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A Formação Do Espírito Científico: Contribuição Para Uma Psicanálise Do Conhecimento

Por:   •  7/2/2024  •  Resenha  •  1.419 Palavras (6 Páginas)  •  72 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO

DISCIPLINA DE PESQUISA EM COMUNICAÇÃO

PROFª. DRª. MARIA HELENA WEBER.

Síntese e formulação de questões sobre

A FORMAÇÃO DO ESPÍRITO CIENTÍFICO:

contribuição para uma psicanálise do conhecimento

de

GASTON BACHELARD

por

Lucas Rodrigues Piovesan

Maio de 2022.


Como exercício de reflexão acadêmica, este trabalho vai empreender uma síntese das principais questões apontadas por Gaston Bachelad, em seu célebre livro sobre filosofia da Ciência, “A formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento”. Procuramos sumarizar os dez obstáculos epistemológicos que Bachelard aponta como empecilhos para o desenvolvimento científico, e convertê-los em problematizações para o campo da Comunicação, com especial atenção para a temática de nosso projeto de pesquisa: a linguagem publicitária radiofônica.

Neste livro, Gaston Bachelad faz uma dura crítica a existência de concepções estabelecidas na comunidade acadêmica, no final dos anos 1930, que entende como pré-científicas, e que atualmente poderíamos traduzir pelo termo corrente de pseudocientíficas. São concepções que se pretendem, e vendem-se como, detentoras de princípios de cientificidade, mas, na verdade, esbarram e um, ou mais, dos dez obstáculos epistemológicos que o autor elenca como barreiras impeditivas para o avanço da ciência. Bachelard propõe uma autoanálise da atuação de pesquisadores e cientistas, ou, utilizando suas palavras, uma psicanálise do conhecimento, a fim de identificar, analisar e desenvolver métodos que possam combater esses obstáculos.

Para iniciar esse processo, o autor define três períodos históricos identificados com o desenvolvimento do pensamento científico. O primeiro, denominado período pré-científico, vai desde a antiguidade até o século XVIII. O segundo, período científico, do final do século XVIII até início do século XX. E, por fim, a partir de 1905 (ano em que a Teoria da Relatividade de Einstein derruba conceitos tidos como fixos), o início da era do novo espírito científico.

Além desta periodização, Bachelard também estabelece três estados de desenvolvimento do espírito científico. O estado concreto, caracterizado pela satisfação com as primeiras imagens, ou primeiras análises, dos fenômenos estudados, fortemente associadas à observações diretas e conclusões baseadas em senso comum. O estado concreto-abstrato, quando começa a realizar abstrações que dão conta, de um modo primordial, a alguma teorização, mesmo que ainda fortemente associadas com uma intuição sensível. E o estado abstrato quando o cientista consegue reunir e trabalhar com informações desligadas da experiência imediata, e da intuição do espaço real, para conseguir formular teorizações que vão além do senso comum e das impressões pessoais.

Bachelard lembra que os três estados do espírito científico não estão necessariamente atrelados aos perídios históricos propostos, principalmente no sentido de que a entrada na era do novo espirito científico não significa a instantânea superação dos estados concreto e concreto-abstrato. E que essa transição depende muito mais de uma vigilância autoimposta pelo cientista, principalmente no sentido questionamentos, indagações e inquietações que fazem muito mais ao desenvolvimento da Ciência do que acomodação e convicção.

Dando continuidade, Bachelar procura delinear o que é um obstáculo epistemológico. Tentando resumir de forma muito geral, o autor propõe que eles seriam formas de pensamento que dificultariam o acesso ao conhecimento real e ao reconhecimento e a proposição de novos conceitos científicos. Eles estariam ligados à opinião, experiências pessoais e não sistemáticas, e dificuldade psicológicas que não permitem uma aproximação correta ao conhecimento.

O que é obstáculo epistemológico?

Gaston Bachelard cunhou em sua obra A formação do espírito científico (1938) a ideia do obstáculo epistemológico, que deve ser visto como uma derivação limitante de um sistema de conceitos sobre o desenvolvimento do pensamento, o que impede um modo de pensamento pré-científico de conceber a abordagem científica. Em palavras mais simples, a ideia de obstáculo epistemológico, identifica e expressa elementos psicológicos que dificultam a aprendizagem de novos conceitos para a ciência, e está presente em  pessoas sujeitas a enfrentar novas realidades, uma vez que não têm referências diretas por experiências anteriores sobre o que estamos tentando descobrir.

Em outras palavras, poderíamos dizer que o obstáculo epistemológico é um conjunto de dificuldades psicológicas que não permitem acesso correto ao conhecimento objetivo. Bachelard encontra elementos que dificultam o conhecimento adequado e real, que não permitem a própria evolução do espírito, para que ele possa passar de um estado pré-científico, influenciado pelos sentidos e feedback imediato, a um método científico com base no status científico. 

As pessoas que desejam atingir um grau de enriquecimento epistemológico, o chamado: espírito científico, devem pôr de lado experiência e hábitos de pensamento que sempre foram utilizados, típicos de todo o espírito pré-científico. Bachelard identifica esses obstáculos epistemológicos como barreiras para a formação de um espírito científico.

Obstáculos epistemológicos não estão se referindo a elementos ou fatores externos que podem estar envolvidos no processo de desenvolvimento do conhecimento científico de pessoas. Obstáculos epistemológicos encontram-se na dificuldade de captar o acontecimento ou fenômeno devido às condições psicológicas que impedem o desenvolvimento do espírito científico.

Gaston Bachelard em seu trabalho identifica 10 obstáculos epistemológicos

1)           Superar a primeira experiência: Ela é a experiência que é composta das informações percebidas e está no espírito, geralmente adquirida nos primeiros anos da vida intelectual das pessoas que, em seguida, envolvidas no desenvolvimento da ciência, e não sujeitas à algumas críticas, leva a pessoa a ficar imersa neste mar de ignorância tomando estes conhecimentos primários como verdadeiros e rejeitando as novidades que vão contra eles. O espírito científico deve ser reformado constantemente.

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