A Grandeza E A Miséria Do Homem
Ensaios: A Grandeza E A Miséria Do Homem. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: 8858 • 8/5/2013 • 2.777 Palavras (12 Páginas) • 792 Visualizações
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O homem é um grande enigma do universo. Desde muitos séculos atrás, o próprio si ocupa na tentativa de revelar-se, de descobrir-se, de desfragmentar-se para que assim, possa ele, em si, entender-se. O homem é um ser faminto por conhecimento, deseja ardentemente o saber. Logo procura conhecer tudo ao seu redor: a natureza, Deus, o homem, etc. Tudo isso só é possível por que ele sabe que possui a potencialidade do pensamento, e pela filosofia faz reflexões que iram lhe propiciar alguma apreensão das coisas.
Desde a Grécia antiga, os primeiros filósofos de ante de todo o universo sempre si deparavam, dentre outras, com a seguinte questão: o que é o homem? E ao decorrer dos séculos, cada corrente filosófica ia tecendo sua definição, cada filósofo contribuía com sua interpretação do que seria esse pequeno ser, em meio a resto do universo. Mas será ele a única grandeza existente, merecedora de toda a atenção? E o que é o homem com relação ao restante do universo? Será esse superior a aquele? O que diferencia o homem do restante do universo? E este aceita sua condição em meio ao restante do universo? O homem tem consciência do que ele é em si e de suas potencialidades e também seus defeitos?
Perante tais questionamentos, um filósofo participante da corrente moderna, possui interessante reflexão sobre o assunto. Blaise Pascal vê o homem como um ser de excelência, mas também mísero, bem como que o homem fosse uma moeda que possui lados de valores distintos, a partir de que, um dos lados é de misero valor enquanto o outro o faz o ser, mais valioso. Logo ao decorrer deste presente trabalho, será exposta a visão antropológica pascaliana, do que seria segundo este: a grandeza e a miséria do homem.
1. A MISÉRIA E A GRANDEZA DO HOMEM
1.1 A pequenez
Pascal considera o homem como objeto central de reflexão para a filosofia, assim como também Montaigne, em sua visão antológica. Logo o homem deve buscar uma reflexão lógica onde ele precisa estar como primeira temática a ser pensada. Portanto, “é preciso conhecer-se a si mesmo; se isso não servisse para encontrar a verdade, serviria ao menos para regular a vida, e não nada há nada mais justo”. (PENSAMENTOS, p.54). E a partir daqui se começa a antropologia de
Pascal, que tem como pontos chave: A grandeza e a miséria do homem.
Pascal em seus escritos demonstra ver o homem, primeiramente como um ser inútil.
Todo esse mundo visível é apenas um traço imperceptível na amplidão da natureza, que nem sequer nos é dado a conhecer mesmo de modo vago. Por mais que ampliemos as nossas concepções e as projetamos além dos espaços imagináveis, concebemos tão-somente átomos em comparação coma realidade das coisas [...] Que o homem, voltado para si próprio, considere e que é diante do que existe; que se encare como um ser extraviado neste canto afastado da natureza, e que, da pequena cela onde se acha peso, isto é, do universo, aprenda a avaliar em seu valor exato a terra, os reinos, as cidades e ele próprio. Que é o homem dentro do infinito? (PENSAMENTOS, 1973, p. 55).
A pequenez do homem esta na sua insignificância com relação ao restante do universo que lhe cerca, o quanto ele é minúsculo e sem valor si comparado a sua participação no universo. Por isso, com relação à grandeza física, Pascal diz que não é necessário que o universo todo se volte contra o homem, pois bastaria somente uma simples gota de água, ou uma simples bactéria para eliminá-lo, demonstrando assim sua fragilidade com relação ao poder que o universo contém. Destarte Pascal define: “O homem nada mais é do que um caniço pensante. Não é necessário que o universo todo se arme para esmagá-lo: um vapor o uma gota d´agua bastam para matá-lo”.
O homem de acordo Pascal possui alguns sinais que lhe apontam sua miséria sendo que estes possuem dois elementos de verdade: “a razão e os sentidos; mas, como já sabemos tanto uma como os outros ‘ não somente carecem de sinceridade, mas também se enganam mutuamente’.” (HISTORIA DA FILOSOFIA; DO HUMANISMO A KANT, v.2, p.617.). Assim, Reale (1990) afirma que, se deixarmos as ciências e nos colocarmos de ante do nosso comportamento moral, a miséria do homem apareceria com toda evidência e que seria impossível negá-la.
Evidências estas em que Pascal aponta-lhe sendo uma delas à imaginação do homem dando-lhe-a o caráter de enganadora, a qual disfarça o falso inserindo-o características de verdade. “É essa a parte enganadora do homem, essa senhora de erros e falsidades [...] sendo o mais das vezes falsa, não dá nenhuma marca de sua qualidade, emprestando o mesmo caráter ao verdadeiro e ao falso” (PENSAMENTOS, p. 62).
‘ Nos não estamos contentes com a vida temos em nós e em nosso próprio ser. Queremos viver uma vida imaginaria no conceito dos outros e por isso nos esforçamos por aparecer. Ficamos continuamente estudando como embelezar e conservar o nosso ser imaginário- e esquecemos do verdadeiro’(HISTORIA DA FILOSOFIA; do humanismo a Kant, 1990, p. 617).
Segundo Pascal (1973) o amor-próprio que o homem possui é mais um dos fatores que demonstram a miséria do homem.
É sem duvida, um mal ter tantos defeitos; mas é ainda um mal maior estar cheio deles e não querer reconhecê-los, pois é ajuntar-lhes ainda o de uma ilusão voluntaria. Não queremos que os outros nos enganem; não achamos justo que queiram ser estimados por nós mais do que merecem; não é, portanto, justo também que os enganemos e queiramos que nos estimem mais do que merecemos (PENSAMENTOS, 1973, p. 68).
E completa afirmando o quanto este amor mascara a verdade de nossos defeitos, no qual deveríamos enfrentar.
Há diferentes graus nessa aversão à verdade; mas pode-se dizer que até certo ponto ela existe em todos, porque é inseparável do amor-próprio. Assim, essa falsa delicadeza é que obriga os que têm necessidade de repreender os outros a escolher tantos rodeios e manejos para feri-los. Precisam diminuir os nossos defeitos, fingir desculpá-los, misturar louvores e testemunhos de afeição e estima (PENSAMENTOS, 1973, p. 69).
Pascal conclui parcialmente a partir da relação do homem com seus amigos e inimigos, afirmando que somente nossos inimigos nos demonstraram quem na verdade somos, apontando nossos erros e defeitos, enquanto
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