A DESTRUIÇÃO DA ARTE
Por: Diogo Sampaio • 23/6/2020 • Ensaio • 1.062 Palavras (5 Páginas) • 1.522 Visualizações
A destruição da arte.
No âmbito da disciplina de Filosofia vou fazer uma reflexão sobre o tema/problema da "Destruição da arte" e a questão impõe-se: Será eticamente aceitável destruir obras de arte? A resposta a esta pergunta parece ser muito óbvia, no entanto existe vários pontos de vista para aceitar a destruição da arte. Neste ensaio em primeiro lugar irei abordar alguns exemplos de obras de arte destruídas e, para finalizar, irei dar a minha opinião sobre a possibilidade de ser eticamente aceitável destruir obras de arte, acompanhada com os argumentos em que acredito e acho mais válidos.
No momento atual, várias obras de arte estão a ser destruídas como, por exemplo, em Hatra que foi nomeada Património Mundial da UNESCO em 1985. Em 2014 um vídeo lançado pelo estado Islâmico em abril de 2015 mostrou lutadores usando marretas e armas automáticas para destruir esculturas em vários dos maiores edifícios da cidade. Ou por exemplo em Copenhaga onde uma estátua da Pequena Serei foi decapitada por duas vezes.
Há vários pontos de vista para a destruição de obras de arte, existe pessoas que encaram a arte como algo sagrado, fazendo com que a sua destruição seja completamente intolerável. Por outro lado, existe quem acredite que a arte não tem qualquer valor e deve sim ser destruída visto que por vezes apenas gera custos extra aos museus, fazendo com que os impostos do estado sejam desviados para a manutenção da arte, ou então devido a motivos de religião. Existe ainda quem ache que algumas obras têm valor e devem ser conservadas, no entanto nem todas devem ser conservadas visto que geram custos extra que podiam muito bem ser evitados, ou podem degradar a arte. Na minha opinião a tese mais correta será a última, onde algumas obras devem ser conservadas, no entanto é necessário haver controlo na quantidade de obras que existem. Tal como James O. Young disse “A preservação de más obras de arte pode ter piores consequências do que a sua distribuição” (James O. Young. 2001, página 165). Ou seja, as pequenas e más obras podem degradar ou piorar a visão das pessoas sobre a arte, pois as “más” obras não vão satisfazer quem as vê e isso faz com que as “grandes” obras de arte percam valor, visto que quem viu as “más obras” perdeu todo o interesse sobre a arte. Além disso um dos grandes problemas com que muitos museus e galerias atualmente se debatem é o do armazenamento e manutenção da incrível quantidade de obras de arte adquiridas e que raramente são exibidas ao público. Numa época em que tudo pode ser arte, os armazéns começam a ficar lotados com milhares de objetos artísticos que nenhum bem-estar geram, uma vez que dificilmente virão a ser apreciados por alguém. Isto impede muitos desses museus de investir noutras obras artisticamente mais valiosas, fazendo com que a arte não evoluía. É por estes motivos que considero a destruição da “má” arte correta, conservando assim a “boa” arte.
No entanto, existe argumentos contra a destruição de toda ou qualquer obra de arte. Um deles é o de que o artista tem direitos sobre as suas obras, independentemente do seu maior ou menor valor artístico, isto equivale a dizer que o criador de uma obra de arte nunca deixa completamente de ser proprietário da sua criação, afirmando assim que destruir obras de arte sem o consentimento dos seus criadores seria o mesmo que violar os direitos dos artistas. No entanto este argumento não pode ser totalmente aceite visto que não se pode conceder tais direitos a artistas mortos e, na maioria dos países, os direitos dos artistas acabam ao fim de algumas décadas. Outro argumento contra a destruição de qualquer obra de arte diz que é errado destruir obras de arte porque isso simplesmente nos priva de algo que contribui para o nosso bem-estar. No entanto, só poderíamos aceitar este argumento admitindo que todas as obras de arte têm o mesmo valor e, portanto, que todas contribuem do mesmo modo para o nosso bem-estar. Dado que há boas e más obras de arte, também há obras de arte que contribuem muito para o nosso bem-estar e outras que contribuem pouco, ou mesmo nada, para o nosso bem-estar, e utilizando as palavras de James O. Young que disse: “Quando a preservação de uma obra de arte deixa de satisfazer interesses humanos, pode ser destruída.” (James O. Young. 2001, página 165). Existe ainda outro argumento onde afirma que todas as obras, inclusive as “más” obras devem ser conservadas visto que podem vir a ter valor documental para as próximas gerações. Não se pode aceitar este argumento visto que, sendo assim era necessário preservar rigorosamente tudo pois tudo pode vir a ter valor documental no futuro.
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