Uma nova edição dos poemas brasileiros
Por: Bia.ambrosio • 20/5/2015 • Pesquisas Acadêmicas • 784 Palavras (4 Páginas) • 303 Visualizações
uma nova edição dos poemas brasileiros.
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recordar é viver
Direto dos anos 70, amantes da poesia resolveram reinventar o evento que promete trazer novos ares aos jovens que buscam saber mais sobre poesia. Vem ai o Expoesia 2015, um evento que reunira os poetas do novo século e também um tributo a Affonso Romano de Sant’Anna, fundador do evento que reuniu mais de 600 poetas para falar da literatura brasileira, vamos conhecer um pouco desse poeta contemporâneo que reinventou o Brasil no exterior.
Cronista, administrador, poeta, jornalista, professor e teórico, Affonso Romano se destaca sempre como um pensador a frente do seu tempo, sempre ativo une a ação em seus projetos de escrita. Nasceu em Belo Horizonte, no ano de 1937. Desde dos anos 60 já está presente nos movimentos de vanguarda brasileiros, com atitudes que transformaram a poesia brasileira.
Com mais de 40 livros publicados lecionou em diversas universidades tanto no Brasil como no exterior. Com o talento reconhecido, recebeu diversos prêmios internacionais como o Ford Foundation na Alemanha.
“Às vezes, você perde vários poemas, porque sente uma frase, sente algo murmurado no seu espírito e não presta atenção porque está ocupado com os ruídos da vida. É necessário apurar o seu ouvido, ter a humildade de anotar a coisa mesmo quando ela não é muito boa” – Affonso Romano
Nos difíceis anos da Ditadura Militar, Affonso Romano mesmo diante das dificuldades impostas pelo governo, realizou conferencias que contou com a participação de diversos pensadores de nacionalidade diferentes, entre eles Michel Foucault. Ainda nos tempos da ditadura publicou poemas na página de política dos jornais, como por exemplo, “que país é este?” que foi traduzido para diversas línguas e virou símbolo da luta pela democracia no Brasil.
Realizou diversos projetos frente a presidência da biblioteca Nacional brasileira, seus trabalhos frente a biblioteca possibilitaram que o brasil fosse sede da Feira de Frankfurt em 1994.
Recentemente participou de dezenas de encontros internacionais de poesia que reúne jovens escritores de todos as partes do mundo. Com o advento da tecnologia diversos textos foram convertidos em CDs, teatros e ainda sustentam muitas teses de mestrado e doutorados elaborados no Brasil e no exterior.
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Atualmente, continua a desenvolver seus trabalhos lecionando acadêmicos e suas poesias contemporâneas.
Casado com Marina Colasanti de nacionalidade italiana, veio ao Brasil com a eclosão da grande segunda guerra. Os dois formam um time da escrita; ela também é escritora e trabalhou como jornalista traduzindo importantes textos para o português.
Essa importante figura brasileira, marcou gerações com seus poemas e com a paixão pela língua portuguesa, trouxe prestigio ao Brasil e ensinou milhares de brasileiros a amar também. Cabe a nós não deixar esse grande legado ser esquecido.
POEMA:
Que País É Este?
1
Uma coisa é um país,
outra um ajuntamento.
Uma coisa é um país,
outra um regimento.
Uma coisa é um país,
outra o confinamento.
Mas já soube datas, guerras, estátuas
usei caderno "Avante"
— e desfilei de tênis para o ditador.
Vinha de um "berço esplêndido" para um "futuro radioso"
e éramos maiores em tudo
— discursando rios e pretensão.
Uma coisa é um país,
outra um fingimento.
Uma coisa é um país,
outra um monumento.
Uma coisa é um país,
outra o aviltamento.
(...)
2
Há 500 anos caçamos índios e operários,
há 500 anos queimamos árvores e hereges,
há 500 anos estupramos livros e mulheres,
há 500 anos sugamos negras e aluguéis.
Há 500 anos dizemos:
que o futuro a Deus pertence,
que Deus nasceu na Bahia,
que São Jorge é que é guerreiro,
que do amanhã ninguém sabe,
que conosco ninguém pode,
que quem não pode sacode.
Há 500 anos somos pretos de alma branca,
não somos nada violentos,
quem espera sempre alcança
e quem não chora não mama
ou quem tem padrinho vivo
não morre nunca pagão.
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