnica que não é muito conhecido pelos espectadores de obras cinematográficas, mas que tem papel crucial em todas as etapas de produção de um filme. Nesse artigo, além de se enfocar no primeiro nível de assistência de direção, mostrar-se-á a posição privilegiada que o assistente tem para conhecer cada uma das distintas áreas de rodagem de um filme e a importância desse profissional como conector entre a equipe de produção e a direção, para que tudo ocorra de forma organizada e dentro do prazo previsto.
PALAVRAS-CHAVE:
Assistente de direção; cinema; curta-metragem;
- INTRODUCÃO
Um filme é uma dissertação audiovisual e envolve diversas áreas do conhecimento humano. Quando analisamos uma produção cinematográfica, enxergamos o ponto de vista de quem a produziu, a sua forma de ver e representar o mundo. No entanto um filme não é produzido por uma única pessoa, e sim por uma equipe formada por diversos profissionais, cada um com uma função específica, que colaboram com todas as etapas de planejamento e produção de um trabalho audiovisual. De acordo com Aída Marques, “o filme é um produto fabricado por pessoas e máquinas. Fazer um filme é, ao mesmo tempo, fabricar um objeto e utilizá-lo como meio de expressão pessoal e propagação de ideias” (MARQUES, 2007, p. 57). Mais do que simplesmente entreter, o cinema pode servir como um recurso didático, permitindo a análise, o debate e a reflexão sobre diversas temáticas que fazem parte de uma ou várias sociedades, e por ser um produto comunicacional de grande influência, foi usado estrategicamente por certas nações na manutenção de regimes políticos. Como afirma Francisco Cesar Filho, no livro de Alex Moletta:
“Na contemporaneidade, o audiovisual corresponde à principal linguagem utilizada para informar e comunicar. Não por acaso, é também a mais adequada para nossa expressão e reflexão. O caráter estratégico que certas nações atribuem à produção de imagens em movimento comprova essa importância”. (FILHO apud MOLETTA, 2009, p. 9).
Conforme a Ancine³ (Agência Nacional de Cinema), os filmes podem ser divididos em três categorias de acordo com a sua duração: curta, média e longa metragem. Um longa possui duração superior a 70 minutos, um média-metragem possui entre 15 e 70 minutos, e um curta apresenta até 15 minutos. Em cada uma dessas categorias, principalmente em curtas-metragens, é necessário fazer um planejamento muito cuidadoso da trama em que se quer trabalhar de acordo com o tempo de duração, para não cometermos o erro de explanar longamente uma ideia superficial e pouco desenvolvida, todavia também não condensar uma longa trama. Tratando-se especificamente da classe mencionada, Alex Moletta indica que “é fundamental que a história seja contada de forma breve e impactante” (MOLETTA, 2009, p. 19), independente do gênero que se quer trabalhar. Iniciantes no mercado cinematográfico geralmente encontram no curta-metragem uma interessante porta de entrada - o que não priva nomes renomados de trabalharem com esse formato após consagrarem suas carreiras.
A primeira questão que deve ser resolvida no planejamento do primeiro filme é a definição da equipe, pois como afirma Carlos Gerbase, ''é importante que todos – os que estão simplesmente brincando de fazer cinema e os que pretendem seguir carreira – trabalhem pelo sucesso do filme'' (GERBASE, 2012, p. 11). Lumet incentiva o primeiro filme ao dizer em seu livro: “para quem quer dirigir mas não fez ainda um primeiro filme, não há decisão a tomar. Qualquer que seja o filme, quaisquer que sejam os auspícios, quaisquer que sejam os problemas, se há uma chance de dirigir, agarre-a! Ponto final. O primeiro filme justifica-se por si mesmo, porque é o primeiro filme” (LUMET, 1998, p.17). No entanto, para que um diretor possa fazer bem o seu trabalho, se faz fundamental a presença de um ou vários assistentes de direção.
- O TRABALHO DO ASSISTENTE DE DIREÇÃO
Uma função essencial nos sets de filmagem é a do assistente de direção. Entretanto o assistente de direção possui limitações quanto ao exercício da sua função, de acordo com as necessidades do filme e o seu porte (em países sem o grau de apuração técnica e de sofisticação que o cinema norte-americano apresenta, como o Brasil, pode haver alterações em relação ao papel desempenhado pelo primeiro assistente e os demais assistentes). Em grandes filmagens, costuma-se ter, no mínimo, três profissionais atuando nessa área; no Brasil, segundo Marques, “é comum um ou dois assistentes de direção e um ou dois estagiários” (MARQUES, 2007, p.76).
Junto com o diretor, o primeiro assistente de direção é um dos primeiros colaboradores a serem contratados, ainda na etapa de pré-produção. Ligado diretamente à direção e à produção, além de grande apuro técnico e espírito de liderança, o assistente de direção precisa ter sensibilidade artística, já que é um segundo olhar do diretor. Ele deve ficar sempre atendo às atuações dos atores, ao trabalho dos figurantes, continuidade das cenas e enquadramentos das câmeras, a fim de que, mesmo que passem despercebidos pelo diretor, os possíveis erros sejam corrigidos ao passar pelo olhar minucioso do assistente. A confiança é tal que alguns diretores ampliam as funções dos seus assistentes, dando a eles o poder de opinar desde a decupagem até a atuação dos atores.
O primeiro assistente de direção é o grande eixo organizacional da equipe cinematográfica, pois ele tem sempre que estar apto a responder qualquer pergunta do diretor e demais membros da equipe, e é quem prevê e resolve possíveis problemas que poderiam atrasar a filmagem, deixando o diretor responsável exclusivamente por supervisionar e conduzir a execução das filmagens. Além disso, segundo Marques, ele possui outras funções de demasiada importância:
“Seguindo a orientação do diretor e em conjunto com o diretor de produção, redige o plano de filmagem. Ele é, ainda, responsável pela análise técnica do roteiro, documento que servirá de base a todas as ações técnicas e práticas do filme. Cabe ainda ao primeiro assistente, em parceria com a continuísta, estabelecer uma minutagem do filme”. (MARQUES, 2007, p. 72).
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