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TCC JORNALISMO

Por:   •  15/5/2015  •  Tese  •  5.207 Palavras (21 Páginas)  •  440 Visualizações

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MANAUS REBELDE: ANÁLISE DOS PROTESTOS DE JUNHO DE 2013 NOS JORNAIS IMPRESSOS A CRÍTICA E DIÁRIO DO AMAZONAS

RESUMO

Entre junho e julho de 2013, o Brasil viveu momentos intensos de manifestações sociais. Os movimentos de Junho foram manifestações populares que aconteceram em todo o país e, inicialmente, surgiram para contestar o aumento nas tarifas de transporte público. Manaus, capital do Amazonas, também participou desses movimentos e a mídia local fez uma cobertura jornalística a respeito da temática. Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo analisar o tratamento jornalístico dado pelos jornais impressos A Crítica e Diário do Amazonas às notícias dos protestos junho de 2013 em Manaus. A seleção dos veículos se deu devido ambos terem uma tiragem significativa no Estado e também por circularem diariamente, o que favorece, de certo modo, o acompanhamento das matérias. O conceito de enquadramento jornalístico vai nortear as análises do corpus e por se pretender fazer uma análise crítica e qualitativa a cerca do objeto, o Método Dialético torna-se relevante no estudo, pois os jornais selecionados são produtos midiáticos produzidos por sujeitos que estão inseridos num meio social e tanto sofrem influências quanto transformam o meio em que vivem.  

PALAVRAS – CHAVE: Mídia; Jornalismo; Protestos Sociais; Enquadramento.

1 INTRODUÇÃO

A relação entre Movimentos Sociais (MS) e a imprensa no Brasil pode se dizer, segundo Volanin (2010), é uma relação conflituosa, pois os protestos sociais, na maioria das vezes, são apresentados pela mídia como tumulto contra a ordem estabelecida. A mídia, em geral, não se interessa por pautas que favoreçam os MS, pelo contrário, seu interesse maior é por pautas e ações factuais, o que de algum modo banaliza as ações desses movimentos.

Os cidadãos organizados buscam visibilidade junto à mídia e, muitas vezes, só conseguem espaços nos meios de comunicação por meio de atos públicos como passeatas, protestos e outras manifestações.  A partir dessa viabilidade, os MS podem colocar seus temas para a esfera pública, mas o problema é que grande parte da mídia espetaculariza as ações desses movimentos, desprezando, de certo modo, o seu teor político.

Os MS procuram mudar as interpretações dominantes sobre problemas sociais e por meio de suas ações tentam participar de forma direta da elaboração de políticas públicas e também buscam contribuir para a formação da opinião dos sujeitos sociais. Frutos das insatisfações e contradições existentes na ordem vigente, os movimentos sociais são articulações de segmentos da população que se entendem como portadores de direitos, que não são efetivos na vida prática.

Esses movimentos tendem a se organizar, institucionalizar e legitimar socialmente e a Comunicação Social faz parte desse processo. Entende-se a comunicação social como um instrumento motivador, um canal educativo capaz de provocar a mobilização social e a realizar ações concretas. Segundo Peruzzo (2002), os MS e suas pautas devem dialogar com os meios de comunicação e ter a mídia como aliada, capaz de mobilizar e provocar efeitos nos mais diferentes domínios da sociedade.

Nesse sentido, o jornalismo tem um papel significativo, pois representa não apenas um meio para dar visibilidade ao poder, mas serve também para revelar as lutas pela ampliação dos direitos do cidadão. Assim, Gentilli (2005) destaca que o jornalismo tem um papel central na vida política, pois se a liberdade de imprensa é um dos alicerces das democracias ditas liberais, o direito à informação passou a ser essencial ao aperfeiçoamento democrático, o acesso à informação pode ser considerado um “direito-meio” para a luta por justiça social.

Em Manaus existem MS, como o movimento de ocupação habitacional, movimento estudantil, movimento de mulheres, de professores, movimentos por melhorias na saúde, na educação, Movimento Passe Livre, associação de moradores, entre outros e sempre há algo a se divulgar sobre essa temática, mas como a mídia manauara noticia os MS?

Manaus, assim como diversas capitais do país, participou das manifestações sociais de junho de 2013. Os protestos de Junho, chamados por alguns autores de “Primavera Tropical”, Jornadas ou Revoltas de Junho de 2013, foram manifestações populares que aconteceram em todo o país e inicialmente surgiram para contestar o aumento nas tarifas de transporte público. Em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, Natal, Salvador, Fortaleza e Manaus, as mobilizações ganharam intenso apoio popular, principalmente após a forte repressão policial contra os protestos.

Manaus foi uma das capitais brasileira que registrou grande adesão popular, tanto que o público registrado na manifestação de 20 de junho de 2013 foi de aproximadamente 100 mil pessoas. Diante de tal fato, questiona-se como a imprensa manauara noticiou esse evento? Com o presente projeto se pretende analisar o tratamento jornalístico dado pelos jornais impressos A Crítica e Diário do Amazonas às notícias dos protestos de junho de 2013 e observar que enquadramento essas mídias adotaram para noticiar tal tema, visto que esses movimentos são instrumentos importantes para a construção de uma participação crítica e cidadã na sociedade.

Nesse contexto, a partir do tratamento dado às notícias, se pode discutir o papel cidadão das mídias impressas em Manaus, interrogando como os meios de comunicação podem ou não educar para a cidadania e refletir como se relacionam com a concepção de cidadania e mobilização popular.

Para o desenvolvimento do trabalho serão analisadas matérias veiculadas e produzidas nos jornais impressos de Manaus - A Crítica e Diário do Amazonas - no intervalo de 15 de junho a 05 de julho de 2013, período em que as mobilizações aconteceram com maior frequência. A seleção se deu devido os dois impressos serem de veiculação diária e estadual, circularem há mais de 10 anos e também por terem uma tiragem significativa no Estado.  

2 JUSTIFICATIVA

Entre junho e julho de 2013, o Brasil passou por momentos de protestos e mobilizações intensas. No início, as manifestações contestavam o aumento nas tarifas de transporte público em várias capitais do país. Em seguida, diversas cidades começaram a se mobilizar e protestar outros temas, como os gastos públicos com a Copa do Mundo de Futebol, melhorias na saúde e educação, corrupção política, entre outros. As revoltas tiveram grande repercussão nacional e internacional.  

No período em que as manifestações aconteceram, o Brasil sediava a Copa das Confederações, competição que acontece um ano antes do Mundial de Futebol e reúne os campeões continentais, o país sede e o atual campeão da Copa do Mundo. Como a competição é de repercussão internacional, se esperava que o evento ocupasse um extenso espaço na mídia nacional, mas o que ganhou destaque nos jornais impressos, telejornais, rádios e nas redes sociais no Brasil, e até no mundo, foram os protestos de Junho.

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