A CONFIANÇA GENERALIZADA EM OUTRAS PESSOAS
Por: Camila Damasio • 9/3/2021 • Abstract • 947 Palavras (4 Páginas) • 180 Visualizações
A confiança generalizada em outras pessoas diz respeito às nossas crenças sobre o outro generalizado quando nenhuma informação específica existe. Nesse sentido – e por ser inerentemente social - difere da confiança política, que tende a se basear mais em avaliações concretas do desempenho do governo. Similarmente, por não ser baseada no conhecimento pessoal do confiável, confiança generalizada difere em natureza das formas “mais densas” de confiança em pessoas sobre as quais temos conhecimento prévio, como nossos colegas, amigos e família. Finalmente, a confiança generalizada difere da confiança em grupos étnicos e sociais específicos por ser de natureza mais geral e incondicional e, portanto, possui maior potencial para promover a cooperação e vários resultados desejáveis. Como Putnam (1993) discutiu em seu livro clássico Making Democracy Work, virtudes cívicas como a confiança generalizada sustentam o bom funcionamento da democracia e foi demonstrado empiricamente que sociedades com altos níveis de confiança generalizada experimentam melhor governo, tem maior crescimento econômico e são mais capazes de resolver dilemas de ação coletiva. Similarmente, a evidência em nível individual mostra que os confiáveis são mais tolerantes, mais propensos a fazer doações para instituições de caridade e mais frequentes membros de associações de interesse comum. Em suma, a confiança generalizada nos outros promove um governo democrático e outros resultados coletivos e consequentemente devemos tentar entender como ele é formado.
Um debate central na literatura em expansão sobre as causas da confiança generalizada tem sido a questão de se a confiança é principalmente um traço cultural transmitido de uma geração para outra ou antes o resultado de viver em um contexto de instituições justas e imparciais. No entanto, distinguir entre as duas explicações é difícil empiricamente, pois uma cultura de confiança em grande medida coincide com instituições justas e imparciais. Enquanto o problema característico entre o cultural e as raízes institucionais da confiança prevalecem nos estudos com foco em pessoas que cresceram e vivem atualmente no mesmo contexto, pode ser superado analisando os imigrantes que nasceram em um país diferente daquele onde vivem atualmente. Nesse caso, a cultura internalizada em idade precoce não tem relação com o contexto institucional vivido posteriormente. Esta é a logica aplicada neste artigo, que analisa os imigrantes em vários países da Europa Ocidental utilizando o European Social Survey, no qual pode ser identificado o país de origem de cada imigrante. Portanto, a principal contribuição desse artigo está em contrastar o papel do patrimônio cultural e do contexto institucional na explicação da confiança generalizada.
Pesquisas anteriores mostraram que o nível de confiança do país de origem está associado a confiança dos imigrantes ou de seus filhos e netos. Enquanto esta seja uma descoberta importante e surpreendente, outros fatores podem desempenhar um papel na confiança dos imigrantes e pesquisas anteriores mostraram que o contexto institucional é um candidato provável. Se as instituições também importam para a confiança generalizada, esperaríamos que o contexto institucional do país de destino dos imigrantes fosse importante para o seu nível de confiança nas outras pessoas. Olhando para vários países de origens diferentes, o presente estudo diverge de estudos anteriores que mantiveram o contexto institucional do país de destino. Como consequência desse desenho, existe variação no contexto institucional do país de destino, portanto é possível examinar o papel do arredor institucional na formação da confiança dos imigrantes.
- Como Putnam (1993) discutiu em seu livro clássico Making Democracy Work, virtudes cívicas como a confiança generalizada sustentam o bom funcionamento da democracia e foi demonstrado empiricamente que sociedades com altos níveis de confiança generalizada experimentam melhor governo, tem maior crescimento econômico e são mais capazes de resolver dilemas de ação coletiva.
- Pesquisas anteriores mostraram que o nível de confiança do país de origem está associado a confiança dos imigrantes ou de seus filhos e netos. Enquanto esta seja uma descoberta importante e surpreendente, outros fatores podem desempenhar um papel na confiança dos imigrantes e pesquisas anteriores mostraram que o contexto institucional é um candidato provável. Se as instituições também importam para a confiança generalizada, esperaríamos que o contexto institucional do país de destino dos imigrantes fosse importante para o seu nível de confiança nas outras pessoas. Olhando para vários países de origens diferentes, o presente estudo diverge de estudos anteriores que mantiveram o contexto institucional do país de destino. Como consequência desse desenho, existe variação no contexto institucional do país de destino, portanto é possível examinar o papel do arredor institucional na formação da confiança dos imigrantes.
- Eric Uslaner tem sido o principal defensor da perspectiva cultural da confiança é fundada cedo na vida principalmente por meio da socialização parental do otimismo e que permanece amplamente estável ao longo da vida e por gerações. Portanto, nessa perspectiva, a confiança faz parte do nosso patrimônio cultural, que é transmitido de geração em geração. Em essência, isso significa que um patrimônio cultural fundado há muito tempo ainda tem consequências profundas das pessoas até hoje.
- A conclusão foi de que se tem uma forte relação entre a confiança atual dos imigrantes e o nível de confiança em seus países de origem, mas nenhuma relação entre a confiança do país de origem dos pais dos entrevistados e a confiança atual dos entrevistados. Portanto, outros fatores parecem eliminar a influencia de longo prazo da herança cultural sobre a confiança no contexto canadense. A confiança pode a ser certo ponto ser herdada culturalmente e persistente, em alguns contextos ela está sujeita a mudanças.
- O experimento ideal seria designar aleatoriamente um grupo de indivíduos para viver em um contexto institucional especifico ao mesmo tempo que designaria outro grupo comparável para viver em um contexto social para viver em outro contexto institucional. Seria atribuída qualquer diferença na confiança generalizada após viver em diferentes contextos institucionais a diferentes experiencias institucionais.
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