Síntese do livro linguagem e comunicação
Por: Inês Baptista • 2/12/2015 • Resenha • 982 Palavras (4 Páginas) • 560 Visualizações
Síntese crítica do texto: Limites éticos da comunicação pública in Linguagem e Comunicação, de Joana Vieira Santos
Docente Dr.ª Ana Teresa Peixinho
Discente Inês Sofia Pedro Baptista
Curso 1º ciclo de Jornalismo e Comunicação
Disciplina Discurso e Comunicação
O texto que se segue tem como objectivo a síntese do capítulo “Limites Éticos Da Comunicação Pública” (pg 232), da obra Linguagem e Comunicação de Joana Vieira Santos. Pretende-se interpretar e aprofundar os temas abordados pela autora, com base no livro de Robert Huber - Influencing through argument, de forma a inferir sobre a manipulação na comunicação pública.
O primeiro ponto deste capítulo, “Manipulação da audiência” parte do reconhecido nas páginas antecedentes - a argumentação em contexto público não é simples de classificar em termos de objetividade. A autora explicita as diversas formas de manipular através do discurso e em como certos tipos de persuasão não são éticos, apesar de eficazes e por consequência bastante utilizados. Estas formas de persuadir ou de argumentar tornam-se então “erros de lógica” (SANTOS, pg 232) - falácias que não podem ser classificadas como argumentos. Os argumentos falaciosos que toma como exemplo são ad hominem, reductio ad absurdum,o simulado uso da estrutura causa-efeito e do falso senso-comum, todos estes argumentos podem ser utilizados de forma a manipular uma audiência. Em suma, as ferramentas manipuladoras ao dispor do orador são inúmeras - um argumento só é passível de ser julgado como ético ou não-ético se houver conhecimento das intenções dos oradores, o que é muito subjectivo.
No subcapítulo seguinte aborda-se a forma de argumentação de apelo ao sentimento, o pathos de Aristóteles, muito utilizado no discurso jurídico, político e de propaganda, invoca bastante a publicidade. Deste modo obtém-se a simpatia do público através da sensibilização – joga-se com mensagens implícitas e dá-se resposta a ambições pré-existentes, mesmo que inconscientes. Ignoram-se formas de persuasão quase-lógicas e empíricas - é em suma a argumentação por motivação, tem como objectivo sensibilizar a audiência para tomar determinada acção. Este tipo de argumentação cria, na audiência, a sensação de proximidade com o orador, que tem como consequência o público relacionar-se com o seu discurso, utiliza também o sistema causa-efeito de que falámos anteriormente, dando resposta a um problema comum entre o mesmo.
Na terceira parte do texto, a autora discorre sobre o poder que existe num orador credível aos olhos do público, que combina os valores inerentes ao seu discurso, e a sua autoridade (ou a aparência de autoridade); estas noções são o fundamento de mais um conceito de Aristóteles: o ethos. Estas concepções remetem, em suma, para a argumentação com base na personalidade e credibilidade do orador - na sua autoridade científica, que se encontra subentendida na linguagem, apresentação, e até pose de quem se dirige ao público. Este tipo de argumentação é caracterizado por não existir uma necessidade de desenvolver raciocínio lógico, e é aí que se encontra o seu ponto forte – o público aceita de forma incondicional o que lhe é dito.
Por último expõe-se a utilização do poder como argumento, comum a todas as estratégias já referidas. Consiste, em resumo, na crença por parte da audiência de que o orador tem acesso a informação privilegiada, e uma posição superior à mesma. Depende do estatuto, da capacidade de recompensar, ou punir, do orador, e do seu acesso a determinados privilégios, salienta-se também que estes factores variam conforme o contexto. Conclui-se ao sobressair o papel da comunicação pública na política - dificilmente esta teria o poder e influência actuais sem a existência da Retórica, cuja mão anda bem dada à da democracia desde o século IV a.C..
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