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Resenha de Historia de um Casamento

Por:   •  5/6/2020  •  Resenha  •  933 Palavras (4 Páginas)  •  529 Visualizações

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  1. História de um Casamento

                                                        Direção: Noah Baumbach

                                                        Resenha: por Gustavo Henrique Valle da Silva                                

        É um filme profundo, verossímil e cruel.

        O diretor começa o filme dando um ar de esperança de que isso realmente seja um casamento que dará certo, mas ele logo revela a verdade. O início já é fatal - já contando o final: ambos se divorciam. Fato curioso pois o diretor já mostra ao público sobre o que ele irá falar e não é a história de um casamento, é a história de como ele termina e do porquê ela termina.         O filme tenta trazer uma opinião imparcial sobre o divórcio. Retrata a jornada em que Nicole e Charlie se encontram e como chegaram a esse ponto.

        Nicole e Charlie decidem se divorciar depois de anos de uma relação desgastante e infeliz e decidem não envolver advogados no assunto. Porém, Nicole acaba sendo seduzida pela advogada Nora Fanshaw e isso resulta em diversos conflitos entre o casal, principalmente pela custódia do filho do ex-casal - Henry Barber. Charlie de início procura um advogado pacifista e ao ser também seduzido por um advogado mais preparado para uma guerra de divórcio, Jay Marotta, começa um longo e desgastante processo de divórcio.

        O ápice do que o diretor quis passar ocorre nos últimos quinze minutos de filme, quando Charlie chega na casa onde Nicole e seu namorado moram. Não há clima de rancor, mágoa e ódio em relação a nenhum dos presentes e o filho Henry está lendo a carta que Nicole fez para Charlie dizendo sobre suas qualidades – pedido da terapeuta no início do filme.

        “É muito competitivo, ele adora ser pai, ele ama as coisas que as outras pessoas odeiam, como birras, acordar no meio da noite. Ele gostar tanto é quase irritante, mas na verdade é bem legal. Ele se perde num mundo só dele, ele e Henry são bem parecidos nesse sentido. Ele avisa quando há comida no dente da pessoa ou no rosto sem deixar a pessoa sem graça (…).  Não esquece nenhuma piada interna. É extremamente organizado e minucioso, ele sempre sabe o que quer – diferente de mim que, às vezes, não sei. Me apaixonei dois segundos depois de vê-lo. E nunca vou deixar de amá-lo mesmo que não faça mais sentido.”

        A última cena é Charlie levando Henry para casa e Nicole o chama, abaixa, dá um tapinha em seu tênis – avisando para levantar – e amarra o sapato de Charlie. E é essa a visão que Noah claramente quis deixar no final: duas pessoas não precisam se odiar quando o relacionamento acaba, elas não devem deixar que tudo que já aconteceu seja em vão. Entre Nicole e Charlie sempre houve amor, carinho e respeito entre os dois – exceto quando Charlie é infiel, mas isso é um debate a parte. E com o fim do casamento, restou um sentimento de carinho profundo entre os dois.

        O filme, em si, apresenta diversas dificuldades pela forma com que foi feito. O assunto é pesado, carrega consigo a responsabilidade de abordar um tema que muitas pessoas vão se familiarizar ou se distanciar. Ele consegue mostrar os lados de Nicole e Charlie com sabedoria, mostrando que em certos casos não há lado certo ou errado na história – há pessoas que querem coisas diferentes naquele momento e que precisam ser maduros o suficiente para tomar decisões.

        

        Diálogos extensos e complexos entre os dois se tornam frequentes e seria muito difícil não “matar” o filme sem a atuação impecável de Scarlett Johansson e Adam Driver. Ambos se emocionaram e deram vida a personagens que foram protagonistas de uma história maior e protagonistas de sua própria história. Não há dúvida de que um divórcio é complexo – ainda mais quando a guarda de uma criança está em jogo e o filme consegue retratar que – não importa o quanto você ache que está certo, há pelo menos mais um lado na história e o seu não é mais importante.

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