A Etinicidade, Definições e Conceitos
Por: Carina Fernandes • 3/12/2015 • Resenha • 1.006 Palavras (5 Páginas) • 531 Visualizações
A Etinicidade, Definições e Conceitos
Majoritariamente a expressão etinicidade é empregada no sentido de categoria descritiva que trata problemas de outra natureza (integração social, assimilação dos imigrados, racismo, etc.), sendo menos utilizada como conceito sociológico explicativo de um objeto científico. Tal imprecisão gera uma discussão, que já foi exposta por Isajiw em 1974 na revista das definições. Dos 65 artigos sobre etinicidade, em grande parte sem definição explicita as melhores ainda eram vagas e heteróclitas (extravagante). A definição do autor como pertença “involuntária” não é esclarecedora, pois deixou o termo impreciso e incoerente ao decorrer dos anos seguintes.
A principal obra sobre o tema na década de 1970 – Glazer & Moynihan (1975) o trata com a vaga definição de “caráter ou qualidade de um grupo étnico”.
Há uma confusão constante entre etnicidade ao grupo étnico e etnicidade como existência dos próprios grupos étnicos.
De acordo com alguns autores, a etnicidade refere-se a um conjunto de atributos, como língua, religião ou costumes, aproximando a noção de cultura, o que a torna mais próxima da noção de raça.
Segundo Gordam ela designa vontade de formar um povo, já Connor diz que é quando este sentimento se manifesta é hora de parar de falar de etnicidade e falar em nacionalismo.
Alguns observam a etnicidade como comportamento, outros como representações ou sentimentos em relação à pertença e há também quem defina como ação e estratégia.
Burges dividiu estes aspectos nos seguintes critérios: 1) pertença de grupo; 2) identidade étnica; 3)consciência da presença e/ ou das diferenças de grupo; 4)ligações efetivas ou vínculos baseados num passado comum e putativo e nos objetivos ou interesses éticos reconhecidos; 5)vínculos elaborados ou simbolicamente diferenciados por “marcadores”. Vemos que se acentua o caráter confuso em vez de introduzir precisão.
Bonton nota que tal imprecisão e fluidez tiveram certo mérito evitando o dogmatismo e encorajando a diversidade das abordagens, e é por meio destas pluralidades que vão aos poucos se tornando mais precisos os conteúdos, divergentes, que se inserem sob o termo etnicidade.
Revisões apresentadas por diversos autores colocam em evidencia oposições como culturalismo e instrumentalismo; primordialismo e circunstancialismo e teorias do conflito étnico e teoria difusionista e teoria relativa.
Tornou-se portanto mais fácil aceitar explicações do autor conforme seu entendimento a fixar os pensamentos dos autores sobre etiquetas redutoras que expõem de modo imperfeito a realidade do debate teórico.
A etnicidade como dado primordial, é hoje considerada ultrapassada por grande parte dos autores, porém representa um ponto de apoio, sem o qual dificultaria a elaboração de conceitos posteriores. Até nos dias de hoje, a crítica ao primordialismo é um ponto de partida, pois pede ligações étnicas baseada no caráter inefável, irracional e profundamente ressentidos dos sentimentos inspirados pelos autores. Atribui-se a Shils a paternidade dessa teoria, mas é em Kallen que reconhece aqueles que mesmo sem tê-la escolhido, compartilham de cultura transmitida por ancestrais comuns, fonte de ligações primárias e fundamentais. Para Shils, o homem, no seu dia a dia, age por suas ligações nos vínculos pessoais cheios de “qualidades primordiais”, essas ligações acontecem pela própria natureza do vinculo sem depender de relações efetivas.
Nas bibliografias apresentadas sobre o tema primordial na etnicidade é que para Geertz é um dado cultural, contudo ele não trata a etnicidade dos grupos étnicos, mas de modo mais geral, dos modos da lealdade concorrentes para a lealdade cívica e de suas ativações no quadro da “revolução integrativa”.
A qualidade primordial da etnicidade é uma propriedade essencial transmitida no e pelo grupo, independente das relações com os out-groups. Críticas referentes ao primordialismo aparecem de duas formas: alguns autores não querem reconhecer uma caráter específico das “ligações “ étnicas, porque os primordialistas ignoram o ambiente econômico e politico no qual os grupos e as identidades étnicas se manifestam; já outros autores a julgam de incapazes de dar conta dessa especificidade.
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