Uma leitura Social das representações do Brasil: fotografias de sebastião salgado em O berço da desiguadade
Por: anacarmem • 5/3/2017 • Artigo • 4.740 Palavras (19 Páginas) • 377 Visualizações
Lusocom – Federação Lusófona de Ciências da Comunicação
XI Congresso Lusocom|Universidade de Vigo (Campus de Pontevedra) Galicia – España| 11 e 12 de abril de 2014
Uma leitura social das representações do Brasil: fotografias de Sebastião Salgado em O Berço da Desigualdade
do Nascimento Silva, Ana Carmem
(Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
anacarmemjornalismo@hotmail.com
de Morais Nobre, Itamar
(Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
itanobre@gmail.com
de Azevedo Souza, Élmano Ricarte
(Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
elmanoric1@gmail.com
1. Introdução
As fotografias nos fazem viajar para longe, a lugares para os quais, talvez, nunca nos deslocaremos ou, quem sabe, não estejam mais como foram retratados. Realizamos neste trabalho uma leitura social das representações sobre o Brasil, na obra O berço da desigualdade (2009), cuja autoria é de Sebastião Salgado e de Cristovam Buarque. Analisamos o modo como os: tempo, espaço e fato sociais são narrados por meio das imagens captadas; para tal, consideramos também as experiências e concepções – dos autores da obra – subjacente nos conteúdos dos textos visuais e escritos.
O artigo trata-se de uma reflexão social sustentada pelas imagens fotográficas e seus textos complementadores. Considera-se que as fotografias fazem emergir aos olhos, as dívidas sociais que o Estado tem com as crianças, os jovens, os índios e os trabalhadores rurais. Débitos originados de um esquema capitalista explorador que se beneficia em detrimento da infância, dos semi-analfabetos, dos desprovidos de moradia e de grupos étnicos específicos. Além da pesquisa bibliográfica, para a elaborarmos esta reflexão foi necessário efetuarmos uma descrição geral da obra O berço da desigualdade, baseando-nos também no fotodocumentarismo produzido por Sebastião Salgado, nos escritos de Buarque, em Martins (2011) e Santos (2006, 2010).
2. O berço da desigualdade
O livro é composto de 192 páginas, nas quais são expostas 76 imagens fotográficas de 26 lugares do mundo, o Brasil está representado em oito dessas imagens: duas produzidas em 1990, quatro em 1996 e duas em 1998, nos seguintes locais: Movimento Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Bahia, a Zona do Cacau na Bahia e a Aldeia Macuxi de Maturuca em Roraima, não respectivamente. A produção da obra fotodocumental O berço da desigualdade foi apoiada pela Representação da UNESCO no Brasil e pelo Instituto Sangari .
O fato de receber apoio da Unesco e do Instituto Sangari, fazem das imagens publicadas em O berço da desigualdade mais do que signos de um tempo e espaço; elas passam a ter relevância social, pois representam o Brasil e o mundo, qualificando a obra como uma referência bibliográfica e um documento no âmbito social e econômico, com ênfase educacional. Além das fotografias presentes, essas instituições também legitimam essa obra fotodocumental. A seguir exibimos a reprodução do nosso referencial de estudo neste artigo:
Fonte: O berço da desigualdade (2009, p. 92-93)
Fonte: O berço da desigualdade (2009, p. 96-97)
Fonte: O berço da desigualdade (2009, p. 106-107)
Fonte: O berço da desigualdade (2009, p. 106-107)
Fonte: O berço da desigualdade (2009, p. 162-163)
Fonte: O berço da desigualdade (2009, p. 178-179)
3. mento
3. Mapeamento
Estruturamos um quadro, no intuito de fazer um mapeamento geral, com relação à quantidade de fotografias, os locais e anos em que foram produzidas, página em que estão localizadas na obra e, em seguida, tecemos uma sintética análise sobre esses dados.
QUADRO 1 – Países nos quais as fotografias foram realizadas, quantidade de imagens e posição destas na obra O berço da desigualdade
PAÍS QUANT. DE FOTOS PÁGINA (ANO DO REGISTRO FOTOGRÁFICO)
Quênia 11 (onze) p. 38-39 (1993), p. 40-41(1993), p. 90-91 (1986), p. 98-99 (1986), p. 152-153 (1986), p. 158-159 (1986), p. 160-161 (1993), p. 166-167 (1986), p. 68-69 (1986), p. 140-141 (1986), p. 64-65 (1986).
Brasil 8 (oito) p. 44-45 (1996), p. 92-93 (1990), p. 96-97 (1990), p. 106-107 (1996), p. 162-163 (1996), p. 60-61 (1996), p. 120-121 (1998), p. 178-179 (1998).
Índia 7 (sete) p. 32-33 (2003), p. 48-49 (1997), p. 84-85 (2001), p. 72-73 (2001), p. 146-147 (2001), p. 148-149 (2001), p. 104-105 (1989).
Afeganistão 7 (sete) p. 62-63 (1996), p. 66-67 (1996), p. 94-95 (1996), p. 100-101 (1996), p. 172-173 (1996), p. 154-155 (1996), p. 132-133 (1996).
Tailândia 6 (seis) p. 34-35 (1987), p. 86-87 (1987), p. 174-175 (1987), p. 74-75 (1987), p. 136-137 (1987), p. 76-77 (1987).
Paraguai 3 (três) p. 36-37 (1978), p. 88-89 (1978), p. 50-51 (1978).
Somália 3 (três) p. 46-47 (2001), p. 52-53 (2001), p. 118-119 (2001).
Angola 3 (três) p. 54-55 (1997), p. 82-83 (1997), p. 116-117 (1997).
Hong-Kong 3 (três) p. 70-71 (1995), p. 112-113 (1996), p. 78-79 (1995).
Estados Unidos 3 (três) p. 80-81 (1994), p. 150-151 (1994), p. 142-143 (1994).
Guatemala 2 (duas) p. 164-165 (1978), p. 30-31 (1978).
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