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Revista Placar: Uma Análise de Suas Narrativas

Por:   •  29/3/2017  •  Ensaio  •  2.442 Palavras (10 Páginas)  •  403 Visualizações

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Universidade de São Paulo

Escola de Comunicações e Artes

Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo


Revista Placar: uma análise de suas narrativas



Narayane Fernandes Silva - nº USP 8545131





São Paulo

Junho/2015

Sumário

1. A Revista Placar – histórico e contexto atual                                        p. 3

2. Construção de Narrativas no periódico                                                p. 6

2.1. Micronarrativas e metanarrativas                                                        p. 6

2.2. Storytelling                                                                                p. 8

2.3. Jornalismo literário                                                                        p. 9

3. Conclusão                                                                                        p. 10

  1. A Revista Placar – histórico e contexto atual

        A Revista Placar é um dos mais importantes periódicos nacionais que abordam o esporte. Pertenceu à Editora Abril desde sua fundação, em 1970, até junho deste ano, quando foi vendida à Editora Caras por conta da reestruturação pela qual a Abril vem passando[1].

        A primeira edição, de 20 de março de 1970, trazia Pelé na capa e vendeu quase duzentos mil exemplares. É importante lembrar que havia uma ditadura militar em curso na época, que utilizou o futebol para mascarar as medidas do regime.

[pic 1]

Primeira edição da Placar.

        O periódico teve, desde a sua fundação, a bandeira de modernização e estruturação do futebol brasileiro. Trazia notícias semanais do futebol regional, mas também matérias mais profundas e analíticas. Ainda em 1970, houve uma série de reportagens intituladas “A Falência dos Cartolas”, fazendo críticas aos comandantes do futebol e propondo várias mudanças, dentre elas o surgimento de um campeonato nacional - o Campeonato Brasileiro foi criado em 1971. Além disso, defendeu a criação de uma segunda divisão para o Campeonato Brasileiro, em 1977, e a criação da Copa União (campeonato brasileiro de 1987, com novo regulamento) fornecendo, inclusive, o troféu para o campeão. Dessa forma, a revista demonstra seu papel engajado em fortalecer e aprimorar o futebol nacional.

[pic 2]

Matéria “A Falência dos Cartolas”, de Narciso James e Michel Laurence.

        Após a copa do mundo de 1970, as vendas do periódico caíram. O que segurava as vendas da revista era a Loteria Esportiva – uma das loterias mantida pela Caixa. A Placar publicava dicas, palpites e bolões para a jogatina. Entretanto, em outubro de 1982, foi publicada uma extensa matéria expondo a máfia que rondava a “Loteca”. Foram descobertos 125 nomes envolvidos, entre eles jogadores, dirigentes, árbitros e outras pessoas ligadas ao universo do futebol[2]. Como muitos compravam a revista justamente por conta da loteria, o periódico sofreu nas suas vendas novamente.

[pic 3]

Edição nº 648, com as denúncias da Loteca.

        Uma série de acontecimentos levou a Placar a mudar sua periodicidade de semanal para mensal. A revista não vendia muita publicidade e era caro de se produzir o material. As vendas estavam estagnadas desde 1985 e, em 1990, houve o golpe final: o fracasso da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1990 somado ao mau desempenho dos times grandes no Campeonato Paulista e da polêmica no Campeonato Carioca. Com isso, a Abril parou de investir em uma revista de futebol semanal.

        Nos anos 90, surgiram edições temáticas da revista. Durante a Copa de 1994, houve edições especiais após cada jogo da seleção brasileira. Com a conquista do tetracampeonato, as vendas subiram exponencialmente. Ao final do mundial, o periódico passou por uma grande reformulação. Nessa fase, Juca Kfouri saiu da Abril, por conta de interferências da diretoria da editora no conteúdo da revista.

        Durante a Copa de 1998, a Placar repetiu o feito do mundial anterior e lançou edições especiais, porém houve um aumento dos custos por conta da diagramação da revista ter sido feita na França, onde ocorreu o mundial daquele ano.

        Em 2001, os leitores pediram para que a revista voltasse a ser semanal, queixando-se da demora da chegada às bancas em relação às rodadas de final de semana dos campeonatos. A editora atendeu aos pedidos, porém, com dificuldades novamente, a segunda fase semanal só durou cerca de um ano. Somente em 2003 o periódico voltou a ser mensal, tendo sido assim até o momento. A tiragem atual é de 75 mil exemplares e a proposta de textos mais interpretativos nunca mudou. Em abril, houve uma edição especial para comemoração dos 45 anos da revista.

[pic 4]

Edição comemorativa dos 45 anos.

  1. Construção de narrativas no periódico

        Temos, atualmente, um cenário de sobrecarga informativa, que tem por conseqüência uma crise de experiências, memórias e narrativas. Já não conseguimos mais memorizar tudo o que chega a nós. As informações perdem seu significado e não mais se perpetuam ao longo do tempo.

        Moisés Naim fala em sua obra “O Fim do Poder” sobre a chamada Revolução do Mais. Temos mais de tudo: mais pessoas, mais países, mais estudantes, mais produtos, mais informação, mais gadgets, mais bens e serviços. Essa abundância está ligada ao empoderamento do sujeito, que agora consegue opinar, argumentar e publicar muito mais do que antigamente, mas também à efemeridade das coisas atualmente.

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